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Rodrigo Pacheco: O Poder e a Acomodação

 

Por: Júlio César Anjos

 

Há uma norma política em que o primeiro ano de mandato de executivo, legitimado pela urna [prefeito, governador, presidente], é sempre harmonioso porque a oposição está em processo de reconstrução após a derrota eleitoral e o poder temporário do novo governo mantém as condições para segurar os problemas que aparecem no curto prazo. Porque o poder sempre busca acomodação.

O problema é que o governo Lula 3 é fraco e está a levar todo o Sistema para a vala comum das crises econômicas, sociais e até mesmo institucionais. E neste cenário é um salve-se quem puder. Porque em lugar em que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão.

Para quem está de fora, e vê a briga entre o legislativo e judiciário, enxerga um embate “Kramer versus Kramer”, ou seja, o governo petista contra o próprio governo petista nas conflagrações entre as instituições.

Pacheco, presidente do Senado, é base do governo Lula e o STF [Superior Tribunal Federal] é um escritório de advocacia puxadinho do PT. Ou seja, a crise institucional se dá entre o próprio Sistema, cujo é aliado do petismo.

Pacheco ficou valente porque sabe que o status quo fará com que seja aposentado politicamente por falta de voto. Deste modo, de um lado o presidente do senado busca pegar uma fatia do eleitorado do bolsonarismo e, de outro, quer manter-se próximo ao poder que está com o Lula. Ou seja, Pacheco resolve brincar de “house of cards” com o poder provisório que dispõe.

 Essa briga acontece porque as eleições de 2024 se avizinham e os grupos políticos da base do governo do PT já conseguem vislumbrar crises. Estar junto de um governo que não entrega resultado gera problema eleitoral. Então, esse centrão tenta, de forma até mesmo caricata, partir para o enfrentamento político contra instituições.

O problema é que o poder de um político é provisório porque tem que ser renovado, pela urna, de tempo em tempo. Já o poder do magistrado do STF é permanente, sendo demovido somente pela aposentadoria. Além disso, derrubar o judiciário, por pior que ele seja, é golpismo.

Mas essa valentia do Pacheco não passa de desespero. Esse centrão vê que o petismo naufragou no primeiro ano, mas não pode ficar longe do poder. Deste modo, esse grupo político tenta agitar os poderes para ver no que vai dar. E não vai dar em nada porque, no fim, o centrão sempre será o centrão, grupo político que só sobrevive com emendas, cargos e ao se pendurar em líderes populistas para conseguirem se eleger por meio da parasitagem política.

Como o governo Lula não traz estabilidade nem pacificação, com números econômicos ruins, cabe ao legislativo tentar salvar o governo chamando para si as responsabilidades. Deste modo, o país fica cada vez mais parlamentarista, só que com o centrão ilegítimo questionando o poder.

 E ao ver que o centrão não tem saída para nada, ficará cada vez mais evidente que o que o Pacheco faz é somente bravata, enfraquecendo-se ao passar do tempo, sendo atropelado pelos acontecimentos que surgirão. Porque Pacheco não é poder nem tem voto. Não possui militância. Não é carismático e se for perseguido pela justiça não se tornará mártir.

Porque para ter poder de Lula e Bolsonaro é preciso passar primeiro por ideologia política, coisa que o centrão não gosta de fazer porque esse grupo político gosta de pegar atalhos.

Daqui pra frente haverá acomodação do poder não porque o Pacheco venceu, mas porque perdeu e terá que colocar o rabinho entre as pernas ao entender as suas próprias limitações.

Ou o leitor realmente acha que o bolsonarismo dará voto para o Pacheco, para, como retribuição, o presidente do senado empoderar o lulismo? Pacheco pode até virar bolsonarista desde que corte relações com o Lula de forma verdadeira e definitiva. E isso não vai acontecer. Nesta situação, o bolsonarismo só irá usar o Pacheco e descarta-lo na hora certa.

Pacheco que brincar de agente duplo, mas não tem poder. E se não souber onde está pisando, será fulminado e descartado por todos: Lula, Bolsonaro STF e centrão.

  Pacheco não é um homem valente; só está desesperado. Pacheco não tem poder e, por isso, buscará acomodação.

 



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