Por: Júlio César Anjos
Antes
da internet, como que as ditaduras envenenavam o ocidente? Por meio da mídia tradicional.
Basta lembrar do caso do jornalista Walter Durant, cujo ignorou a matança
provocada pelo Stalin e ganhou o Pullitzer. Hoje, não somente a mídia
tradicional pode ser infiltrada pela comunicação, como as ditaduras possuem uma
arma letal ao seu favor: as redes sociais. Redes sociais sem regramento nenhum
são campos férteis para as ditaduras prosperarem com as suas desinformações porque
hoje usam a técnica de PsyOps.
A
primeira coisa que se deve entender é que toda ditadura é conservadora. Não
existe ditadura progressista muito menos gay. Porque o progressismo só pode se
desenvolver em democracias. Deste modo, para envenenar o ocidente, as ditaduras
precisam que os players políticos comecem a atacar os progressistas diante do
conservadorismo que leva ao autoritarismo. Porque o progressismo é o inimigo em
comum do identitário ditatorial.
Não
só isso, há também a técnica de infiltração. Fazer com que o progressista
defenda as causas ditatoriais como guerras e controle de costumes que levam a
perdas de liberdades sociais, que culminam em perda de liberdades individuais,
contra os próprios progressistas. Exemplos são pessoas que se dizem
progressistas defenderem causa palestina, ter Che Guevara como ídolo, defender
países ditatoriais só porque são contra os EUA [o que não faz sentido nenhum].
Após
a primeira fase de desinformação, ao enfraquecer o próprio inimigo em comum de
todas as ditaduras, que são os progressistas, o segundo passo é a implantação
de fato do identitarismo ditatorial.
Antes
de tudo, uma breve explicação. Identitarismo virou sinônimo de progressismo de
movimento Woke – o que é um erro de concepção. Não é. Segundo o dicionário,
identitário é: “Relativo à identidade, à reunião das qualidades particulares,
das características que definem e caracterizam algo ou alguém, diferenciando
esta pessoa ou coisa das demais”.
Ou
seja, uma pessoa pode ser identitária que se identifica com as ideias
ditatoriais. Um identitário ditatorial.
Um exemplo disso é o bolsonarismo que em 7 de
setembro de 2021 encheu as ruas para dizer: “eu autorizo”, no sentido de
autorizar em dar golpe militar. São identitários com apreço a ditaduras.
Há
um ditado chinês que diz: “não importa a cor do gato desde que pegue o rato”. Para
os países ditatoriais que fazem guerra de desinformação, PsyOps, nos países com
democracias liberais, não importa se Trump e Bolsonaro irão se beneficiar em
ter benefício eleitoral em apoio destas guerras hibridas, desde que esses
atores defendam as bandeiras que as ditaduras hasteiam.
Se
de um lado as esquerdas amam ditadores porque odeiam os EUA, na parte da
direita é ainda pior porque os valores ditatoriais são validados como bandeiras
conservadoras nas democracias.
E
aqui surge o ponto de inflexão. Na invasão da Rússia contra o território
ucraniano, por exemplo, nem esquerda nem direita condenaram a ação. Domínio total
das ditaduras no Brasil.
O
identitarismo ditatorial trabalha com os seguintes pilares: apreço ao
militarismo; defesa de um poder central; a criação da burqa invisível [será
explicado a seguir]; a tese de decadência do ocidente; e o progressismo, inimigo
em comum, que já foi explicado.
Apreço
ao militarismo. As big techs serão usadas para criar o triunfalismo da Rússia e
de China contra os países ocidentais. Nesta situação, os russos e chineses são
mais bem preparados, possuem as melhores tecnologias, estão à frente dos países
ocidentais e os países do ocidente devem se espelhar nestas nações ditatoriais,
se quiserem combatê-los ou prosperarem também.
O
triunfalismo das ditaduras é tão medonho que teve “especialista” que garantiu
que a Rússia aniquilaria a Ucrânia em duas semanas. Faz dois anos que a guerra persiste
e não tem data para acabar.
A
causa militar leva a uma segunda pauta de associação: a decadência do ocidente.
O
ocidente, por causa do progressismo, estaria entrando em decadência. Essa decadência
faria com que os homens do ocidente tornassem fracos. E por serem fracos,
seriam presas fáceis para as ditaduras instauradas no mundo. Então, a solução é
fazer o homem do ocidente forte ao banir o progressismo, e tornar as
democracias liberais em ditatoriais, para combater as ditaduras de Rússia e
China.
Porém,
enquanto as ditaduras não são implantadas no ocidente, neste meio tempo as pessoas
identitárias às causas ditatoriais enxergam nas ditaduras de China e Rússia valores
morais superiores ao ocidente. Uma destas
questões tem a ver com os costumes. E aqui que vem o conceito de burqa
invisível.
O
conceito é simples e trabalha com a teoria dos passos.
Se
os identitários da ditadura obrigam as mulheres a colocarem a burqa, haverá
ampla resistência por parte das mulheres em geral.
Porém,
se essa mulher for podada aos poucos, sendo que começa a ter limitações de
liberdades individuais e sociais como não poder fazer tatuagem, não poder
mostrar decote, não poder fumar, não poder beber, não poder trabalhar, não poder
ser independente, e, o mais importante, não poder falhar porque o ser humano é
falho e vai errar quando se possui liberdades nas democracias, essas mulheres,
ao serem catequizadas, irão pela própria “vontade” colocar burqa nelas mesmas.
Diante
disso, começa a surgir a ideia do poder central. O homem vê que a solução para
todos os problemas passa pela questão militar e a mulher podada, com a burqa
invisível, não vê problema na ditadura. E ao fazer das pessoas livres o
problema e não a solução, o conservadorismo irá desejar que uma ditadura seja
implantada para colocar “ordem” no país.
Neste
ponto, a sociedade começa a dar valor para as ditaduras como Rússia e China
porque, segundo a doutrinação conservadora, nestes lugares não há decadências.
O
problema é que toda ditadura promete prosperidade quando é implantada. Não
entrega o que promete. E só o que fica é censura por não ter liberdade
individual nem social porque o regime tem medo de perder o poder e seja culpado
pela monstruosidade que faz, caso o povo seja libertado. O ser humano vira um autômato
que não pode fazer nem almejar nada. E só chega neste patamar porque foi
treinado socialmente para só obedecer e se submeter ao poder sem contestar.
Para
todas essas causas não há necessidade que os influencers sejam favoráveis a Rússia
e a China nem mesmo estejam na folha de pagamento destes países. Basta que sejam
idiotas uteis defensores das mesmas bandeiras implantadas pelas ditaduras. Se
houver público para espalhar a informação, este sujeito ainda ganha anúncio e monetização
das big techs, nos países ocidentais, para irem contra as democracias liberais.
E
é aqui que entra o Sleeping Giants para enxugar gelo.
Aí
se vê que, pelas redes sociais sem regramento nenhum, as próprias big techs ajudam
a espalhar as bandeiras das autocracias pelo identitarismo ditatorial.
Existem
redes sociais que são de ditaduras como o TikTok da China [por isso que os EUA
estão banindo esta plataforma] e o Telegram que é russo. As outras big techs
sofrem infiltrações por parte das ditaduras para envenenar o modo de vida do
ocidente.
E,
infelizmente, o identitarismo ditatorial está vencendo.
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