Por: Júlio César Anjos
Congresso:
A Casa das Cartas. Ou: Lobby: Atrás das Cortinas do Poder
Há
uma fábula sobre a reforma tributária que faz com que essa mudança legislativa
seja uma espécie de panaceia que resolverá de vez o problema de produção e
consumo no país. Pela alegação de: “pior do que está não fica”, ao modificar os
impostos estaduais e municipais, governo federal e operadores de agro, indústria e
serviços se uniriam a um grande “Genki Dama” de prosperidade para o Brasil. Mas
a verdade é que, com a reforma tributária, o que se vê é um congresso que virou
o ponto de encontro de lobistas. Virou a casa das cartas em que se estabelecem
lobbies atrás das cortinas do poder.
Já
se avisa de antemão: tem que ser muito iludido para achar que as empresas que
estão fazendo o lobby na reforma tributária são grupos econômicos angelicais
que no fim desta reforma irão vender os seus produtos e serviços com lucros
mínimos, ou até mesmo sem nenhuma lucratividade, só porque amam o Brasil. Na
verdade, o que os lobistas estão fazendo no congresso é buscar descontos e/ou
isenções de tributos para os seus negócios somente para maximizar lucros. No
fim, é sobre o bolso dos empresários engordarem com essa reforma tributária que
está em jogo. Porque não é da benevolência do padeiro que se têm pão quentinho na
padaria.
No
Brasil, absolutamente toda mudança que era para ser algo legal e bacana acaba
sendo deturpada por agentes políticos com interesses gerais. O exemplo é o
Banco Central que deveria ser independente. Porém, não tem como ser
independente com indicação de políticos. A mesma coisa acontece com a reforma
tributária. Ela está sendo deturpada para o congresso virar um balcão de
negócios entre lobistas que disputam vantagens ao possuírem maiores influencias
e os políticos que se vendem facilmente ao poder.
O
curioso a verificar é que se acabou no Brasil com o financiamento privado de
campanha por dois fatores. O primeiro, a questão da corrupção direta. E o
segundo, alegado na época, é que o Lobby era imoral porque interferia a
dinâmica econômica de livre concorrência. Porque, caso o Lobby fosse aprovado, o
dono de um negócio investiria, no final, mais em políticos do que no
melhoramento e barateamento dos produtos e serviços, pois teriam mais lucratividade com tais lobistas buscando estas vantagens. E é exatamente o que está acontecendo agora no
congresso nacional.
Outro
ponto a destacar é o fato de o senador Randolfe Rodrigues ser o único a apontar as
distorções do Lobby no congresso, em que armas possuirão descontos, enquanto
que fraldas, não. É risível porque ele se coloca como oposição ao governo
petista, sendo que é o petista líder do governo no senado. Randolfe está muito
indignado com a liberação de lobby em que o próprio governo Lula deixa tudo
rolar solto porque foi o próprio petismo que colocou a discussão da reforma ao
empurrar para o congresso nacional.
E,
por fim, todo mundo vê o lobby correndo solto, sendo que, ao contrario dos EUA,
o lobismo não é regulamentado no Brasil. Por não ser regulamentado, esse lobby
é imoral e ilegal por não ser legalizado.
Ou
seja, tudo o que é feito no Brasil sobre esta reforma tributária e o lobismo é
conquistado de forma escondida atrás das cortinas do poder. E, sendo assim, não
tem como dar certo porque não é nem mesmo considerado correto.
Esta
reforma tributária só serve para tirar o poder de controle dos tributos dos
governos estaduais e prefeituras ao enviá-lo à esfera federal, pelo comitê gestor federal, e ao dar descontos ou isenções para
grupos econômicos que possuem fortes lobbies no congresso nacional.
Essa
reforma tributária é pior do que a situação em que estava imposta. Porque o Brasil
deturpa absolutamente tudo aquilo que possa ser bacana e legal para o país.
Por fim, a classe média, mais uma vez, ao
estar alheia a tudo isso, aceitando esse descaso como se não houvesse problema
nenhum, só mostra que essa classe social perdeu o voto qualificado de opinião,
que é uma pressão popular que causa rejeição a políticos que fazem conluios
entre o interesse de governo/Estado e empresários que só querem maximizar
lucros, não se importando com a população.
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