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Dívida Pública Brasileira: O “Sumiço” de R$ 2 Trilhões de Reais

 

Por: Júlio César Anjos

 


Deu no Insper [15.07.21]:

Abram-se aspas.

Pelo mecanismo aprovado no Congresso, as instituições financeiras poderão fazer o depósito remunerado e os saques de recursos diretamente no BC, sem mobilizar títulos públicos. Se a nova modalidade se expandir, haverá a necessidade de menos operações compromissadas e, no longo prazo, o Banco Central não precisará manter uma carteira de títulos com o volume da atual, que se aproxima de R$ 2 trilhões, para fins de política monetária.

Fecham-se aspas.

Para explicar o “sumiço” de R$ 2 trilhões de dívida pública brasileira.

Os bancos [públicos e privados], ao serem voluntários por reterem moeda nacional, ajudam a não espalhar o dinheiro para o povo, que está retido como depósito voluntário no Banco Central, o que faz segurar a inflação por retenção de moeda. 

Troca-se a “dívida compromissada” [custo de spread bancário] por “dívida não compromissada” [depósito voluntário].

Isso faz com que a dívida pública não aumente na questão contábil [embora na parte financeira continue crescendo].

Com a inflação controlada por cuidados dos bancos [tirando essa responsabilidade do governo/Estado], não precisa aumentar a SELIC, podendo reduzi-la.

Porém, há um problema nisso tudo: a moeda Real está virando um título podre.

Na logística, todo mundo sabe que estoque pode virar problema. Os produtos parados geram custos, perdas de validades e avarias.

Com o dinheiro é a mesma coisa. Reter altos volumes de moedas para segurar a inflação de forma artificial, sem conter o problema causado que é aumento de endividamento e de emissão de moeda para pagar essas dívidas, é enxugar gelo.

O que os bancos estão fazendo ao reter moeda, que também sofrem as ações da lei de escassez, é fazer a moeda perder o valor justamente por estar presa em alta quantidade de estoque. Porque é um estoque impossível de “desovar” sem que gere problemas catastróficos na economia nacional como um todo.

É um dinheiro preso que não pode ser usado. E como não pode ser usado, sofre do que é chamando de “custo de oportunidade”.

É por isso que enquanto o Banco Central divulga a dívida pública descartando as operações não compromissadas [depósito voluntário], criando uma dívida pública de 75% do PIB, o FMI insere como endividamento esse custo da moeda como se fosse uma operação compromissada também, dizendo que a dívida pública brasileira gira em torno de 90% do PIB. E quem está certo é o FMI.

Deste modo, o depósito voluntário retém R$ 2 trilhões de reais que deveriam estar circulando na sociedade e/ou sendo punidos com pagamento de spread bancários diários, que ao estarem presos fingem gerar uma normalidade econômica nacional do qual o Brasil não dispõe.

Com essas maquinações feitas pelo Sistema, o que está sendo feito de fato é acabar com o mínimo de escassez da moeda brasileira, tornando um título podre que será entregue para a sociedade, em algum momento, como hiperinflação. Uma hora essa represa estoura porque isso é inevitável.  Não existe dinheiro grátis.

São R$ 2 Trilhões de reais que o Sistema fingiu dar sumiço para segurar o efeito dominó de uma hiperinflação. Mas é uma bomba-relógio prestes a explodir.

 

*** 

Sabendo desta informação, você ainda acha correto o PT fazer: “gasto é vida”? Pergunta retórica.


Fonte:

Informe-Setorial-230.pdf


https://www.insper.edu.br/conhecimento/conjuntura-economica/nova-regra-de-depositos-no-bc-pode-alterar-serie-estatistica-da-divida-publica/








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