Por:
Júlio César Anjos
Deu
no UOL (13/09/18):
“O
dólar comercial fechou em alta de 1,21% nesta quinta-feira (13), cotado a R$
4,196 na venda. Com isso, o dólar atinge
um valor recorde de fechamento desde a criação do Plano Real”.
Mas
o UOL explica, de forma errada, que:
***
Escreverei
de forma bem sucinta para que a explicação fique bem clara:
Os
especialistas do UOL, que eu não sei quem são, pegaram a inflação oficial dos
dois países [traduza isso como o índice de variação de preço na gôndola do
supermercado de cada país] para fazer o comparativo e cravar que o Dólar hoje, por essas
premissas, estaria custando R$ 10,46.
O
problema é que a premissa está errada porque inflação sempre foi e sempre será
impressão de moeda sem lastro à revelia.
Porque
aumento de preço na gôndola do supermercado não é a causa, é a consequência de
inflação.
Neste
caso, de que inflação é impressão de papel-moeda, a quantidade de Dólar é monstruosamente
superior que o Real no mundo, em que pelo parâmetro quantitativo de moeda, o Dólar
era para desvalorizar perante o Real ao natural – se as condições fossem
somente essas.
Mas
o EUA consegue fazer o fenômeno de conseguir exportar inflação.
Porque
o EUA consegue espalhar Dólar no mundo todo. A maior prova disso é que o Dólar
é a moeda-padrão para negociação internacional.
Como
o Dólar é a moeda internacional, quem tiver a própria moeda supervalorizada
perante a moeda americana, sofre as consequências de o mercado doméstico perder
espaço para importados, o que faz o país quebrar pela importação.
Então,
os outros países do mundo, por causa do tsunami monetário praticado pelo banco
central norte-americano [em que o país trocou crise por dívida], são obrigados
a aumentar a banda de impressão de moeda sem lastro à revelia.
Só
que países como o Brasil trabalham com tripé-macroeconômico, em que o banco
central nacional controla o problema de descontrole de preço na gondola do
supermercado.
Então,
faz sentido até certo ponto mensurar inflação pelo preço na gôndola do
supermercado no Brasil [por causa do tripé-macroeconômico – especialmente a “meta
de inflação”]; mas não faz sentido nenhum fazer isso no EUA – porque o norte-americano
exporta inflação – e não tem meta de inflação.
Porque
se todos os dólares do mundo voltassem ao país de origem, o EUA teria uma
hiperinflação pior do que da Venezuela, e o país, certamente, entraria em caos
por causa de problema monetário. Ou seja, o norte-americano perderia o
bem-estar.
Se
não há como fazer econometria neste quesito de impressão de moeda à revelia,
tanto no EUA quanto no Brasil, para gerar parâmetro verdadeiro de comparação da
moeda Real x Dólar, então, só há a grande constatação:
Esse
valor, pelo o que o mercado confessa em negociação no balcão dia-a-dia, é o valor exato
de valorização do Dólar perante o Real, ou vice-versa. Portanto, o Dólar a R$
4,196 é o maior valor desde a criação do Plano Real, Sim!
E
que fique também o registro: O UOL tentou passar pano para Lula-Dilma por causa
deste tal de R$ 10,46 que não faz
sentido nenhum.
***
Agora
um pouco de teoria dos jogos:
O
EUA para sair da crise de 2008 trocou crise por dívida, ao fazer tsunami
monetário [dominância fiscal + investimento internacional] para manter-se como
potência mundial. Mas inflação é coisa complexa e o EUA teme o inevitável: a
inflação começar a atrapalhar o bem-estar do ianque.
Deste
modo, faz sentido o EUA criar desestabilização econômica e social no planeta
para gerar crise mundial, para que o EUA resolva esse problema de inflação, ao
ser o credor mundial, antes que o Dólar deixe de ser a moeda negociável no
mundo, ao acabar o padrão-dólar.
Neste
caso, não importa esquerda ou direita, vermelho ou azul, amigo ou inimigo do
EUA. Porque, para manter o bem-estar do EUA, o norte-americano irá
desestabilizar países até mesmo amigos como o Brasil, mesmo o presidente eleito sendo
Bolsonaro, que faz continência à bandeira americana.
Portanto,
se eu estiver certo, a Argentina é o exemplo disto, o brasileiro corre o risco
de achar que está votando em um herói e acabar elegendo um vilão.
Fonte: https://economia.uol.com.br/cotacoes/noticias/redacao/2018/09/13/dolar-bolsa-fechamento.htm
Fonte: https://economia.uol.com.br/cotacoes/noticias/redacao/2018/09/13/dolar-recorde-historico-inflacao-patamar-2002.htm
Fonte: https://economia.uol.com.br/cotacoes/noticias/redacao/2018/09/13/dolar-recorde-historico-inflacao-patamar-2002.htm
Dólar a R$ 4,196 é o maior valor desde a criação do Plano Real, Sim! de Júlio César Anjos está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
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