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Abordagem de Espectro Centrista

Por: Júlio César Anjos

 

Água parada não move moinho assim como águas turbulentas impedem boa navegação. Há sempre de haver um ponto-ótimo para prosperar em qualquer ação. E essa constatação deriva em qualquer situação da vida, desde as pequenas relações de convivência até problemas sociais de grande proporção. É por isso que grupos de espectro centrista são fundamentais para prosperar a democracia de qualquer nação. O que seria da condução da política se não houvesse a prudência e a sofisticação? E, com isso, fica a dura lição: o centrismo é a solução.

Cachinhos Dourados ensina, em literatura de conto infantil, que o ideal é o equilíbrio. Ao invadir a casa dos 3 ursinhos, a protagonista prova três tigelas diferentes de mingau e descobre que prefere o mingau que não é nem muito quente nem muito frio, mas o que tem a temperatura certa. E ao dormir, não escolhe a cama grande, mas a cama que traz o melhor conforto. É por isso que o centrismo político é o mingau morno e a cama ideal, pois, precisa que exista a escolha racional para ser escolhido. 

No budismo, em que há o Caminho do Meio, propõe-se um caminho de moderação e distância entre a autoindulgência e o ascetismo, ou seja, manter-se equidistante entre o rigor excessivo e a excessiva permissividade. No campo da política, tal ensinamento pode ser embasado na condição de que se deve rejeitar de antemão os extremismos.

Na filosofia, a “doutrina do meio-termo” determina que as pessoas busquem o meio desejável, sem excesso tampouco falta. Essa ideia apareceu no pensamento grego, conhecido como “máximas délficas” [são 147 máximas no total], sobre a questão de controlar a raiva, ter prudência e buscar o conhecido: “nada em excesso”. No campo da política, deve haver o equilíbrio de forças dentro da democracia, para que não haja distorções, sendo que não é bom nem uma oposição muito forte nem muito fraca , além de não ser prudente haver nem um governo muito forte, por causa da tirania, nem muito fraco, por causa da anarquia.

Quanto ao sincretismo político, a ideia principal da política sincrética é assumir precipuamente posições políticas de neutralidade combinando elementos associados à esquerda e à direita para alcançar um objetivo de reconciliação. É o tão esperado consenso na política em geral. Essa tática pode gerar a Triangulação.

A triangulação política é uma estratégia que consiste no político estar acima dos entes polarizadores, buscando as melhores ideias tanto da esquerda quanto da direita, concordando e discordando dos posicionamentos extremistas, para transcender em superioridade no debate político em geral. Tal estratégia foi concretizada na reeleição do Bill Clinton. Essa triangulação, alias, gera o que é chamada de terceira via.

A Terceira Via busca uma reconciliação ao fazer uma fusão entre as pautas e bandeiras sociais da esquerda, como sendo eficientes, e as pautas e bandeiras econômicas da direita, como as mais funcionais. Quem implantou isso com maestria tanto em campanha eleitoral como em execução política ao governar foi o Tony Blair.  Alias, quando um grupo político é muito ampliado, o nome disso é o conhecido como “Big Tent”.

O grupo político Big Tent só sobrevive com uma abordagem de espectro centrista. Um grupo Big Tent é um partido: “pega tudo”, ou seja, aceita todas as causas, pautas e bandeiras dentro de si. É partido político que encoraja um amplo espectro de pontos de vista entre seus membros.  Isso se contrapõe a outros partidos que defendem uma determinada ideologia que não permite ampliação de ideias, como os casos dos agentes políticos extremistas. Para um centrista, os extremistas são iguais, o que permeia a teoria da ferradura.

A Teoria da Ferradura afirma que ao invés dos extremistas, da direita e da esquerda, estarem em extremos opostos, as suas semelhanças tornam seres iguais. Deste modo, quem na verdade é diferente aos extremistas é o centrista, pois as características de um centrista são gigantescamente diferentes que as características dos extremistas, ao fazer uma ampla análise comparativa.

E como somente os centristas são totalmente diferentes dos extremistas, e como os extremistas radicalizam contra os centristas, tal atitude pode fazer chegar ao ponto de o espectro político moderado criar os radicais de centro.

Os Radicais de Centro podem ir até as últimas consequências quando o extremismo passa dos limites e há de dar uma resposta dura quanto aos tais agentes extremados. Esse fenômeno acontece geralmente quando a democracia de um país está sendo destruída, pois os extremistas não ligam para a democracia, senão não seriam extremistas. Um exemplo de grupo paramilitar radical de centro é o grupo: “Reichsbanner Schwarz-Rot-Gold”, que lutou na República de Weimar contra os reacionários de Franz von Papen, os comunistas de Ernst Thälmann, e os nazistas de Adolf Hitler. [quem acompanha esse blog já conhece a história]

Portanto, a abordagem de espectro centrista só pode ser constituída na democracia. E democracia, como todos sabem, é coexistência pacífica, é um modo de vida. É preciso defendê-la e preservá-la daqueles que, ao fingirem democráticos por usarem movimentos de massa contra seus adversários, ameacem o poder do povo que quer pluralismo de ideias, convivência com quem pensa diferente, eleições transparentes e instituições independentes. Democracia é saber perder e saber ganhar, é entender que o extremismo, por qualquer lado que seja, não é compatível com a vivência social sadia de uma região que tem ojeriza por tirania. Ou seja, quem defende a democracia, mesmo sem saber, é centrista.

 

O centrista defende a democracia como um modo de vida.

Se o leitor concorda com tudo o que foi escrito, é bem possível que sofra da Síndrome Política de Espectro Centrista.

 



 

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