Por: Júlio César Anjos
Deu
no Poder 360 [23.01.24]:
Abram-se aspas.
Governo
anuncia investimentos de R$ 300 bi para indústria até 2026. Montante faz parte
da Nova Política Industrial; recursos sairão de BNDES, Finep e Embrapii.
Fecham-se aspas.
Mises,
em seu Livro: Ação Humana, disse que não agir é também agir. E exemplificou
justamente a questão de incentivos que o governo faz para atrair investimentos,
que, mesmo assim, não são atraentes para os investidores. Ou seja, o governo
faz o incentivo e mesmo assim o mercado não aceita esse benefício ao rejeitar
de prontidão. Não quer agir.
Mas,
hoje em dia, os mega empresários aceitam recursos públicos mesmo assim. Qual
seria a questão?
Mises
não entendeu o espírito político, em gerar esse tipo de benefício, que é atrair
o corporativismo ao orbitar o poder vigente. É por isso que o bolsa empresário
é usado pelos megaempresários que possuem estoque de recursos próprios, mas
preferem gastar o dinheiro de terceiros, que é o financiamento público, para
enriquecer ainda mais ou dar calote na sociedade para ser anistiado depois.
Na
questão econômica, não faz sentido nenhum o bolsa empresário. Os recursos são
canalizados para os caminhos errados, fazendo distorções no mercado; o dinheiro
público, que deveria ser utilizado para atender os cidadãos, é direcionado para
enriquecer ainda mais a elite corporativista, gerando ainda mais desigualdade
social [porque o rico fica mais rico e o pobre, mais pobre]; Há uma insegurança
econômica porque se escolhe os campeões nacionais, acabando com a concorrência
e o livre mercado. Tudo isso está certo pelo ponto de vista econômico liberal.
Mas
o mundo real não caminha pela trilha da teoria econômica liberal. Ela caminha
pela evidência empírica política de que estar cercado pela elite do capital se
gera poder. É por isso que o bolsa empresário é inserido como politica econômica
governamental, seja ela implantada no Brasil pelo Lula, nos EUA pelo Biden, na
China por Xi Jinping e na Arábia Saudita pelo Salman.
Os
grandes empresários não investem o próprio capital porque não as dispõe, mas
porque quase que exigem esta condição de corporativismo, de capitalismo de
laços, para que se “arrisque” o capital com o dinheiro dos outros.
O
megacapital pega o financiamento vindo do BNDES com taxa de 4% para pagar em um
ano e vai até a Selic comprar títulos públicos que estão em 12%. O grande capital
ganha nessa brincadeira 8% de lucro. E no fim do ano diz que não conseguiu
começar as obras por problemas técnicos. E fica por isso mesmo porque é o
grande capital que está a dizer isso. Lucro para o mega empresário e prejuízo
para a sociedade em geral.
Reinaldo
Azevedo, para defender o bolsa empresário, disse que o financiamento do BNDES
não gera dívida pública. Mas para o BNDES entregar recursos para os
empresários, deve-se ter dinheiro disponível em caixa. Ou seja, um fundo. Suponha
que o BNDES tenha esse fundo que será esvaziado. Uma hora ou outra esse fundo
terá que ser preenchido. Se os investidores não pagarem as suas dívidas, quem
tem que encher esse fundo é o próprio governo com venda de títulos públicos.
Isso aconteceu exatamente no governo Dilma, maior desastre econômico do Brasil
desde a redemocratização. Os recursos não voltaram para o caixa e o tesouro
teve que arcar com prejuízos de Odebrechts e Eikes Batistas da vida. É por isso
que o BNDES hoje tem fundo disponível para financiamento porque o tesouro,
traduza: sociedade, arcou com o prejuízo.
Note,
também, que o governo Lula está noticiando a volta do bolsa empresário em
janeiro de 2024. Janeiro é mês morto para a política. Não gera impacto porque
as pessoas passaram pelo Natal e Ano novo e agora estão preocupadas com os boletos
e impostos que se acumulam. Janeiro é o pior mês para lançar qualquer programa
que seja. Porém, o governo Lula tem pressa porque o primeiro ano da sua
administração deu ruim porque a arrecadação não veio a contento para pagar os
boletos que o próprio governo acumulou. Quando se lança um programa desta
magnitude em janeiro, a única coisa que se denota é: desespero.
Fonte:
https://www.poder360.com.br/anuncios-do-governo/governo-anuncia-investimentos-de-r-300-bi-para-industria-ate-2026
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