Por: Júlio César Anjos
De
todas as contradições, a mais surreal é com certeza a que se concretiza pela
Nação-Presídio da região asiática chamada Coreia do Norte. Nada é mais impossível
que se constitui num realizável inimaginável, que poderia ser só crível em literaturas
de distopia e ficção. A realização
política deste país contrasta com fundamentos básicos de coerência. E a concretização
da práxis sugere que a opressão pode tudo, até mesmo uma convergência de discrepâncias
antagônicas que, por escassez de lógica básica, não deveriam se misturar nem
coexistir. A Coreia do Norte pariu a anomalia da Monarquia Comunista; criou a
Casa de Kim.
Marx
viu cair as Monarquias na fatídica Primavera dos Povos – momento histórico em
que o povo se rebelou principalmente contra os monarcas –, ao começar a se
instituir, a partir dali, o conceito iluminista de Estado-Nação.
O
pensador comunista viu que o escravo/servo da monarquia virou proletário e que a
oligarquia tomou o poder dos Monarcas, fazendo que os capitalistas virassem alternativa
de poder nessa nova concepção de criação de países.
Portanto,
Marx observou que os trabalhadores seriam os novos escravos e os capitalistas os
novos Reis.
E
assim como o povão [servos e escravos] derrubaram a Monarquia, caso os
trabalhadores se unissem – trabalhadores do mundo inteiro, uni-vos! –, os proletários
poderiam destronar o sistema capitalista, criando, como cantarolava Jair
Rodrigues: “um reino que não tem Rei”.
Com
isso, os marxistas derrubariam o sistema capitalista e fariam uma sociedade
igualitária, sem opressor e oprimido, em que ninguém solta a mão de ninguém, uma
sororidade proletária, enfim, uma espécie de paraíso na Terra.
E além de tudo isso, o que o leitor tem que entender é que no marxismo a monarquia é algo superado
pelo Estado-Nação – que surge como o invólucro de proteção do sistema
capitalista [opressor]. Tanto é que no Manifesto Comunista, o Nacionalismo de Estado-Nação
é um passo atrás para conseguir aplicar o comunismo de fato.
[Até
David Harvey, em seu livro: “17 contradições e o fim do capitalismo” dá como
fim do capitalismo a lógica de inocular o nacionalismo como solução – e não a volta
da monarquia]
Além
disso, para desbancar o poderio da monarquia, Marx entendeu que a religião é o
ópio do povo, o que fazia o proletário escravizar-se porque algum “ungido”
seria escolhido para falar e fazer coisas em nome de Deus. É por isso que o
marxismo é ateu.
A
Monarquia, como se sabe, tem um pilar de sustentação que é o tal do “direito
divino dos Reis”, que significa que o Monarca é escolhido por Deus. E como esse
rei é de uma família escolhida por força divina, o poder real é passado por
linhagem sucessória, porque a família real tem sangue azul, mantendo o poder monárquico
sempre no mesmo seio familiar. Normalmente o rei passa a coroa para o filho e
assim sucessivamente. Mas não tendo filhos, pode-se passar para irmão ou alguém
da família real.
Mas
tanto a monarquia quanto o Estado-Nação possuem algo parecido em comum após
criar as câmaras legislativas, para satisfazer oligarquias. As duas
organizações aceitam que se façam eleições. A monarquia só aceita que o povo
eleja parlamentares; e o Estado-Nação da República aceita que se eleja
presidente – porque o sucessor não precisa ser filho de rei [o Estado-Nação
derrubou a monarquia].
Após
saber tudo isso, veja só a loucura que é a Coreia do Norte.
A
Coreia do Norte tem como doutrina o Marxismo, mas o seu povo trabalhador é
escravizado pelo sistema ditatorial opressor, o que é contraditório. Afinal, o
marxismo, teoricamente, é libertador – doutrina que surge após o fim das
monarquias na Europa.
A
Coreia do Norte, teoricamente faz eleição para fingir ser democrática. O Estado-Nação tem um partido único [Partido
dos Trabalhadores da Coreia do Norte], Kim Jong-l concorre sempre sozinho ao
pleito e vence a eleição sempre com 100% de votos válidos para fingir ao
mundo ser uma espécie de “primeiro-ministro” e que o país é democrático. [sim, papo de louco]
O
poder da Coreia do Norte, desde 1947, é passado por linhagem familiar de
sangue. O poder sucessório mantem-se na família até hoje, sendo que Kim Il-Sung
[pai] passou o poder para Kim Jon-Il [filho], que passou o poder para Kim Jong-Un
[neto], e que, agora, está a passar para a Kim Yo-Jong [neta e irmã do Kim
Jong-Un]. Isso é monarquia pura. Só que uma monarquia sem religião porque o
comunismo é ateu.
Portanto,
a Coreia do Norte hoje é uma Monarquia sem coroa nem religião [porque o
comunismo é ateu], uma doutrina marxista que só escraviza os trabalhadores, ao
invés de libertá-la, e um Estado-Nação que tem eleições para “presidente”, que sempre se concorre com partido único, tendo um único candidato, que sempre faz Kim ser eleito com
100% dos votos. Enfim, é a Monarquia Comunista; a Casa de Kim!
Nem George Orwell conseguiria ter criatividade para criar uma distopia dessas. Deturparam Marx!
A
realidade pode ser mais assustadora que a ficção. E a Coreia do Norte está aí
para provar isso. A Coreia do Norte é um experimento social que fracassou.
País comunista tem ou não tem humorista?
Colega, país comunista não tem nem lógica básica, quem dirá comédia ou qualquer
outra coisa que faça o seu próprio povo rir.
Quer
fugir dessa loucura? Basta não votar em partido que tenha a cor vermelha em sua
bandeira. Fácil assim.
No Oriente Médio tem a casa de Saud; Na Ásia tem a Casa de Kim.
Fontes:
Kim Jong-Um concorre sozinho e recebe 100% dos votos:
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2014/03/10/coreia-do-norte-anuncia-eleicao-com-100-dos-votos-para-kim-jong-un.htm
A irmã Kim Yo-Jong é sucessora do Kim Jong-Un:
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2020/08/20/irma-de-lider-norte-coreano-e-segunda-no-comando-diz-legislador.htm
A Monarquia Comunista. Ou: A Casa de Kim de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://efeitoorloff.blogspot.com.
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