Sobre as Possíveis Altas dos Juros da Selic: Considerações

 

Sobre as Possíveis Altas dos Juros da Selic: Considerações

 


Começa o ano de 2025 com o novo presidente do Banco Central, Galípolo, pressionado ao ter que tomar decisão sobre o aumento da Selic. Só o fato de haver dúvidas quanto ao posicionamento do dirigente já demonstra uma insegurança que já contamina o meio econômico e dos mercados. Porém, é preciso entender o mecanismo para saber se realmente haverá aumento da Selic ou não.

  Vazou um vídeo, que circula na internet, em que o Galípolo está todo serelepe ao fazer uma live com marxistas e feliz ao demonstrar conhecimento do marxismo. Porém, este mesmo Galípolo é um agente que só alçou ao maior posto do banco Central justamente por ser queridinho dos banqueiros. Galípolo, aliás, era diretor do Banco Fator, o que o condiciona também como um banqueiro.

O problema que muita gente erra é achar que marxista seja inimigo de banqueiro. Não é. Todo marxista faz ocupações de espaço, num primeiro momento, mesmo sendo contraditório, para num segundo passo fazer as ações ideológicas.

Deste modo, neste primeiro momento, Galípolo será manso ao mercado financeiro.

Além disso, Galípolo irá subir a taxa de juros porque os bancos precisam enxugar o estoque de Real que possuem. Como a moeda está virando título podre, pois o dólar valorizado desvaloriza a moeda nacional, os bancos não podem ficar segurando dinheiro que derrete a cada dia que passa.

Porque em 2021, para ajudar o Paulo Guedes, os bancos aceitaram trocar o spread bancário, cujo consiste em comprar e possuir papéis de títulos do governo por depósito voluntário, ao aceitar dinheiro em espécie.

Agora, como o Real desvaloriza a passos largos, os bancos precisam desovar esses Reais. E para isso, precisam que a taxa Selic seja a mais atrativa possível para fazer a substituição de ativo.

 Ou seja, Galípolo irá corrigir um erro que acontece desde o período do Paulo Guedes.

O aumento da taxa de juros não se trata de reduzir o aquecimento da economia para reduzir inflação. Até porque a inflação oficial não chegou na casa dos dois dígitos para ter que acatar esta decisão.

Por trás do aumento da taxa de juros sempre estará o rentismo que só é rolado caso a elite ache atrativo comprar estes títulos do governo.

Por isso que é pueril ver o Ciro Gomes atacar o Galípolo como se a escolha fosse apenas ideológica, como se o aumento da Selic atendesse o rentismo por atender. O que não é o caso. Por trás do aumento da Selic está a questão de erros econômicos no governo passado que não foram divulgados para a população – e nem precisa porque o povo iria ignorar por ser difícil compreender.

E ao contrário da opinião do Fernando Ulrich, em seu vídeo intitulado: “Economia brasileira numa ENCRUZILHADA; uma OPORTUNIDADE de investimento; 2026 será DECISIVO”, de que o governo irá soltar estes títulos do governo para recolher Reais e depois destruí-los, este que vos escreve acredita que esse Real acabará indo, como operação contábil, para o BNDES.

Deste modo, o aumento da Selic perdurará até os bancos desovarem os Reais que estão em posse, quando aceitaram depósito voluntário em 2021, porque não acreditavam que o Real derreteria até este patamar. É até ao contrário. Quando os bancos aceitaram o depósito voluntário, eles acreditavam em um Real valorizado.  Subestimaram os poderes de Bolsonaro e Lula em destruir a economia.

Lembre-se que o governo Lula iniciou o seu governo com o apoio de um “conselhão”, pessoas influentes nas mais diversas áreas dando respaldo ao governo petista. Entre essas pessoas estão os bancos e a elite rentista brasileira.

Galípolo, embora marxista, fará exatamente o que o “mercado”, leia-se: bancos, está pedindo. Vai chamar isso de Guidance. 

 

Você não descobrirá a verdade abrindo o caderno d’O Globo.


Vídeo do Fernando Ulrich: dos 1min38s até 2min55s








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