Sobre
as Bets Legalizadas: Considerações
Dizem
que, ao jogar poker, se em meia hora você não descobrir quem é o pato, você é o
pato. Isso porque os jogos de cartas são compostos mais por interações humanas
do que por programação de máquina, embora o dealer consiga contar cartas ao
tentar fazer um possível vencedor na mesa do jogo. O mesmo não ocorre nos jogos
das bets, em que o algoritmo, no final, sempre irá fazer a casa ganhar. Mas
esse texto não se trata das apostas em si, mas na questão moral da jogatina.
Houve
um tempo em que as pessoas consideravam os jogos de azar como algo imoral.
Tanto é que em 2005 houve a abertura da CPI dos bingos, pois era neste ramo que
havia muita lavagem de dinheiro. O povo ficou escandalizado com os crimes e o
congresso conseguiu fazer um certo tipo de populismo na base do moralismo.
Tal
corrupção foi tão escandalosa que obrigou o Lula a ter que criar uma medida
provisória para proibir os bingos no Brasil.
Quase
20 anos depois, com a volta do Lula à cena do crime, os bingos continuam proibidos,
mas as apostas, chamadas de bets, foram amplamente liberadas no país, com uma
grande anuência e acordão com praticamente todos os grupos políticos do Brasil.
Num
passado não muito distante, só o fato de aventar que iria liberar jogos de azar
no Brasil já gerava reações de grupos da sociedade civil organizada, muitos voltados
aos grupos religiosos, que diziam que a jogatina é coisa do Diabo, que leva
dinheiro, vicia, adoece e causa transtorno no seio familiar.
Hoje,
mesmo havendo a maior bancada temática evangélica da história, as bets passaram
no congresso sem nem mesmo o mínimo de reação contrária.
O que é engraçado, pois, quem concorre
diretamente com a igreja sobre fazer lavagem de dinheiro são essas casas de
apostas.
Outro
ponto a mencionar é o fato de que as apostas geram uma falsa sensação de que há
um atalho para a prosperidade. Como acontece em todos os jogos, a exposição dos
jogos sempre mostra os poucos vencedores e escondem a maioria absoluta de
perdedores, que tiram até mesmo a própria vida, por ter acreditado em uma falsa
lógica de que basta apostar que irá ser o vencedor e magicamente esta pessoa
não precisará mais sofrer ao ter mais que lutar para conquistar o pão de cada
dia. Ou seja, é uma aposentadoria.
No
campo do governo federal, ao liberar as apostas, espera-se que ao menos se
tenha aumento de arrecadação. E, teoricamente, destinar uma parte destes
recursos para mitigar os problemas causados pelo próprio ramo de apostas no
Brasil. Porém, como todo mundo sabe como funciona o país, esse dinheiro cairá
no buraco negro chamado Brasília e sumirá diante o sumidouro dos impostos
brasileiros para sustentar a mamata da casta política.
Já
no campo internacional, essas casas de apostas terão a mesma lógica de uma
multinacional em que faz as operações, lucra e remete este lucro para os seus
países de origem com remessas ao exterior. O que faz o Brasil empobrecer por
ser somente uma sociedade de exploração.
E
falando em pobreza, houve uma movimentação em que 20% dos beneficiários do
bolsa família usaram os recursos para jogar o que é chamado de jogo do
Tigrinho. Dinheiro público sendo jogado fora porque está sendo aplicado em um
falso mecanismo de prosperidade rápida.
Desta
forma, é preciso entender que ao restaurar um ladrão ao poder, as ocorrências
em uma sociedade versam até mesmo pelo lado espiritual. O Brasil com problemas econômicos
no mesmo momento em que se libera jogatina de aposta, isso mostra que o país
perdeu qualquer tipo de pudor e decência em saber minimamente se algo é certo
ou errado.
Dito
isto, num país polarizado entre ladrões, cujos apoiadores defendem os seus
políticos corruptos de estimação, jogatina passa a ser algo valoroso e moral.
A classe média também perdeu este valor moral.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: