Transporte Público Municipal Volta ao Debate Federal
Deu na Folha de São Paulo [07/10/25]:
Abram-se aspas.
O
ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou em entrevista à Record que a
proposta de tarifa zero no transporte público deve integrar a campanha de
reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.
Segundo
Haddad, um estudo técnico sobre a viabilidade da medida está em andamento por
determinação de Lula.
Fecham-se
aspas.
Lá
pelos anos de 2017, Olavo de Carvalho criticou o candidato a presidente pelo
PSDB José Serra por ter terminado o último debate presidencial, na Rede Globo,
ao trazer o problema do preço da passagem do ônibus em uma eleição federal. Onde
já se viu trazer um problema municipal para a esfera federal?
O
problema é que o grande sábio da extrema-direita, por lapso temporal, só se
esqueceu que a maior manifestação revolucionária da história do Brasil, em
2013, ocorreu justamente por causa do preço da passagem ônibus, sendo o estopim
do maior protesto da história deste país. “Não era só por 20 centavos”, mas
também por causa do aumento de 20 centavos na passagem de ônibus que ocorreu a
revolta toda.
Este
que vos escreve faz este preâmbulo para explicar que, sim, a questão do
transporte público é um problema real do dia a dia do brasileiro e do governo
federal, portanto, faz sentido, de certo modo, colocar esta questão no debate
político e público municipal para a esfera federal.
A
partir de 2013, ano do levante popular, as prefeituras passaram a criar duas
tarifas: a tarifa técnica - que é o valor real que cada usuário deveria pagar
pela passagem - e a tarifa social – a passagem subsidiada pela prefeitura paga
pelos usuários.
Um
exemplo é Curitiba, referência mundial em transporte público. A tarifa técnica
está em R$ 10 Reais. Porém, a prefeitura cobra R$ 6 Reais do usuário. Ou seja,
40% da tarifa é subsídio para o transporte, o que faz a prefeitura de Curitiba
ter que retirar recursos de saúde, educação e segurança para subsidiar transporte.
Algumas
cidades pequenas do Brasil, por receberem alguns royalties ou benefícios externos,
conseguem até mesmo zerar a tarifa da passagem para fazer populismo com o transporte público grauito. Outras cidades pequenas falidas são obrigadas
a subsidiar a passagem porque senão a população se revolta. E as cidades
grandes absorvem o subsídio fingindo que está tudo bem. Mas não está.
O
governo federal tem preocupação com a passagem de ônibus porque é um dos preços
que pressionam a inflação, assim como a energia [combustível para veículos, gás,
luz e etc.] , roupa e o frete de transporte. Se for analisar que o transporte público é
uma espécie de frete humano, fica mais fácil entender a pressão que o aumento
de passagem de ônibus faz para aumentar inflação.
Itens
como transporte público, roupa, energia e alimento são gastos básicos para todo
mundo, mas pesam mais para o pobre. Se o pobre não tem aumento de salário
mínimo que absorva o aumento destes itens, há perda de poder de compra e a
revolta toma conta. Se o governo não aumenta salário mínimo nem valor recebido
de programas sociais, que pelo menos as despesas básicas para sobreviver não
subam também para manter um status de paz na sociedade.
O
PT poderia convencer seus adversários por pressão sindicalista ao começar as
jornadas de greves e protestos sobre preço de tarifa da passagem para emplacar o transporte público gratuito. Porém, pode
ressuscitar 2013. Muito provavelmente não irão por este caminho. Porque como diria
Mark Twain: “a história não se repete, mas rima”.
Por
fim, a questão mais importante e maquiavélica: a disputa ideológica. Retirar o
controle do transporte público da natureza municipal para a artificialidade da esfera
federal gera a centralização, o que também centraliza os impostos para pagar
este subsídio e o controle de licitação e contratos de concessão.
Ou
seja, ao invés do prefeito assinar o contrato de concessão de transporte
público, quem decidirá quem vai vencer a licitação nas cidades será o governo
federal.
No
início, pode até ser que o governo federal pague a tarifa zero para as
prefeituras sem contrapartida para implantar o transporte público grautito. Mas conforme o tempo passar, e as prefeituras descolarem
esta despesa das suas contas públicas, o governo federal começaria a chantagear
para entregar o controle de concessão do transporte em troca de continuar a
isentar o valor da passagem. Sem conseguir absorver o impacto do gasto com o
transporte zero, a cidade aceitaria entregar o poder de concessão para o
governo federal. A centralização finaliza e o poder central, pelo dirigismo do
PT, conclui com sucesso.
Após
isto acontecer, as prefeituras irão virar condados dependentes do dirigismo federal
que só o atenderá se aceitar se aliar ao poder central. Isso já acontece com
emendas do orçamento secreto, para critério de exemplo.
Por
isso que os tucanos são municipalistas. E defendem que os impostos fiquem nas
cidades para elas poderem até mesmo subsidiar ou não suas passagens. Mais
Brasil, menos Brasília.
***
Na
matéria da Folha de São Paulo, segundo os especialistas, a maior preocupação é
a questão fiscal. Ao ler este texto, o eleitor acha mesmo que o fiscal é o maior
problema? Não é.
***
O
Lula e o PT têm que resolver a questão do preço das passagens controlando a
inflação por outros meios.
Ônibus Grátis do Lula: Populista e Eleitoreiro! Não é só por 20 centavos!
Fonte:
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2025/10/haddad-diz-a-record-que-tarifa-zero-no-transporte-publico-deve-ser-bandeira-de-lula-em-2026.shtml
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: