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Abin Paralela do Bolsonarismo: A Vida dos Outros

 

Por: Júlio César Anjos

                            

Há um filme lançado no Brasil, em 2007, chamado: A vida dos outros. A história ocorre nos anos 80. O Ministro da Cultura da Alemanha Oriental se interessa por Christa, uma atriz que namora um famoso dramaturgo. Suspeitos de infidelidade ao comunismo, os dois são vigiados por um capitão do serviço secreto da Stasi, que acaba ficando fascinado pelas vidas dos artistas.

Jair Bolsonaro, após eleger-se presidente do Brasil, quis uma Stasi pra chamar de sua. Fez uma ABIN paralela para espionar os seus inimigos, opositores ao regime bolsonarista da extrema-direita. Nomeou o seu braço-direito, Alexandre Ramagem, para comandar este serviço secreto. E, ao confundir governo com Estado, começou a perseguir os seus desafetos pelo aparato estatal.

A diferença entre investigação e espionagem está na legalidade da ação. Se a operação é feita com anuência da justiça, então essa ação tem caráter legal e pode ser feita pelos agentes secretos que são funcionários públicos do Estado. Caso contrário, somente o fato de ser uma Abin paralela, que não segue o curso do rito institucional, isso por si só já é considerado um crime de estado grave.

Para critério de exemplo de investigação legal feita pela Abin, Fernando Henrique Cardoso, na década de 90, investigou o Movimento sem Terra. Tal procedimento foi acatado pela justiça, o que fez a operação ser procedimento padrão. O motivo se dava porque o MST sempre foi um grupo terrorista do campo, que sempre fez ameaças e agressões físicas e verbais contra pessoas do meio rural, matavam os gados no pasto como aviso de perseguição, além de matar agricultores para obter os terrenos dos quais queriam fazer grilagem. Tudo isso pelo verniz do “uso social da terra”.

Portanto, faz muito sentido, até hoje, a Abin investigar os movimentos do MST.

Já no caso do Bolsonaro, a Abin paralela queria saber todos os movimentos dos opositores para que a oposição não tivesse meios de enfrentar o governo vigente. A oposição se opor ao  governo é o básica da democracia. Bolsonaro controlou os passos da oposição para que ele cometesse crimes e não tivesse reações.

A Abin paralela por si só já é um escândalo. E mais escandaloso ainda é ver que o Alexandre Ramagem continua como deputado federal sem ter sido cassado pelos pares que, provavelmente, foram investigados nesta Abin paralela do bolsonarismo.

Criada por Fernando Henrique Cardoso em 1999, a Abin tem que como função trabalhar com inteligência de informação para ameaças contra o Estado Brasileiro. Parece que essa instituição se desvirtuou ao virar puxadinho de governos que querem se eternizar ao poder, que utilizam Abins paralelas para perseguir inimigos.

  Se o Brasil fosse um país sério, Bolsonaro e Ramagem estariam presos por causa de crimes contra o Estado. Mas no Brasil de Lulas, Bolsonaros, Liras e Pachecos, Abin paralela é somente um malfeito que pode ser relevado.  

  O Brasil gasta milhões em recursos públicos para os servidores investigarem Joice Hasselmann e Rodrgio Maia. Agora, a pergunta que fica é: como está o curso das investigações que remetem milícias e organizações criminosas como PCC e Comando vermelho? Aí não tem ferramenta de monitoramento First Mile, não tem grampo, não tem arapongagem, nem tem investigação. Engraçado isso.

 Deste modo, ao investigar a vida dos outros, será que os vigias ficaram apaixonados pela Joice Hasselmann e pelo Rodrigo Maia, como ocorreu no filme baseado em fato real mencionado no primeiro paragrafo deste texto? Talvez não. Essa turma bolsonarista, sempre de mal com a vida, nem sabe o que é gostar.

Portanto, a menos que o bolsonarismo prove que Joice Hasselmann e Rodrigo Maia tinham amplos poderes para dar um golpe de estado que justificasse a espionagem, a Abin paralela bolsonarista foi um dos maiores crimes praticados por um governo desde a redemocratização. A Abin paralela é comparável a Stasi, Gestapo e ditadura militar de 64. Um nojo.  

 

 Fonte:

https://veja.abril.com.br/coluna/radar/abin-paralela-fez-vigilancia-contra-rodrigo-maia-e-joice-hasselmann

 


Filme: A Vida dos Outros, 2007:






 

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