Sobre
a falsa Alegação do Mercado Vilão no Governo Lula 3. Ou: o Mercado sempre foi
complacente ao petismo e eu posso provar.
O
mercado, realmente, pode causar crises sem precedentes. Como, por exemplo, as
crises de 1929 e da bolha imobiliária, de 2008. Porém, ele não consegue gerar caos
econômica sozinho. Por trás das quebradeiras, sempre há governos irresponsáveis
que ou corroem as contas públicas ou fazem muitas desregulamentações, ao facilitar
a especulação até virar estelionato. Sempre quando há instabilidade econômica
estão as digitais do Mercado com o governo. O que é o caso da instabilidade deste
Lula 3.
Um
mercado pode ser leniente ou rigoroso com um governo vigente.
Para
critério de exemplo, que se faça observações dos presidentes desde a redemocratização.
Começa-se pelo Fernando Henrique Cardoso [FHC], porque antes dele tudo era um
caos.
O
governo FHC 1 foi um período de estabilidade porque o tucano impediu qualquer reação
do mercado. Fez o Plano Real, ao estabilizar a economia, e assim que assumiu como
presidente teve que resolver o problema da quebradeira dos bancos, o que ficou
conhecido como PROER.
Já no segundo governo do FHC as coisas mudam e
o mercado fica mais rigoroso com o tucano. Deste modo, todas as turbulências
que ocorrem no exterior se refletiam no Brasil como princípios de crises. Os parceiros
comerciais entravam em crises e quem sentia o efeito era o Brasil. Na década de
90, Argentina, México e Rússia vinham de instabilidades e isso ecoava no país.
Além
disso, todo o ano de 2002, último ano de governo FHC que também foi o período
de eleição, o mercado especulou negativamente com temor de que o Lula
realizasse as promessas que fazia em vida. Uma delas era não pagar a dívida
externa.
Deste
modo, o FHC teve que conviver com o seu último ano de governo com uma turbulência
generalizada, com juros SELIC estratosféricos, inflação de dois dígitos, fuga
de capital e instabilidades econômicas. Tudo isso porque o mercado tinha medo
do Lula.
Ou
seja, o Mercado simplesmente acabou com o último ano do governo FHC por causa
de especulação vinda do seu adversário. O que não faz o menor sentido.
Fernando
Henrique Cardoso entrega a faixa para o Lula com superávit primário nas contas
públicas.
Lula
vence a eleição e a primeira coisa que faz é trazer o Meirelles como ministro
da fazenda. E por um passe de mágica, o Mercado fica dócil, harmonioso,
complacente.
Os
mercados ficaram dóceis pelo simples motivo de terem especulado, quase como um
estelionato, no último ano do governo FHC.
O
Lula 1 também possui a sorte do boom das commodities e de ter herdado a herança
bendita do FHC. Então, Lula 1 surfou numa onda de prosperidade mundial.
Já
no governo Lula 2 as coisas mudam, mas o Mercado mantém-se
complacente.
Surge a
bolha imobiliária e o governo Lula mascara a realidade econômica brasileira ao
aumentar o gasto público. Como o mundo estava em crise, o dinheiro “hot Money”
foi despejo aqui no Brasil, por causa de aumento de gastos públicos, o que
criou uma artificialização de que tudo estava bem. Como o mundo estava em
frangalhos, ninguém ousou bater de frente nos gastos irresponsáveis do governo
Lula 2.
Foi
no governo Lula 2 que foi chocado o ovo da serpente do gasto público desenfreado
no país.
Ao
vender ações do pré-sal da Petrobras [eu ouvi privatização?] uma semana antes
da eleição de 2010, os mercados ficaram satisfeitos com o entreguismo e Lula
conseguiu fazer a sua sucessora.
Vem
o governo Dilma 1 carregado de problemas vindos dos governos Lula. Dilma,
então, maquiou dados do governo, escondeu a realidade econômica e social do
país e fez pedalas fiscais.
Os
tucanos denunciaram tudo isso. E os mercados, mais uma vez, foram complacentes
com o petismo.
Aécio
não consegue ganhar da Dilma e a crise no governo Dilma 2 se materializa porque
eram muitos problemas acumulados. Dilma 2 foi a abertura das comportas dos
problemas econômicos do Brasil, causados pelos governos petistas que vinham do
Lula 2 até o seu impeachment.
Só
então no Dilma 2 o mercado dá uma oscilada forte no Dólar, faz fuga de capital
e exige Selic nas alturas para rolar a dívida brasileira. Mas isso veio de
reação e não de especulação que causasse a instabilidade. Ou seja, o Mercado,
até onde pode, foi leniente com o governo Dilma.
Vem o governo Temer e o mercado é complacente
porque o medebista faz reformas e trabalha com fundamentos econômicos. Mesmo Temer
saindo do governo com 7% de aprovação, o mercado mantém o país estável por
causa dos fundamentos econômicos.
Surge
o Bolsonaro. Com Guedes, país liberal. Agora vai! No primeiro ano de governo,
em que o golpismo já aparecia como loucura em toda a base governista, o PIB
cresceu somente 1%. O mercado manteve-se leniente com toda a instabilidade
provocada pelo próprio bolsonarismo que perdia mais tempo conspirando do que
governando o país.
Vem
a pandemia e o mercado aceita até mesmo, pela primeira vez na história do Brasil,
juros negativos, em que a Selic estava abaixo da inflação. E o mercado dócil
porque entendia o problema da pandemia.
A
pandemia passa e nos dois últimos anos de governo Bolsonaro, só o que se vê é
aumento de gastança para o bolsa reeleição. Destrói os fundamentos econômicos por
causa da reeleição, coisa que o FHC não fez em 2002 [o FHC entregou o país para
o sucessor com os fundamentos econômicos de forma basilar].
Bolsonaro
é tão ruim que não se reelege. Só o Mercado não percebeu isso. Mercado leniente
demais com o golpista.
Lula
3 escancara a leniência do Mercado ao governo Bolsonaro ao exigir que se
mantenha a gastança desenfreada em seu governo. De um lado, o Lula 3 pede
crédito extraordinário [continuar a gastança que veio do Bolsonaro]; de outro,
pede voto de confiança ao criar o natimorto arcabouço fiscal.
Aliás,
o arcabouço fiscal já era permissivo demais e mesmo assim o petismo não
conseguiu atingir a meta. Mudaram a meta no meio do caminho e mesmo assim não
conseguiram alcançar o resultado de uma regra que eles mesmos criaram.
Dois
anos de governo Lula 3 se passaram. E todo mundo agora enxerga a crise criada
pelo próprio governo petista.
E
mesmo assim o Mercado deu voto de confiança ao esperar mais de 1 mês, no fim de 2024, o anúncio
de corte de gastos prometidos pelo ministro da fazenda, o Haddad. E quando o
governo Lula, pelo Haddad, anuncia o corte de gastos, entrega mais gastos ainda
com renúncia de imposto de renda.
E
só agora, depois de toda essa permissividade, o Mercado faz o óbvio que é
buscar outros lugares para investir. E isso se reflete em fuga de capital, bate
no câmbio e faz a Selic ter que aumentar. E no mercado doméstico, governo tendo
que correr para impedir inflação descontrolada e aumento de desemprego.
Se
o mercado fosse rigoroso, não aceitaria aumento de gastos quando o petismo assume
o Lula 3, não deixaria o governo por 2 anos ter só déficits e aumento de bola
de neve do endividamento público e também não daria a colher de chá para o
governo criar um pacote de corte de gastos antes de agir de fato sobre a crise
que se instaurou.
Portanto,
o Mercado é até complacente demais com este Lula 3.
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