Por: Júlio César Anjos
Atenção:
se você não é de Curitiba, você talvez não irá entender algumas referências.
Viva, Aguahú! A
verdadeira Curitiba, aquela que começa no bairro Água Verde e termina no Ahú. A
única região vista pelo Greca com mais carinho. O resto é periferia. E
periferia não cabe no Aguahú. A periferia só serve pra pagar imposto e votar. Para
o curitiboca, Aguahú é o “rosto da cidade amada”; o Caximba é o c*.
Águahú,
localizada na regional matriz, é o berço do curitiboca, do lava-jatismo
golpista e da elite mimada paneleira que se indigna contra corrupção e,
enrolada, acaba elegendo o fanfarrão do Bolsonaro. O morador do Águahú ainda diz
ser moralizado, sábio e que faz voto de opinião. E como é bipolar, elege o Rafael
Greca que não se posiciona em nada, marionete roliça do Sistema salutar.
Aliás,
o MP [Ministério Público] junto com o prefeito de Curitiba criaram o programa: “minha caliça, minha vida”. Enquanto que
o “minha casa, minha vida” tem o propósito de construção, o “minha caliça,
minha vida”, do Greca e MP, tem o propósito de fazer ruinas pela cidade. Deste modo,
assim surge a constatação: poeira para o povão, área arborizada para o Águahú.
Só
para critério de curiosidade, só há três tipos de pessoas que gostam de
escombros: O aviador bombardeiro ao atingir o alvo certeiro; o empreiteiro que
faz remoção de entulho, ao ter serviço garantido; e o Rafael Greca, ao manter a
cidade em ruínas por não terminar as obras paradas que vão desde a Linha Verde
até Rua Mario Tourinho.
Também
há culpa do Ministério Público regional por haver destroços por toda a cidade.
A Rua Mario Tourinho, por exemplo, até agora o MP espera um parafuso vindo da
Holanda para deixar concluir a obra, pois, constava na licitação original o
produto e não foi entregue até agora. E o Greca é culpado porque não pode e não
quer bater de frente contra essa elite sórdida do funcionalismo caipira
curitiboca que fica toda ela lotada no Águahú.
Mas,
de tudo o que o Greca fez de errado, o pior foi o ato de criar o apartheid móvel. O projeto do ligeirão
constava na lógica do ônibus fazer o percurso de Santa Cândida até o
Pinheirinho. O ônibus, operando há 3 anos, faz o percurso Santa Cândida-Praça
do Japão. Aliás, a elite cafona da Praça do Japão teve que ganhar uma escultura
da Tomie Ohtake porque a praça viraria temporariamente um terminal de ônibus e
o morador do Águahú não queria pobre por lá. Ou seja, por 3 anos o usuário de
ônibus da parte norte da cidade teve mais privilégio em ter um equipamento
melhor e com melhores condições de estrutura do que o usurário morador da região
sul, mais pobre, que teve que se acotovelar com os ônibus básicos que operavam
na região.
E
falando em ônibus, Greca insiste na ideia obsoleta de BRT para conectar toda a
cidade. Ônibus é 4G; metrô é 5G. Se
for fazer um comparativo entre tecnologia de comunicação com a tecnologia de
transporte, o 1G é a charrete; 2G é o bondinho; 3G é o ônibus; 4G é o BRT; e 5G
é metrô subterrâneo. Por mais que o ônibus seja mais barato, mais fácil de
manutenção e todo o blábláblá, o fato é que se Curitiba quer ser uma cidade
inteligente, conectada, futurista e além do seu tempo, estruturas como metrô subterrâneo
e 5G são essenciais. Ônibus, por mais que o BRT esteja trabalhando redondinho,
ainda assim é algo obsoleto que só atrasa a cidade.
E
a mentalidade BRT como sendo algo glorioso contaminou muita gente até mesmo
moradora do Águahú. Esses dias vendo uma ilustração na internet apareceu na
tela a seguinte informação ofensiva aos paulistas: “Curitiba é melhor que São
Paulo. Mas você não está preparado para esse tipo de conversa”. Eis que este que
vos escreve pensou alto: “primeiro construa uma conexão de metrô subterrâneo.
Depois a gente conversa”.
É
questão de escolha e renúncia. Se Curitiba quer ser metrópole cosmopolita, a
solução é metrô. Se quiser parar no tempo, mantem-se confortável com o BRT. Mas
isso não é importante para o debate regional porque o morador do Águahú não
pega ônibus; e também não pegaria metrô. Então sem metrô para a periferia.
Não
obstante a tudo isso, Curitiba é considerada a “República de Curitiba”. A República de Curitiba é composta por
lava-jatistas que, em sua grande maioria, não são curitibanos de RG. O que pode
ser considerada uma justificativa para dizer que o chato curitiboca morador do
Águahú não é o mesmo povo humilde e trabalhador da periferia que engrandece a
verdadeira Curitiba – com seus defeitos e suas qualidades.
E
isso leva a outra curiosidade. Reinaldo Azevedo, certa feita, disse que
Curitiba, ao fazer um outdoor da lava-jato na entrada da cidade, comporta-se como
um país; e que o resto do Brasil teria que tirar passaporte para entrar nesta nação.
E aqui fica a sugestão: o nome desse país seria Águahú.
Portanto,
as eleições estão chegando. Rafael Greca fez coisas boas como fazer uma boa
zeladoria e colocar as contas da cidade em dia – para atender o morador do Águahú.
Porém, a sua gestão teve problemas, elencados neste texto, que devem ser debatidos
pela sociedade curitibana porque a periferia agoniza por falta de solução de
problemas básicos.
Curitiba
tem desigualdades, problema de infraestrutura, de falta de democracia por causa
do funcionalismo público de alto escalão, mazelas sociais, e erros de gestão. Já
o Aguahú é um paraíso e se quiser nem precisa ir votar.
Leitor
curitibano: você mora na periferia ou em Águahú?
Viva, Águahú!
Minha
caliça, minha vida
Apartheid
móvel
BRT
é 4G
República
de Curitiba = Águahú
Viva, Aguahú! de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://efeitoorloff.blogspot.com.
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