Bolsonaro
e o Projeto do Golpe: Os 3 Vetores
Deu
no Estadão [25/11/24]:
Abram-se aspas.
‘Não
se dá golpe com um general da reserva e meia dúzia de oficiais’, diz Bolsonaro.
[...]
“É
como o Temer disse hoje. O Temer disse uma obviedade: golpe de Estado tem que
ter a participação de todas as Forças Armadas, senão não é golpe de Estado.
Ninguém dá golpe de Estado em um domingo, em Brasília, com pessoas que estavam
aí com bíblias debaixo do braço e bandeira do Brasil na mão, nem usando
estilingue e bolinha de gude e muito menos batom.
Fecham-se aspas.
Bolsonaro
utiliza o fracasso da intentona como argumento de defesa. Como no processo final
do golpe só se concretizou de fato vovô zuretinha e mulheres histéricas, então o
líder da extrema-direita se defende ao dizer que isto não foi golpe. Mesmo com
insucesso, foi tentativa de golpe. E basta a tentativa para ser punido
severamente pela lei penal.
O
projeto do golpe possuía 3 vetores:
Liberar
CACS para aliados
Instigar
a Massa
Conquistar corações e mentes dos militares
Com
esses três fatores operando ao mesmo tempo, haveria uma insatisfação popular
que justificasse uma intervenção, fazendo o bolsonarismo finalizar o golpe de
fato ao permanecer ao poder.
Com
a ajuda das big techs, pois, sem esta tecnologia não seria possível fazer o
Bolsonaro um líder populista, a extrema-direita criou uma bolha que virou uma
massa. Essa massa chegou ao ápice em 07 de setembro de 2021 quando, em coro,
toda a legião bolsonarista gritou: eu autorizo!. O que seria esse tal eu
autorizo? Autorizava dar um golpe.
Só
que esta mesma massa que em 2021 autorizava dar o golpe não compareceu às ruas
das capitais do Brasil, no 8 de janeiro de 2023, para sustentar o levante.
Deste
modo, passa-se para o segundo vetor: armar aliados. A construção ideológica já
estava implantada, pois, é a direita que é ideologicamente a favor de armar a
população. E quanto a até ter fetiche por armas, há um alinhamento maior com a
extrema-direita.
Logo,
se liberar armas por meio de cacs [colecionador, atirador, caçador], as pessoas
que procuram armas são bolsonaristas e, esses possuidores de armas estariam
juntos ao povo e aos militares para expulsar o Lula e manter o capitão ao poder.
Os
cacs também se ausentaram no 8 de janeiro de 2023.
E,
por fim, bastava conquistar corações e mentes dos militares para que, com a
massa e cacs nas ruas, os militares interviessem para satisfazer o povo que
clamava por um ditador.
O
problema é que só uma parte da bolha militar foi cooptada por esta lavagem cerebral
golpista.
Os
militares, em sua maioria, também se ausentaram do 8 de janeiro de 2023.
O
que restou no 8 de janeiro de 2023 foi somente gente sofrida que não tem poder nenhum e que quebrou os 3 poderes como uma catarse diante da sua
possibilidade de momento. Estas pessoas foram abandonas pelo Bolsonaro que fugiu do país.
Mas o mais interessante de tudo isso é ver o
argumento. Com o Eduardo Bolsonaro, bastava um cabo e um soldado para fechar o
STF. Agora, com o Jair encalacrado com a justiça até o pescoço, o argumento é
que não se dá golpe com “meia dúzia de oficiais”.
Todo
o projeto das ações culminavam para o resultado do golpe. Mas por vários
fatores, a intentona bolsonarista falhou. E agora, o golpista Bolsonaro usa
justamente desta falha para dizer que não queria dar o golpe e por isso a tentativa
de golpe não aconteceu.
Para
critério de exemplo, é só pensar na tentativa de assassinato. Uma pessoa tenta
matar outra. O sujeito que tentou matar o outro, alega que não queria matar
porque o homem, embora tenha levado os tiros, sobreviveu ao ato. E, sendo assim, a morte não ocorreu. Portanto,
teria que ser absolvido pela tentativa de assassinado. Onde já se viu uma
tentativa de morte em que não houve morte?
Não seria absurdo esta alegação?
Pois
é. É a mesma alegação do Bolsonaro ao dizer que não queria dar o golpe porque o
golpe não aconteceu por causa de fracasso.
E quanto ao Temer defender o bolsonarismo,
nada surpreende. O PMDB sempre foi uma falsa oposição, sempre um partido biônico
de ditadura. Errado é quem vota no MDB. O MDB era o partido que articulou o
impeachment da Dilma do PT para o Temer virar presidente e que agora tem 3
ministérios no governo Lula do PT.
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