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Tarcísio de Freitas: A Necropolítica da Milícia

 

Por: Júlio César Anjos

 

O bolsonarismo é um espectro político de extrema-direita conhecido como zeitgeist, que na tradução do alemão para o português significa: espírito do tempo. E no espirito do tempo extremista, as armas são cultuadas, a vida humana banalizada e o sangue da morte que escorre é satisfação. Tarcísio de Freitas é filhote deste bolsonarismo que faz da necropolítica modo de vida e da milícia, que é a polícia ruim, um exemplo a seguir. E a única solução para impedir esse fascismo em curso está na política como reação. Então, tem que reagir.

 Aquilo que é chamado de direita, para defender o lobby da bancada da bala, diz que as armas são feitas para defesa. Um policial paulista morre e a polícia de São Paulo como reação vingativa faz uma chacina. Inocentes perdem a vida. Ou seja, as forças do estado mostram que a utilidade da arma sempre foi para matar.

Bolsonaro, no passado disse: “tem que matar uns 30 mil, começando pelo FHC. Se morrer alguns inocentes, tudo bem”. Ninguém é bobinho para fingir que não sabe que o bolsonarismo tem as mãos sujas de sangue. E fazem da matança propósito de existir.  

Na chacina feita no Guarujá, morreram inocentes. E para o Bolsonarismo, tudo bem. Acontece que uma operação que gere a morte de um inocente, é uma operação fracassada. Num mundo minimamente normal, quando um inocente morre, as pessoas reagem para que não sejam os próximos inocentes da vez.

A política sempre trabalha com a lógica de dissolver o poder. Porque o poder corrompe, mas o poder absoluto corrompe absolutamente. Traduzindo: não dê mais poder pra quem já tem. Porque esse poder supremo pode se voltar contra a própria população no futuro. Porque a regra é clara: “se vai morrer alguns inocentes, tudo bem”. E o próximo inocente pode ser você.

Quando a polícia faz uma reação desproporcional com a muleta moral de combater crime, o que a polícia está fazendo é substituir um grupo de bandidos por outros. Está a implantar a milícia. Porque o que se viu nesta chacina no Guarujá é o início da construção da milícia em São Paulo. Tarcísio de Freitas, que é carioca, trouxe a milícia organizada para São Paulo que já estava querendo virar uma organização criminosa de estado.

  A milícia de Tarcísio fez uma chacina planejada ao desligar as câmeras presas nos uniformes. No campo ideológico, faz da necropolítica objeto a se cultuar nas redes sociais. E com a justificativa de um policial morto, que não pode de jeito nenhum morrer, fazem um arregaço digno de guerra ao matar 10 pessoas de uma só vez, o que é chamado de chacina.

A polícia realmente está certa em buscar a sua vingança. Mas que essa vingança seja direcionada ao homem que matou o policial e não que isso seja estendido para pessoas que até mesmo não tinham nada a ver com a situação. Se a polícia matasse somente o sniper que tirou a vida do policial, até este que vos escreve aplaudiria a ação. Mas chacina está fora de cogitação e tem que ser criticada por ser um ato indigno.

 Agora, veja o desastre: 10 pessoas morreram na ação, algumas inocentes, e o sniper assassino de policial continua vivo. Ou seja, fracasso total.

Infelizmente, o Brasil perdeu o rumo. O país é uma grande vila que possui disputa diária entre milícia e trafico de drogas para controle territorial. E valores como direitos humanos e defesa da vida estão fora de moda porque o espirito do tempo desta nova era faz a valorização humana algo démodé.

Portanto, o espirito tempo bolsonarista gera uma necropolítica que justifica chacinas por parte de bandidos e policiais. As armas são artefatos para se cultuar. As milícias começam a se estruturar em todo o país diante esta matrix do medo. As polícias, sob a batuta do estado, e com a liberdade em ter aprovação popular, fazem operações desastradas como a de Guarujá, cujo matou 10 pessoas, alguns inocentes, mas o alvo da polícia, o sniper assassino de policial, continua vivo. Ou seja, quem era para morrer, continua vivo. E, segundo o filósofo Bolsonaro, se morrer alguns inocentes, tudo bem.

 


 

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