Por: Júlio César Anjos
A
mensuração do PIB que está sacramentado na comunidade internacional é a que diz
respeito a riquezas materiais, ignorando bens intangíveis como riquezas
naturais e índices de felicidade que medem qualidade de vida dos seus cidadãos.
Se estas atribuições entrassem no ranking global, a Suíça cairia porque possui
um território pedregoso e congelado, a Finlândia subiria no ranking por causa
da satisfação do próprio povo em morar em seu país e o Brasil seria um dos
líderes globais por ter a maior floresta intocada do mundo: a Amazônia. Mas o
PIB é medido por produtividade e transação de negócios. E com isso, os EUA e a China
teoricamente disputam a liderança no mundo. Mas uma coisa tem que ser dita, a China
não passará os EUA em PIB em breve; e talvez nunca.
Desde
as civilizações antigas até os dias atuais, a lógica de poder é a mesma de relação
de: império versus colônia. E só é considerado império quando esse grupo
imperador consiga fazer com que outras civilizações trabalhem para este outro
povo poderoso.
Nas
civilizações antigas, Roma tomou o Egito e a civilização egeia e fez essas
regiões trabalharem para os romanos.
Na
idade média, os reis tinham as suas colônias. Essas colônias trabalharam para
satisfazer os grandes reis da época.
Nas
grandes navegações, a Europa explorou outros continentes para criarem colônias de
exploração [e foi aí que a Europa tomou a África e a América do Sul].
E
hoje, com a criação dos estados-nações, a relação de império nos dias atuais está
condicionada à capacidade de enriquecer mesmo tendo uma balança comercial
negativa. E só um país do mundo consegue essa proeza hoje em dia: os EUA.
A
relação de trocas entre império e colônia era exploratória, ou seja, as
colônias tinham a exportação maior que a importação, ao passo que os impérios
tinham as importações superiores às exportações – o que condicionava riqueza. A
mesma coisa acontece hoje com os EUA perante o mundo. E a única coisa que liga
o passado ao presente é a imposição. Antigamente era pela dominação pela força
e hoje é pela moeda, o dólar.
Note
que a relação dos EUA com a China é de balança comercial desfavorável. A China
produz para os EUA em troca de dólares. E os EUA comercializam com um país que
desvaloriza a própria moeda e não enriquece os seus trabalhadores. E se a China
reclamar, os EUA trocam a China, o seu principal cambiador, pela Índia, como já
está fazendo de fato.
Na
questão de vetor de poder, os EUA conseguem trocar o país que produzirá para
eles; já os Chineses não acham uma superpotência por aí dando sopa para escoar
os seus produtos.
A
própria China se posiciona perante o mundo como uma grande colônia de
exploração. Desvaloriza a própria moeda, não dá direitos trabalhistas para os
seus trabalhadores gozarem qualidade de vida e até mesmo na OMC [organização
mundial do comércio] se posicionam como emergentes para ganharem vantagens por
se intitularem subdesenvolvidos. A China, como qualquer outra colônia existente
no mundo, gera a sua riqueza na lógica da exportação, que nada mais é que
exploração.
Além
de tudo isso, ainda há a questão cultural. A China quer tomar o posto dos EUA
de maior potencia do mundo, mesmo não dispondo neste momento condições para
fazer isto. Porém, o mundo não quer que os chineses dominem o mundo. As
colônias globais chamadas de estados-nações também escolhem a quem querem ser
dominadas. Essas colónias podem não querer os EUA, mas a China não está nem
perto de ser uma alternativa. Em questão cultural, no mundo só o Brasil pode superar
o império do norte – mas não tem estofo para isto.
Esse
texto, de modo algum, é um ataque à China e defesa aos EUA. É só uma análise fria
sobre as condições impostas no momento. E no momento, os EUA possuem capacidade
de manter a balança comercial negativa [com importações superando as
exportações] e a China não quer sair da lógica de ter a sua balança comercial
positiva [exportação superando as importações] porque os chineses querem que as
coisas continuem assim.
E
este status quo beneficia os EUA.
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