Por: Júlio César Anjos
No
filme Constantine, o protagonista homônimo interpretado pelo Keanu Reeves dá um
soco no anjo Gabriel, cujo tinha caído ao perder os poderes ao tornar-se
mortal. Constantine finaliza com a seguinte explanação: “Isso se chama dor.
Acostume-se”. A lógica é simples, anjos possuem poderes e não sentem dor. Após
perderem o poder, ao sentirem dor pela primeira vez, eles entendem a aflição
dos pobres humanos mortais. Foi essa a lição que o filme quis passar. E é
exatamente isto o que está acontecendo com o Sergio Moro. Um anjo caído que, ao
perder os poderes, agora sente dor. E a política bate sem parar.
Assim
como em forma de brincadeira um homem afina a voz para imitar uma mulher, o
Sergio Moro entona a voz para esconder a verdadeira essência: emitir som de
marreco. Toda vez que tem que abrir a boca é um fardo, tem que forçar algo que
não é natural, ao tentar gerar artificialmente uma sonora normal. Para
continuar figura pública, virou escravo da oração. Então o juiz tem que
interpretar dia após dia uma personagem que não é. E aqui não se trata somente
da voz, mas também da postura de homem firme, que encara qualquer desafio,
diante qualquer situação.
Ciro Gomes chama Sergio Moro para um debate e todos que acreditam que o juiz da
lava-jato seja valente e encare qualquer dificuldade, na primeira oportunidade
torna-se um fujão. Quer ficar protegido no seu casulo, na sua bolha
lava-jatista que já tem até apelido: morismo. Diz-se preparado para a política.
Mas não faz algo que é simples e natural, para qualquer político que seja, que
é debater sobre as próprias contradições e sobre o Brasil. Fugiu também das
prévias para a terceira via porque sabe que as chances de perder são grandes.
Já começou mal porque inicia a pré-campanha tendo que fugir.
Porque
se o pseudo valente ex-juiz da lava-jato aceita o debate, tem que se explicar
sobre a suposta imoralidade em receber 22 mil reais de salário do partido
Podemos para somente ser filiado da legenda, ao mamar dinheiro público, situação
no qual os liberais, grupos que lhe apoia, são contrários a tais artifícios.
Teria também que se explicar sobre a defesa do corporativismo do judiciário,
grupo institucional que está a criar a polícia do Ministério público para
ampliar o poder, não se importando com qualquer conflito de interesses ou
insegurança jurídica que a isto possa ocorrer. Terá que se explicar sobre a
proteção dada ao Alicate da planilha da Odebrecht, o senador Alvaro Dias, cujo
já teve benefício do Alberto Yousseff, confessado em delação premiada. Parece
que quando é contra os amigos, bandido dedo duro não é levado a sério. Teria
que se explicar sobre Lula, Bolsonaro e até Deltan Dallagnol, cujo patrimônio
amealhado é incompatível com a renda. Pois é. Tanta contradição, empecilho e
problema que é o melhor é fugir dos debates mesmo. O melhor é se calar.
Sergio
Moro blinda-se debaixo de um maoísmo morista. Pessoas na internet xiitas ao
Sergio Moro, com a mesma doença política que aconteceu em 2018, quando surgiu o
bolsonarismo. Gente xexelenta, agressiva, hidrófoba que só sabe ofender, xingar
e esbravejar nas redes sociais, achando que essa defesa canina a favor do
ex-juiz da lava-jato seja algo que beneficie a sua candidatura. Tais medidas só
tornam Sergio Moro mais isolado do que já estava anteriormente. É por isso que
o marreco tenderá a ser um político populista antissistema, É inevitável diante
as circunstâncias. É o que inevitavelmente irá acontecer.
Como
já se matou a charada, Sergio Moro é um Bolsonaro 2.0. Ou a segunda via do
bolsonarismo, como bem lembrou o jornalista o Guilherme Macalossi. Neófito,
despreparado, inexperiente, populista, corporativista, ávido pelo poder e
traidor. Qualidades inerentes da direita, pois a Rosangela Moro, conhecida como
Conja, já brindou a todos com a sua sabedoria: “Sergio Moro e Bolsonaro são uma
coisa só”. Como os dois em questão estão em atritos políticos, tal seara mais
parece uma briga de gambás, como também lembrou, recentemente, o jornalista
Josias de Souza.
Portanto,
Sergio Moro não falseia somente a voz, maquila toda a sua essência. Sob a alegação
de ser um juiz forte e corajoso que prende corruptos, foge de simples debates e
prévias, para não mostrar suas debilidades. E já inicia a sua campanha com os
mesmos defeitos que fizeram o Bolsonaro ser alçado à presidência, justamente
por não ter sido escrutinado como deve ser. Como bem lembrou a sábia Conja
Lispector: “Sergio Moro e Bolsonaro são uma coisa só”. Mas Sergio Moro saiu do
judiciário pela porta dos fundos. E pela
maneira em que faz todo dia inimigos, ao não ter mais a proteção de magistrado,
assemelha-se a um anjo caído. Tornou-se um mero mortal. E se bater-lhe politicamente,
ele vai sangrar. Porque agora ele sente dor.
Este
texto tem 5 pilares [resumo para o pessoal do marketing]:
Fujão [de debates e de prévias]
22 mil do Fundão
Neofito FujiMORISMO
Maoismo Morista
Corporativismo Golpista
Obs: Eduardo Leite debateu com o Ciro Gomes. Tucano não é fujão.
Sergio Moro: Agora Sente Dor de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://efeitoorloff.blogspot.com.
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