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Posicionamentos Imaginários

 

Por: Júlio César Anjos

 

Esquerda e Direita são posicionamentos imaginários para que pessoas politicamente alienadas possam se guiar. Guiar para qual caminho? Pra qualquer lugar.

A maioria da população, em se tratando de política, é totalmente alienada. E isso não é uma ofensa gratuita, muito pelo contrário, é uma constatação factual que não há como negar. Porque as pessoas no dia a dia não possuem tempo nem ócio suficiente para engajar-se nas ocorrências sociais para conseguir ter uma ideia mais abrangente e holística a respeito da vastidão política e seus desdobramentos.

Desta forma, elas precisam se apegar na construção imaginaria daquilo que se assemelha entre distinções abstratas chamadas, pobremente, de direita e esquerda.

Porque na verdade o individuo busca esse posicionamento imaginário – seja de esquerda ou direita -, nessa bússola política maluca, para estar amparado em um lugar confortável. Quer ser de esquerda para, junto com os pares, sentir-se melhor, grandioso, dignificante. Nada mais falso e irritante quanto a essa falsa premissa. Com a tal da “direita”, a mesma coisa. Quer ser de direita porque defende valores elevados na sociedade, sendo polido, probo e magnânimo. E nada mais sórdida do que essa falsa constatação.

Aecio Neves certa feita disse: “para a direita não adianta me empurrar que eu não vou”. Para o leitor ter uma ideia, a Andrea Neves, sua irmã, foi testemunha ocular no fracassado atentado do Riocentro na época da ditadura militar, em que a bomba explodiu bem no colo de um sargento. Deste modo, fica a pergunta no ar: fazer atentado é ser de direita?

Com a esquerda a mesma coisa. A Dilma era membro de facção terrorista VAR-palmares [Vanguarda Armada Revolucionária], além de ter sido colocada no poder ao virar presidente, destruir o Brasil, ser apeada do cargo público e ainda assim muita gente quer idolatrá-la porque é simplesmente de esquerda. E, novamente fica a questão: defender terrorista é ser de esquerda?

Para a eleição de 2022, a polarização se dará entre o Lula ladrão do petrolão - o maior esquema e escândalo de corrupção no mundo – e o Bolsonaro da propina na vacina, além das rachadinhas.  

Basta estudar um pouquinho só de historia para saber que direita e esquerda, desta forma moldada em caixinha que impede qualquer tipo de reflexão, faz com que os povos aceitem qualquer tipo de propagação de desgraça sem constatação.  

O ser humano é falho e vai cometer erros. E vai fazer problemas sendo de esquerda, de direita, de centro... de Plutão. E cometendo malfeitos, a ação deste abuso mostrará que esses posicionamentos imaginários como direita e esquerda não fazem sentido porque criam uma ficção de perfeição na política que é incompatível com a extensão da realidade. Esquerda e direita não são perfeitas. Aliás, nem existem como algo concreto para que as pessoas possam se segurar.

Em muitos eixos de discussões na sociedade não se tratam de direita versus esquerda, mas em muitos casos os embates se dão na distinção entre: funciona versus não funciona, certo versus errado, e até mesmo se pode versus não pode, sobre tal assunto a ser debatido e defendido a sua implantação ou rejeição na sociedade.

Porque a loucura de esquerda e direita sobre debater tudo não tem limite. Daqui a pouco uma pessoa derruba café na camisa branca de algodão e os amigos começarão a se perguntar: derrubar café na camiseta é esquerda ou direita? Politizar tudo e gerar uma polarização sem nexo para qualquer coisa chega a ficar toxico e ridículo. E não faz sentido.

Uma das maiores buscas no Google Trends a respeito dos tucanos se dá sobre querer saber se o PSDB é esquerda ou direita. Note que não se pesquisa sobre defesa de pautas, de bandeiras e de valores. A preguiça que faz o ser comum ser alienado político não permite perder um pouco mais de tempo para saber sobre os posicionamentos dos partidos políticos no Brasil. Hoje [13/07/21], por exemplo, o PSDB não é nem esquerda nem direita, é apenas contra Lula e Bolsonaro, respectivamente, o que significa dizer que é contra esquerda e direita.  Aliás, ser contra Lula e Bolsonaro não é ser contra esquerda ou direita, é simplesmente ter bom senso.

Qualquer ativista, cientista político, agente de pressão que seja sério mesmo não cai nessa balela de esquerda e direita de antemão, criando valores elevados nestas distinções, só para que esse posicionamento imaginário faça um polimento para político medíocre, falho e cheio de defeitos para refinar seres desprezíveis para a próxima eleição.

Deste modo, fica a pergunta como lição: o leitor acha mesmo que sobraria alguma coisa em Lula e Bolsonaro caso eles não tivessem essa barreira de proteção inexistente chamada esquerda e direita? Sem essa abstração de esquerda e direita, estes dois facínoras já teriam sumido faz tempo.

Porque, pelas mesmas regras impostas ao termo, esquerda é corrupção do petrolão [o maior da história do mundo] e direita é propina na vacina [maior escândalo do Brasil].

A análise crítica mais aprofundada a respeito de esquerda e direita deveria ser feita com mais observâncias e acuidades, nas quais se destacariam em uma condição crucial: o afloramento do sentimento. As ideologias afloram os sentimentos que instigam as pulsões animais. A partir daí os seres humanos agem como animais irracionais, defendendo políticos corruptos de estimação, diante um posicionamento imaginário inexistente, nos quais são chamados de: direita e esquerda.

Portanto, quem se classifica de antemão sendo esquerda ou direita, achando que isso é um valor moral elevadíssimo, na verdade esse ser é alienado sentimentalista que, pela pulsão animal, virou animal irracional. Porque defende um posicionamento imaginário para se guiar. 

 

 

  

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