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Sobre o Mecanismo da Reeleição: Considerações

 

Por: Júlio César Anjos

 

 Deu no G1 [22.03.24]:

Abram-se aspas.

Datafolha: 58% acreditam que governantes devem ter direito à reeleição. [...]

Atualmente, líderes do Senado estão discutindo uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pode acabar com a reeleição para funções do Poder Executivo, como a de prefeitos, governadores e presidente da República. [...]

A discussão do assunto é defendida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que deseja avançar com uma espécie de "megarreforma eleitoral".

Fecham-se aspas

Por motivos totalmente errados, a reeleição está sendo defendida por causa do populismo. Como essa lei pode beneficiar tanto Lula quanto Bolsonaro no futuro, porque deslumbram horizonte de poder, o brasileiro que possui politico corrupto de estimação defende a continuidade deste mecanismo.

Antes de se aprofundar sobre o assunto, é preciso revisitar o passado para entender como a lei da reeleição foi aprovada. Ao contrário do que pregam os boatos, a reeleição foi aprovada porque era uma Lei Consensual. Esse é um tipo de lei que todo mundo aprova porque se beneficia diretamente dela. Exemplo: aumento de salário para todos os políticos. A reeleição na época era uma lei consensual porque todos que estavam estabelecidos no poder aceitaram prolongar os mandatos. Portanto, não houve compra de parlamentar pelo Fernando Henrique Cardoso para aprovar a lei como muita gente com má-fé vive dizendo por aí.

Voltando ao assunto principal, Pacheco quer acabar com uma lei que nem a população nem os políticos querem desfazê-la. Ou seja, totalmente contra a vontade popular e do establishment. Se o Pacheco queria jogar para a torcida, sabe agora, pela pesquisa, que a pauta do fim da reeleição não é uma demanda que satisfaça a maioria neste momento.

Como houve mudança na forma de enxergar a política pela população brasileira, sendo que no passado a maioria era silenciosa que tomava decisão contra uma minoria barulhenta; hoje, a maioria é barulhenta por apoiar político populista e agride a minoria silenciosa. Deste modo, querer o fim da reeleição é somente satisfazer uma minoria taciturna e desapegada da política. Não vale a pena.

Este que vos escreve é favorável ao parlamentarismo que não só dá direito à reeleição como dá direito para mandatos prolongados, em que o primeiro-ministro pode ficar décadas no poder caso faça tudo certo.

 Mas o sistema brasileiro é presidencialista. Que se mantenha a reeleição desde que esteja amparada na lei dos dois mandatos – como é o que ocorre nos EUA. Trump, por exemplo, perdeu a reeleição para o Biden. E se o republicano vencer a eleição, não poderá mais tentar a reeleição porque a lei dos dois mandatos não permite. Nos EUA, o político que exerceu os dois mandatos para presidente vai pra aposentadoria, não podendo mais se tornar presidente por uma terceira vez.

Note que é curioso que a reeleição foi demonizada por décadas. Foi considerada a pior desgraça do mundo pelo Lula, antes de assumir o poder. Pelo Bolsonaro, antes de se beneficiar dela. E até pela ampla maioria dos jornalistas pseudo intelectuais que diuturnamente faziam com que a reeleição fosse o pior mal do mundo.

E mesmo assim a reeleição, hoje, é defendida por 58% da população.

É preciso entender que governos precisam ter continuidades. Porque caso não haja horizonte de poder, os presidentes não darão tanta importância para o seu governo em si, fazendo com que o poder vá para o judiciário e para o legislativo. Porque o judiciário é vitalício e o legislativo tem reeleição. E se for para enfraquecer a cadeira presidencial, que faça a coisa certa: criar condições para que tanto o povo quanto os políticos aceitem o parlamentarismo.

 




 Fonte:

https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/03/22/datafolha-58percent-acreditam-que-governantes-devem-ter-direito-a-reeleicao.ghtml

 

 

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