Por: Júlio César Anjos
Hitler
ficou enfurecido com os sindicalistas da fábrica de munições da Alemanha ao fazerem
greve durante a primeira guerra mundial. O nazista voltou da guerra com
problema no olho e mancando, o que o fez confessar no seu livro Mein kampf
sobre o absurdo da falta de patriotismo dos socialistas ao darem mais importância
por questão salarial do que a urgência da deflagração de guerra. Do ponto de
vista de urgência militar, fazia sentido gerar esta reclamação. Hoje, o grupo
Wagner volta-se contra o Putin pelo mesmo motivo de Hitler: falta de munição na
guerra.
Os
mercenários do grupo Wagner, ao verem que Putin estava atrasando a liberação de
munição para os combatentes, entenderam que só o que Putin quer é que esse
grupo seja bucha de canhão num conflito no qual os russos estão tranquilos em suas
casas, enquanto que, sem munições, os mercenários caem como moscas na frente de
batalha.
Eles
entenderam que foram contratados somente para morrerem e desgastarem-se contra os
ucranianos no combate.
E
agora, por estarem fulos da vida com os russos, os mercenários agora estão se
voltando contra Putin.
É
que o Putin, conhecedor de Maquiavel, cujo ensina que não se pode confiar
totalmente nos mercenários porque, caso vençam o combate, podem se voltar
contra o contratante, o ditador russo resolveu gerenciar o conflito. Ao negar
armas, só o que Putin fazia, ao estar tranquilo no Kremlin, era controlar as
mortes tanto dos ucranianos quanto dos mercenários no fronte de batalha. E, com
isso, não precisaria se preocupar porque a vitória demoraria, mas viria ao
natural, sem ser surpreendido pelos mercenários pós-conflito.
Até
aqui, Putin estava trabalhando com a estratégia do café da manhã: “ovos com
bacon”. Ovos com bacon é uma exemplificação que serve como analogia em tomada
de decisão, cuja galinha dar o ovo significa estar somente envolvida no
processo, enquanto que o porco tem que dar o próprio couro que é o bacon para
que a refeição seja feita. E nesse: “ovos com bacon”, Putin era a galinha e o
grupo Wagner o porco.
Um
grupo mercenário não luta por nenhum valor moral estabelecido. Só combate por dinheiro.
E por combater por dinheiro, espera vencer o combate sem morrer. E o que
acontece quando um grupo que quer vencer uma guerra sem morrer vê que o
contratante não fornece as munições na quantidade necessária e no momento
certo, como os combatentes querem? Isso mesmo, o próprio grupo mercenário se
volta contra o contratante.
É possível também entender que os mercenários
se voltaram contra os aliados, no qual isso é chamado de motim, porque estão
sendo financiados pela oligarquia russa que quer derrubar Putin. Afinal,
mercenário vai apoiar quem pagar melhor. É a regra do jogo deste exército
privado que faz guerra por procuração.
Na
guerra entre Rússia versus Ucrânia o jogo virou. Haverá combates dentro da Rússia,
o que testará o exército vermelho pela primeira vez desde o início do combate.
E quem será que vai vencer: O exército preguiçoso russo em maior número ou o
mercenário casca grossa que possui uma guarnição menor? Nessa relação ovos com
bacon, o porco resolveu tirar satisfação com a galinha. E parece que o jogo
virou.
Realmente,
nada surpreende!
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