Por: Júlio César Anjos
Sobre
a polêmica do aumento de fundo público de campanha que repercutiu nos últimos
dias no Brasil, algumas considerações.
Só
há quatro formas de concorrer eleitoralmente. Por meio de:
a)
Financiamento privado,
b)
Financiamento público (eleições baratas),
c)
Financiamento público e privado,
d)
Proibição de qualquer financiamento de campanha.
Desta
forma, qual das 4 opções os bandidos gostariam de ver aplicadas para as
campanhas eleitorais? Resposta: d) proibição de qualquer financiamento de
campanha.
Porque
a partir do momento que o financiamento, tanto público quanto privado, sejam
proibidos, as pessoas de bem tendem a acatar tal medida judicial. Ou seja,
farão eleições baratíssimas. Os bandidos, não.
É
a mesma regra que se vê no direito de porte de armas. A legislação diz que é
proibido portar armas. A pessoa de bem segue a lei e não porta armas. Já o
bandido descumpre lei. Porque se cumprisse a lei, bandido não seria. Portanto,
bandido gosta de proibição de arma porque só o fato de portar já o torna mais
forte. A mesma regra vale para financiamento eleitoral.
Voltando
para a questão de financiamento de campanha, eleição barata é campo fértil para
a bandidagem inserir-se na política mediante caixa2, doações escusas e etc. Dinheiro
não contabilizado com o propósito de obter vantagem politica perante os demais
que seguem a lei. E sabendo que com eleição barata um político tem dificuldade em
se divulgar e até mesmo existir no pleito, os bandidos existirão e se exibirão
mediante caixa-2 ou qualquer outro financiamento não contabilizado do mundo do crime
para serem vistos e lembrados pelos eleitores. E os eleitores votam somente
naqueles que se conhecem. Ou seja é só juntar lé com cré.
Deste
modo, a bandidagem não podendo proibir qualquer tipo de financiamento de campanha
para obter vantagem, eles irão querer fazer com que as eleições ao menos sejam
baratas, ao convencer sobre o investimento público de campanha.
Dinheiro
público de campanha tem limitação. Nos dias atuais [15/07/21], com a aprovação
do aumento do fundo eleitoral dentro da LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias],
o valor em caixa subiu de 2 bilhões para 6 bilhões. Dinheiro, bem verdade,
retirado de saúde e educação para custear campanhas eleitorais.
Esse
aumento de 2 bilhões para 6 bilhões se deu para tentar corrigir esse problema
da eleição nacional ser baratíssima. 2 bilhões é irrisório em campanha eleitoral.
Como se sabe, o Brasil é um país continental. E cada estado da federação tem o
tamanho de extensão territorial e PIB de países espalhados pelo Globo
Terrestre. São Paulo, por exemplo, tem o PIB e população maior que Portugal.
Então, esses 6 bilhões ainda são baixos, mas corrige a distorção que seria uma
campanha eleitoral com limite de somente 2 bilhões. Agora, basta saber se o Bolsonaro
irá vetar ou decretar esse aumento de fundo eleitoral.
Deste
modo, o certo não é nem ser contra o aumento do fundo eleitoral, mas a proibição
de financiamento público de campanha para dar lugar ao financiamento privado.
Isso sim é defender recurso para saúde e educação.
Esse
aumento de financiamento público de campanha favoreceu o PT [Partido dos Trabalhadores]
em dois fatores. Primeiro, pela regra de divisão de cota, o PT será o partido
que receberá o maior valor dentre todos os partidos da política nacional.
Segundo, esse aumento de incremento de receita facilitará o PT em trazer
dinheiro de volta via caixa2 que os vermelhos possuem espalhados em paraísos
fiscais mundo afora. Pois, se o PT está rico com dinheiro público de campanha,
colocar incremento [de paraíso fiscal] a mais não será algo difícil de fazer
nem ninguém notará.
Mas
o PT votou contra o aumento de fundo público de campanha. Porém, eles vão
utilizar esse recurso. E como o leitor classe média politizado sabe muito bem,
basta não gastar o dinheiro público de campanha que esse valor retorna ao
erário público. Ou seja, basta o PT que foi contra financiamento público de
campanha não gastar esse dinheiro para que esse valor volte aos cofres públicos
[retornando para saúde e educação]. Coisa que todo mundo sabe que o PT não irá
fazer. O PT só quer que a classe média faça pose contra os seus adversários. Só
isso e nada mais.
Deste
modo, então, o melhor sistema de financiamento de campanha é realmente o
privado com legalização de lobby.
Financiamento
privado com legalização de lobby atrai empresas legais e corretas que entrarão
no meio da política para financiar de forma legal as eleições do Brasil. Tudo
declarado certinho, com regras bem estabelecidas e com interesses conhecidos
pela população. Além disso, as empresas, ao fazer o doping financeiro ao jorrar
dinheiro limpo na campanha, isto faz com que não compense inserir dinheiro sujo
na corrida eleitoral, tornando as eleições mais limpas e honestas.
O
problema da corrupção com as empreiteiras na era PT é que não havia a
legalização de lobby, mesmo havendo legalização de financiamento privado de
campanha. O resultado: empresas constituídas e legais não investiam em
campanhas, dando lugar e tornando fértil a entrada de empreiteiras corruptas a
financiar a organização criminosa chamada PT.
Agora,
note que quem está contra o aumento de financiamento público de campanha é
justamente a “terceira via” lava-jatista do Sergio Moro. E é este grupo que
facilita enormemente a volta do PT ao poder.
Teoricamente
faz sentido criticar o aumento do financiamento público de campanha. Na prática,
ao ficar compartilhando listinhas de políticos que votaram a favor do fundão,
tal condição só faz o PT – que votou contra o fundão porque pode fazer isso – nadar
de braçada, esperando vencer a eleição de 2022 no primeiro turno.
E,
por fim, como fica a última opção: o sistema híbrido de campanha, com financiamento
público e privado? Se já há financiamento privado, o financiamento público
torna-se irrelevante. O sistema híbrido, este sim, só faria jogar dinheiro
público fora.
Portanto,
já que o financiamento é o público de campanha, que o eleitor faça bom uso
desse dinheiro votando nos melhores candidatos. Porque aí esse financiamento
vira investimento, fazendo com que o governo seja bem gerido, ao justificar o
gasto com financiamento público de campanha. Caso contrário, o contribuinte
estará pagando, com dinheiro público, a volta de ladrão ao poder.
Mas
se o leitor acha que o lava-jatista irá vencer a ORCRIM do PT sem financiamento
de campanha nenhum e só na base da pose, então darei 10 dias para o
lava-jatista refletir sobre.
Em recesso. Só volto em Agosto de 2021.
Financiamento de Campanha de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://efeitoorloff.blogspot.com.
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