Por:
Júlio César Anjos
Deu
no UOL (25/11/19): “Apesar
da marca, de fato, ser o maior valor nominal (valor sem correção) para o dólar
desde que o Real foi implantado, ele não leva em conta a inflação tanto no
Brasil quanto nos Estados Unidos.”
***
Esse negócio de "valor nominal" da cotação Real x Dólar é balela. Não existe.
***
Escreverei
de forma bem sucinta para que a explicação fique bem clara:
Os
especialistas do UOL, que eu não sei quem são, pegaram a inflação oficial dos
dois países [traduza isso como o índice de variação de preço na gôndola do
supermercado de cada país] para fazer o comparativo e cravar que o Real hoje
estaria defasado perante o Dólar.
O
problema é que a premissa está errada porque inflação sempre foi e sempre será
impressão de moeda sem lastro à revelia.
Porque
aumento de preço na gôndola do supermercado não é a causa, é a consequência de
inflação.
Neste
caso, de que inflação é impressão de papel-moeda, a quantidade de Dólar é
monstruosamente superior que o Real no mundo, em que pelo parâmetro
quantitativo de moeda, o Dólar era para desvalorizar perante o Real ao natural
– se as condições fossem somente essas.
Mas
o EUA consegue fazer o fenômeno de exportar inflação.
Porque
o EUA consegue espalhar Dólar no mundo todo. A maior prova disso é que o Dólar
é a moeda-padrão para negociação internacional.
Como
o Dólar é a moeda internacional, quem tiver a própria moeda supervalorizada
perante a moeda americana, sofre as consequências de o mercado doméstico perder
espaço para importados, o que faz o mercado doméstico quebrar pela importação.
Então,
os outros países do mundo, por causa do tsunami monetário praticado pelo banco
central norte-americano pós-crise de 2008 [em que o país trocou crise por dívida], são obrigados
a também aumentar a banda de impressão de moeda sem lastro à revelia [ou seja, os EUA obrigaram o mundo todo criar inflação ao mesmo tempo].
Só
que países como o Brasil trabalham com tripé-macroeconômico, em que o banco
central nacional controla o problema de descontrole de preço na gondola do
supermercado.
Então, faz sentido até certo
ponto mensurar inflação pelo preço na gôndola do supermercado no Brasil [por
causa do tripé-macroeconômico – especialmente a “meta de inflação”]; mas não
faz sentido nenhum fazer isso no EUA – porque o norte-americano exporta inflação
– e não tem meta de inflação para bater.
Porque
se todos os dólares do mundo voltassem ao país de origem, o EUA teria uma
hiperinflação pior do que da Venezuela, e o país, certamente, entraria em caos
por causa de problema monetário. Ou seja, o norte-americano perderia o
bem-estar.
Se não há como fazer
econometria neste quesito de impressão de moeda à revelia, tanto no EUA quanto
no Brasil, para gerar parâmetro verdadeiro de comparação da moeda Real x Dólar,
então, só há a grande constatação:
Esse valor, pelo o que o
mercado confessa em negociação no balcão dia-a-dia, é o número exato de
valorização do Dólar perante o Real, ou vice-versa. Portanto, o Dólar a R$ 4,21 hoje é o maior desde a criação do Plano Real, Sim!
Autoplágio
do texto publicado neste blog em 13 de Setembro de 2018 com algumas modificações
pontuais:
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