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Mostrando postagens de março, 2019

A Discussão sobre o Aborto

Por: Júlio César Anjos Um texto abordado pela perspectiva utilitarista. *** Para os utilitaristas, o aborto é um assunto complexo, sensível e espinhoso, pois, para tal corrente filosófica, há de saber quando o embrião vira vida. Porque, a partir do momento que começa a vida, este outro ser ganha defesa social de Princípio do Dano, da busca pelo prazer e fuga da dor, e da comiseração. E há também a responsabilização consequencialista em tirar a vida de um indefeso, por causa dessa dúvida em saber quando há vida e quando não há. O espermatozoide é considerado vida ou é vida só aos nove meses de gestação? Complicado. Não tem como saber. Então, pela percepção utilitarista, o tema aborto requer debate. Mas há um grupo mais interessado ainda que os utilitaristas na questão de aborto que são os religiosos. Desde argumento como direito à propriedade privada da vida concebida até o tal “assassinato de bebês”, os religiosos, diariamente, convencem a população que realmente a vida

Articulação Política e o Raciocínio Bolsonaro

Por: Júlio César Anjos Articulação. A melhor explicação para essa palavra vem da junção de duas partes para fazer um movimento de uma ação. Sejam ossos, eixos, ou pistões, o fato é que o sistema se sujeita como um mecanismo para fazer locomoção. Na política, diz-se enganosamente que articulação é sinônima de barganha, negociação, “toma lá, dá cá”, interesses mútuos e etc. O que se traduz, erroneamente, como sendo corrupção. Mas a verdade é que, seja para um objeto mecânico ou uma ação politica, articulação é a sinergia de dois ou mais objetos criando uma movimentação de uma ação. Quando a articulação é positiva, há aquilo que é chamado de harmonia, sintonia, trabalho mútuo, a boa fruição. O mecanismo opera tranquilamente, sem solavancos nem percalços, o que faz a ação gerar boas energias. Isso serve também tanto para um carro quanto para os poderes do Estado. E quando a articulação é negativa, há aquilo que é chamado de desarmonia, desagregação, destruição. O mecanismo opera

Eutanásia

Por: Júlio César Anjos Como falar da morte assistida sem parecer insensível? É um tema realmente complexo, em que qualquer utilização de expressão inadequada pode gerar interpretação errada. Mas a eutanásia tem que ser debatida. Até porque muita gente tem uma percepção errada de tal prática, por ser erroneamente compreendida, pelos cristãos, como um assassinato - no sentido de que só Deus pode tirar uma vida. E é justamente neste sentido que é preciso esclarecer para saber que a lógica não é bem essa que se apresenta. Antes de falar da morte é preciso falar da vida.  A evolução tecnológica está a proporcionar mais avanços para a longevidade de um modo que o homem primitivo jamais conceberia. Remédios, intervenções cirúrgicas, tratamentos e acompanhamentos fazem o ser humano que pode obter acesso pela condição financeira, e com isso possa obter plena qualidade de vida, tenha condições para abreviar a morte, desde que a doença ou o infortúnio não seja irreversível [como câncer

Lobotomia na Alma

Por: Valentina De Botas Rosselli O juiz Fernando Fischer, em seu despacho-panfleto que permitiu a prisão de Beto Richa, afirmou que "os pressupostos para a prisão NÃO estão presente, mas é preciso vencer a jurisprudência ” e “ dar uma satisfação à sociedade ”. Isso é legislar. Quem aplaude essa porcaria terá de engoli-la quando Barroso legislar a favor do aborto em qualquer idade gestacional e em qualquer circunstância. Terá de engolir se o STF rever a prisão em 2a. instância. Terá de engolir se a homofobia for equiparada ao racismo. Terá de engolir quando recorrer à justiça para fazer valer um contrato e o juiz resolver que você tem de servir de objeto para dar uma satisfação à sociedade. Esse Direito achado nas ruas, nas redes sociais ou no esgoto – o que dá no mesmo –, que mina o estado de direito, vai nos levar para o inferno guiados por esses funcionários públicos com aposentadoria integral, esses parlamentares oportunistas, esses regentes da nossa indignaç

O Império de Sadim

Por: Júlio César Anjos Engana-se quem acha que - só porque tudo o que Sadim toca gera desgraça, ao contrário de Midas, que tudo que toca floresce – Sadim seja fraco por causa deste poder. Sadim sabe controlar a sua força e agora tem um império para administrar. E quanto a Midas? Ele não existe mais. Porque o toque de Sadim é poderoso demais. Sadim, para não tocar em seu povo, e causar aniquilação, criou uma manopla artificial chamada: “ mão invisível do mercado ”, em que contém a tecnologia ilusória chamada sistema capitalista . O povo que vive no império de Sadim acha que a sua riqueza provém deste mecanismo, embora o fato seja que o seu bem-estar é sustentado por meio de sistema colonial. Sadim ameaça as colônias tocá-las, caso não se dê o que o império quer amealhar. O poder mágico de Sadim é fazer do mundo um sistema neo-feudal. Sadim, cujo aquele que se lê Midas de trás pra frente, já domina o mundo por um grande período de tempo por causa das suas habilidades de co

Como as Democracias Morrem: Captura de Árbitros

Por: Júlio César Anjos A maior regra de ouro da democracia, talvez, seja a busca pelo equilíbrio de forças, pois, a obviedade diz que a concentração de poder acaba com a soberania popular. Deste modo, a extrema-direita, embora ainda sem o legislativo, conseguiu tomar de assalto até a cadeira presidencial com o apoio de militares, da operação lava-jato, empresários em conluio com o Estado, todos estes que não mediram esforços para alçar um miliciano corrupto no topo político. Não obstante, para a direita tomar o poder de vez terá que fazer a maior e melhor jogada política que se conhece: a captura de árbitros. Deste modo, ao controlar tudo, quando forças contrárias e o povão reclamarem de hostilidades, não haverá a quem recorrer. É salutar, porém, lembrar-se da frase de efeito que este blog sempre diz: “Não dê mais poder pra quem já tem”. Enfim, a tal da “lava-toga”, é, na verdade, o fim da democracia porque a ditadura é o resultante do desiquilíbrio de forças atuantes na política

Sumidouro dos Desvalidos

Por: Júlio César Anjos Pedro A boa noticia é que parou aquela incessante dor de dente que Pedro estava sofrendo sem parar. Caiu o último incisivo que fazia a resistência de perdurar em sua boca, cuja se materializava somente em sofrimento e que não tinha mais serventia para nada. Não há dor naquilo que não se tem. É preciso ter para doer. O dente? Não. Serve também pra qualquer coisa que o valha. Mesmo banguela, o homem estava, por um breve momento, radiante: uma dor a menos para suportar.   Para quem não tem nada, isso é algo muito significativo. Então, fez o que mais sabe fazer, beber para comemorar. Pedro tinha mais coisas que o fazia lembrar, e por isso doía, o que o tempo fez questão de anestesiar. Idoso, o maltrapilho não viveu sempre na rua, pois, tinha emprego, família e um abrigo para chamar de lar. Bom contador, pai ausente, e sempre presente estava um copo ou uma garrafa de bebida alcoólica nas mãos. A sua íntima - e personalíssima - tristeza era represada p