Por: Júlio César Anjos
Muitos
livros conceituados sobre o tema trazem a informação de que os policiais ruins
começam a se juntar para virar organização criminosa nos anos 90. Nada mais
falso. As milícias nada mais são do que o poder do guarda da esquina na época
da ditadura militar, reminiscências da Tigrada do Fleury do DOPS.
Em
13 de dezembro de 1968, Pedro Aleixo, o suplente do ditador Costa e Silva, discordou
dos termos do Ato Institucional 5 (AI-5), que impunha regras do regime de
exceção. E foi nesse momento em que ele solta a celebre frase: “o problema
de uma lei assim não é o senhor, nem os que com o senhor governam o país. O
problema é o guarda da esquina”.
Deste
modo, começou a aparecer na ditadura militar os policiais estaduais que, pelo
regime de exceção, tinham o poder de Estado. Arvorados por esse poder, faziam a
regra do “O estado sou eu”, o que fez até mesmo a ditadura perder o controle
mesmo sendo um regime que deveria ser de controle total.
É
nesta situação que surge a Tigrada do Fleury no DOPS. A tigrada do Fleury foi
financiada pela Operação Bandeirante [OBAN], que contava com setores da
sociedade civil, incluindo empresários ligados à federação das Indústrias de
São Paulo [FIESP].
A
Tigrada do Fleury fazia sequestros. E ao sequestrar, torturavam e matavam quem eles
quisessem. Sem direitos humanos. Era chamado de Esquadrão da Morte.
Ou
seja, é nessa situação de monopólio de uso das armas fazendo fusão com os megaempresários,
com descentralização da ditadura militar do Brasil, que surge a primeira
situação de milícia no país.
A
ditadura militar caiu e veio a redemocratização. E ao contrário do que se
espalha na produção histórica sobre este assunto, Fernando Henrique Cardoso, ao
ver que a tigrada do Fleury tinha acordado, fez o chamado PNDH [Plano Nacional
dos Direitos humanos], para impedir que as forças policiais criminosas usem de
torturas e assassinatos pela muleta da ordem.
Só a partir de 2003, quando Lula assume o
poder e as organizações criminosas começam a ficar mais soltas para fazer as
suas atrocidades é que as milícias começam a se formar no Brasil para contrapor
a essas organizações.
Em
São Paulo as milícias não conseguiram ter o tamanho que possuem hoje no Rio de Janeiro
justamente porque o Estado foi governado por 28 anos pelo PSDB.
O
Rio de Janeiro tem até hoje a muleta de que tem que perseguir o Comando Vermelho
que está alojado nos morros da cidade. Só que todo mundo já percebe que as
milícias só perseguiram o CV para tomar o lugar da organização. Hoje é a
milícia que trafica drogas, libera receptação de produtos, vende netgato e gato
de luz nas favelas. E para a classe média exige uma “ajuda de custo” para
manter a região segura. – O que é considerado extorsão
Porém,
com o Tarcísio parece que os paulistas vão ter que conviver com narcotraficantes
do PCC disputando território com milícias de São Paulo. Tarcísio acorda
novamente a Tigrada do Fleury. Isso se não faz parte da milicia também.
Já
no governo petista, Lula integrou Daniela do Waguinho [miliciano] para ser
ministra do governo. E Quaquá tem relação próxima com as milícias do Rio.
Doria
tentou colocar câmeras de segurança nas fardas dos policiais para evitar os abusos.
Talvez o único grupo político que seja realmente contra as milícias é o PSDB. E
deve ser por isso que quanto mais o PSDB encolhe, mais cresce as milícias no
Brasil.
Trilogia:
Milícias:
Ontem
Milícias:
Hoje
Milícias:
Amanhã
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