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Rússia de Putin: Uma Vitória para Chamar de Sua

 

Rússia de Putin: Uma Vitória para Chamar de Sua 

Na guerra fria, os EUA desistiram do conflito na Ásia e esse recuo fez os vietcongues saírem-se vencedores na Guerra do Vietnã. Putin não quer acabar com a guerra na Ucrânia de uma forma em que, ao bater de retirada, isso pareça que os russos perderam o conflito. O problema é que a Rússia não são os EUA e a Ucrania não é o Vietnã. Não importa o que aconteça daqui pra frente, a Rússia perderá muito ao brincar de guerreador. Mas busca uma vitória para chamar de sua

Trump e Putin negociam a rendição da Ucrânia. O norte-americano quer as Terras Raras do país invadido e a Rússia quer todo o território tomado até o momento da negociação. Ao olhar somente por esta perspectiva, os russos são os vitoriosos, os ucranianos os derrotados e a paz fará tudo voltar ao normal. O problema é que o fim da guerra nada voltará ao normal nem para a Ucrânia, pela falta de apoio e de empenho de aliados, nem para a Rússia que sairá menor do que entrou no conflito.

A primeira derrota sofrida pela Rússia se dá na questão da Suécia e a Finlândia entrarem no Acordo do Tratado do Atlântico Norte [OTAN]. Se o incomodo dos russos sempre foi o avanço da OTAN, a guerra na Ucrânia deu uma ajudinha para que o bloco europeu aumentasse o seu poderio na região. Se o plano era reduzir as forças da OTAN porque a Rússia estaria ampliando o seu tamanho populacional e de extensão territorial ao tomar a Ucrânia, então o feitiço virou contra o feiticeiro.

Como a Europa ficou receosa com as ações do Putin, os europeus começam a reduzir drasticamente a dependência do gás russo na região. Ao perder este cliente, os russos perdem o poder que tinham, anteriormente, de ameaçar o continente ao não fornecer energia. Agora, terá que fornecer energia mais barata tanto para os europeus quanto para os chineses, que ao ajudarem os russos na guerra, irão querer ser recompensados.

No campo geopolítico, os russos já encampavam um conflito no oriente médio ao tentar defender o poder do Assad na Síria. Com os problemas originados na Ucrânia, os russos não conseguiram proteger a cidade de Aleppo. O domínio de Aleppo mostrou a fragilidade da Rússia em defender o território de um aliado político. Isso mostra que a guerra na Ucrânia enfraqueceu militarmente a Rússia ao ponto de perder território para rebeldes que fazem guerra civil em forma de guerrilha.

A Rússia sofreu sanção econômica e ficou com dificuldades para usar o Sistema Swift – mecanismo de pagamentos internacionais entre países. Ao se aproveitar desta impossibilidade, deu calotes no mundo todo ao alegar que não conseguia fazer os pagamentos. Deste modo, hoje, a Rússia não reconhece esses calotes como dívidas, fazendo com que a relação dívida/PIB da Rússia esteja somente na casa dos 17% [informação divulgada pelo governo russo que ninguém confia]. Embora engane uma boa parcela do mundo com essa informação enviesada, o fato é que a Rússia só consegue rolar a sua dívida ao oferecer ao mercado as maiores taxas de juros do mundo, que gira em quase 20% ao ano.

 A Rússia tem inflação, aumento de empobrecimento e desemprego acentuado. Além disso, o PIB recua. Mas nada disso é divulgado com dados fidedignos porque a Rússia é, na verdade, uma ditadura nacionalista e esconde a verdade da própria população e do mundo.

E, por fim, a guerra na Ucrânia fez a Rússia ficar ainda mais dependente da China. Teve que comprar materiais bélicos, vender energia mais barata e ficou ainda mais enfraquecida para poder negociar contra a sua parceira global. Os chineses hoje possuem um domínio sobre os russos por causa do erro do Putin em fazer uma guerra sem propósito nenhum.  

Portanto, ao fazerem a guerra contra a Ucrânia, os russos: aumentaram endividamento público - aumento de pobreza, de inflação, de taxa de juros elevada, redução do PIB -; redução de fornecimento de energia para a Europa; Suécia e Finlândia entram na OTAN; bateram em retirada na guerra da Síria; e ficaram ainda mais dependentes da China. Agora, negociam o fim do conflito com os EUA, em que ficam com uma parte das terras invadidas, para que tenham, ao menos, uma vitória para chamar de sua.    

 

Todo mundo sabe que hoje a Rússia é um país fraco e pobre.

 

 

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