Por: Júlio César Anjos
Assim como no Livro: Dom
Casmurro, de Machado de Assis, há uma dúvida sobre Capitu ter traído ou não bentinho,
alguns sabujos querem criar uma dúvida na sociedade brasileira, ao criar uma
discussão se o Bolsonaro queria ou não dar um golpe. Porém, somente gerar este debate
já basta para salvar o golpista do Bolsonaro da justiça e da história.
Aldo Rebelo disse em entrevista:
não se leva a serio “golpe” gravado em vídeo. Para essa sentença fazer sentido,
que se recorra à história.
Dom Pedro I gritou
independência ou morte nas margens do Rio Ipiranga. Não se leva a sério golpe
vociferado em margem de rio. Ou seja, não teve golpe.
Marechal Deodoro deu
golpe sem dar um tiro e proclamou a república. Não se leva a sério um golpe em
que o povo ficou sabendo da mudança de regime dias depois pelos jornais. Ou seja,
não teve golpe.
Getúlio Vargas manteve-se
no poder ao comunicar a todos por transmissão de rádio, em 1937. Não se leva a
sério um golpe em que a população é comunicada de que o presidente continuará
no poder por transmissão. Ou seja, não teve golpe.
Em 1964, as forças
armadas estavam divididas entre 31 de março a 1º de abril. Houve uma guerra de
troca de mensagens por código Morse e taquigrafia naquele momento. Não se leva
a sério um golpe em que a guerra se dá por meio de fax. Ou seja, não teve
golpe.
Em 2021, Bolsonaro ouve dos
seus conselheiros que teria que dar golpe antes da eleição se concluir. No mínimo prevaricou. E essa prevaricação por
si só deveria fazer ser banido da vida pública de vez.
Na administração, o
administrador tem aquilo que é chamado de PODC: Planejar, Organizar, Dirigir,
Controlar.
O bolsonarismo, sob a
anuência do Bolsonaro, planejou o golpe, organizou o golpe, tinha dirigentes do
golpe e havia controle sobre a tomada do poder no dia seguinte ao golpe.
Planejamento: Minuta do
golpe [Filipe g. Martins].
Organização: contratação
de ônibus para Brasília [empresário Wagner Ferreira Filho].
Direção: Bolsonaristas
que estavam de prontidão na execução do plano e da organização [General Heleno].
Controle: Prender
ministros do STF após o golpe [Bolsonaro por Ato Institucional].
O golpe do Bolsonaro foi
orquestrado até mesmo na condição de liberar as armas por meio dos CACs para o
máximo possível de pessoas. Essas pessoas iriam para Brasília. O civil se juntaria
aos militares [policial militar e soldados do exercito] de baixa patente
insubordinados. Com esse exército seguindo junto ao povo, o golpe estaria dado.
Bolsonaro voltaria para o Brasil como ditador após o 8 de janeiro.
O problema é que o CAC e
os militares ficaram em casa, enquanto que só o pelotão geriátrico topou ir
para Brasília marchar contra o “Sistema”.
O golpe fracassou e eles
sabiam que tinha chance de fracassar. Por isso que Bolsonaro foi preservado ao
ver tudo no exterior [fora do Brasil].
Mas para o Aldo Rebelo,
tudo isso não passa de uma teoria conspiratória porque Bolsonaro não daria
golpe por vídeo.
Nesse momento este que
vos escreve não sabe se isso é ingenuidade ou má-fé.
Portanto, assim como
Capitu não traiu Bentinho, Bolsonaro quis ser o ditador beneficiado pelo golpe
que fracassou.
Botar em dúvida o que o
Bolsonaro fez só ajuda a livrar o bolsonarismo golpista dos crimes que cometeu.
Não seja essa pessoa.
***
Capitu traiu ou não
Bentinho? Provavelmente não. Faltou lascívia no roteiro do romance.
Machado de Assis estava
mais desnudando a sociedade brasileira que é fofoqueira do que focar numa mera traição
de fato. O observador da trama é o próprio leitor que ficou atrás da porta
escutando conversas, na janela ao espiar ações sociais para depois contar a
terceiros as movimentações consideradas estranhas na época.
Na época em que o livro foi publicado, era um
pânico para as mulheres serem malfaladas na sociedade. Capitu era muito evoluída para
a época.
Fonte:
https://diariodopoder.com.br/uncategorized/nao-se-leva-a-serio-golpe-gravado-em-video-diz-rebelo
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