Por: Júlio César Anjos
Dizem
que o PSDB é “neoliberal”. Será que isso é verdade? E se for, o neoliberalismo
é um modelo melhor que o desenvolvimentismo? O leitor saberá as respostas ao acompanhar
o texto a seguir.
O
PSDB possui um tripé de sustentação ideológico criado desde a sua fundação: Liberal
Progressista; Social Democrata; e Socialista Democrático.
Liberal
Progressista é o liberal clássico. Mais voltado para a economia, esta é a
vertente de pensamento que entende que o capitalismo é o modelo ideal para uma
nação prosperar e por isso é preciso deixar o capitalismo operar para
potencializar.
Social
Democrata é a linha de pensamento que entende que o capitalismo deve operar
para prosperar, para o Estado arrecadar impostos e com isso prover as garantias
sociais. Ou seja, potencializar a economia [pelo capitalismo – individuo] para
garantir o bem-estar social [pelo socialismo - coletivo].
E
o socialista democrático é o socialista que abandonou Marx e a revolução. Pela
via democrática reformista, é esta corrente de pensamento que reforma as
imperfeições e distorções de desigualdade que o capitalismo possa gerar, pelas
reformas, ao jogar o jogo da democracia.
O tripé [Liberal Progressista, Social Democrata, Socialista Democrático] do PSDB relaciona-se com outro tripé da organização do Brasil: O Mercado; o Governo/Estado; e o Social.
O
Liberal Progressista, pelo Mercado, entende que deve haver livre iniciativa do individuo,
além de privatizações, porque o Estado é um péssimo gestor para potencializar a
economia, caso o fim seja gerar arrecadações. Deste modo, o Estado delega o mercado
para a economia e foca em conseguir administrar o país.
O
Estado, pela Social Democracia, deve ter austeridade pela responsabilidade
fiscal, regulações tanto do mercado [tripé-macroeconômico, Agências
regulatórias] quanto do Estado [teto de gastos, caso precise, agências de
fomento], com a finalidade sine qua non a fazer distribuição para o social.
E
o Social, pelo Socialismo Democrático, deve prover medidas compensatórias para
mitigar as distorções sociais provocadas pelo capitalismo, para gerar programas
sociais [como vale-gás, bolsa-escola do Fernando Henrique Cardoso (mais tarde
virou bolsa-família)], além de também prover fomentos [saúde, educação,
segurança, profissionalização e etc], tudo isso para garantir: o Estado de
bem-estar social.
Para
os tucanos, fazer a austeridade pelo Estado [pode chamar isso de estabilidade],
o crescimento [pelo meio capitalista] e a distribuição [pagamento de programas
sociais para os pobres], tudo isso sendo feito ao mesmo tempo é o funcionamento
administrativo ideal para o país.
Esse
modelo, que muitos teimam de chamar de “neoliberal”, sendo que esse modelo é
considerado óbvio, foi bem sucedido nos governos Fernando Henrique Cardoso [primeiro
e segundo mandato] e Lula [primeiro e segundo mandato].
Só
após o primeiro mandato de Dilma, com o Ministro Mantegga criando o
desenvolvimentismo de campeões nacionais, conhecido capitalismo de laços, é que
a economia brasileira degringolou de vez. Desde 2012, o Brasil não consegue ter
superávit primário [ou seja, não tem austeridade, estabilidade], não
conseguindo crescer [PIB negativo ou irrisório], não conseguindo distribuir bem
também [porque não tem espaço fiscal para isso].
Pode
notar que o Ciro Gomes, com o seu “projeto de desenvolvimento nacional”,
critica ferozmente a Dilma, mas tem lapso de esquecimento quando se trata do
Ministro Mantega, cujo foi o ministro desenvolvimentista desastroso do governo
petista.
Desde
2012, com o fracasso dos desenvolvimentistas, o Brasil sofre em manter em pé o
modelo de tripé-macroeconômico, em que não se tem superávit primário, o câmbio
não flutua [só deprecia], e a meta de inflação é sempre alta [para que a meta
seja cumprida], por causa da taxa de juros baixa e o câmbio desvalorizado
pressionando a hiperinflação mesmo sem demanda, mesmo sem consumo doméstico.
E
é lógico que o melhor modelo de desenvolvimentismo é aquele gerado sob uma
administração publica austera, que faz gerar um folego fiscal, porque esse
desenvolvimentismo coube no orçamento.
Agora,
se estabilizar com austeridade, crescer economicamente ao deixar capitalismo
florescer, e distribuir porque o capitalismo gera distorções como a desigualdade,
se isso é ser considerado “neoliberal”, então, prazer, este que vos escreve é neoliberal.
O
desenvolvimentista, que finge que o Mantega não existiu, sempre discute sobre
dívida pública e o rentismo nacional. Ora, só dá para impulsionar o
desenvolvimentismo de duas formas, diante o cenário nacional imposto hoje: por
meio de impressão de moeda sem lastro [inflação ad hoc]; ou por emissão de
títulos para se financiar por meio de dívida.
Não
parece incompatível o desenvolvimentista fiscalizar dívida pública por causa
dos rentistas, ao passo que, ao fazer campeões nacionais, o que se faz é
justamente é criar rentistas pelo desenvolvimentismo? E o mais engraçado é que
se pavoneiam como sábios e não compreendem a contradição que fazem a todo
instante. Ou até sabem, mas estão cometendo estelionato.
Portanto,
se o neoliberalismo é o tripé ideológico do PSDB [liberal progressista, social
democrata, socialista democrático] que visa ao mesmo tempo estabilizar [o
Estado pela austeridade], crescer [pelo capitalismo, o melhor modelo econômico (até
a China implantou tal modelo)] e distribuir [medidas compensatórias como programas
sociais], não há de negar que o neoliberalismo é superior ao desenvolvimentismo
– seja o do Mantegga ou o do Ciro Gomes.
***
Devolvo
a pergunta para o Ciro Gomes. Cortar de onde? E se cortar, Dá bilhão?
Porque
precisa de bilhão sobrando pra fazer desenvolvimentismo diferente do praticado
pelo Guido Mantega – do qual o Ciro Gomes tem lapso de memória e sempre anda a
esquecer.
Para
surrar o Ciro Gomes, basta trazer o desenvolvimentismo da Dilma/Mantega e o
desenvolvimentismo dos militares para a discussão. O pai da economia embusteira
some na hora.

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Baseado no trabalho disponível em https://efeitoorloff.blogspot.com.
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