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Dissimulados

 

Dissimulados

 


Dizem que o brasileiro ama a traição, mas odeia o traidor; também ama a dissimulação, mas odeia o dissimulado. Só que este que vos escreve ainda acha que o dissimulado é pior do que o traidor.

Na política, querendo ou não, o traidor ainda tem um pouco de valor moral. Porque ele sai de um grupo político e, sem esconder as reais intenções, vai justamente aliar-se ao inimigo. Um traidor sai do petismo e vai para o bolsonarismo mostrando que aderiu ao bolsonarismo com convicção. O que mostra que o traidor seria algo inadmissível para os petistas, mas um agente a mais a ser internalizado pelos bolsonaristas.

O traidor, às claras, se volta contra o grupo político em questão, ao mostrar a todos o que está prestes a fazer.

O traidor é um adesista claro em que se consegue enxergar.

E o dissimulado, como ele é?

O dissimulado te abandonará, mas não irá aderir o seu inimigo. Também não te confrontará diretamente. E, por parecer dócil, parecerá até mesmo alguém que se possa contar no futuro. Mas ele é dissimulado, o que é pior do que ser um traidor.

O PSDB foi por muito tempo o berço dos dissimulados. Todo mundo sabe que foi a casa dos falsos porque eles abandonaram o partido. Alckmin, Mara Gabrilli, Isalci Lucas, Raquel Lyra, dentre tantos outros, deixaram o PSDB para irem para o Centrão.

O Centrão é agora o paraíso dos dissimulados. Todo político que tem alguma relação com Lula e Bolsonaro, e não quer lutar contra a polarização, entrará para os partidos do centrão para serem dissimulados. E dentre os partidos do centrão, o psd do Kassab é o que mais possui políticos falsos.

Pegue-se a Raquel Lyra como exemplo mais recente da data em que este texto está sendo publicado [04/03/25]. A Raquel Lyra poderia muito bem sair do PSDB e aderir o PT. Afinal, ela quer o apoio do Lula para se reeleger. Mas não foi o que aconteceu. Ela saiu do PSDB e foi para o psd do Kassab para conseguir apoio do Lula. Entendeu a dissimulação?

Qualquer pessoa honesta sabe que um político que quer o apoio do Lula e os votos dos petistas, então esta pessoa deveria ser no mínimo petista.

A Raquel Lyra, aliás, primeiro traiu o eleitorado ao ganhar a eleição com o voto dos bolsonaristas e depois aderir ao Lula e o petismo. Depois, ela traiu o PSDB ao sair do partido em que a elegeu. E agora, ela trai o eleitorado porque quer o apoio do Lula e voto dos petistas, mas fingindo não ser do PT.

Se a Raquel Lyra fosse para o PT, ela seria uma traidora. Mas pelo menos ela teria coerência ao fazer a mudança. Mas ela prefere a dissimulação. Assim como uma grande quantidade de parlamentares que estão no Centrão com essa formula mágica, aderir a polarização sem dizer que está aderindo a polarização entre Lula e Bolsonaro.

Deste modo, o dissimulado não é alternativa de mudança. E, por não a ser, não pode ser considerado alternativa para bater de frente contra uma polarização como Lula e Bolsonaro.

Como partido, tem-se o partido Novo. O Partido Novo, por exemplo, quer ser contra a polarização, o que seria contra o Bolsonaro, mas querendo o apoio dos bolsonaristas. Ou seja, a política brasileira foi além de fazer políticos dissimulados; está a fazer até mesmo legendas.

O dissimulado é, na verdade, um traidor que não anuncia publicamente a sua traição. Mas mostra com atos, a cada dia que passa, que é um dissimulado. E por ser dissimulado, é pior que um traidor que ao menos mostra o que é de verdade.

 

 O PSDB está se limpando dos dissimulados.

 

 

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