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CPMI 08 de Janeiro: Golpe Branco

 

Por: Júlio César Anjos

 

CPI é um instrumento de oposição para investigar o governo. A CPMI de 08 de janeiro foi aberta recentemente e sempre quando tem a audiência pública o debate esquenta politicamente. Só que esta CPI é intermitente. E por sê-la, ao não ter a continuidade diária, essa interrupção não faz o povo abraçar de forma mais incisiva essa investigação.

De caso pensado, para não haver desgaste tanto do governo quanto oposição, os políticos negociaram para que fosse assim.

Além disso, a oposição, cuja pediu esse instrumento para averiguação para investigar o governo, tal situação fez o feitiço se virar contra o feiticeiro, sendo que os bolsonaristas estão sendo acossados ao serem inquiridos no processo. Então, os bolsonaristas se defendem de um processo no qual ajudaram e fizeram questão de abri-lo.

E ao fazê-lo, trabalham com a lógica de que a manifestação não era de caráter golpista porque não se faz uma ação como essa com senhora idosa.

Porém, existe uma coisa chamada: golpe branco.

O golpe branco é um tipo de golpe em que não precisa de forças armadas para conseguir o intento.

Um exemplo de golpe branco faz parte da história brasileira, quando o Getúlio Vargas disse em cadeia nacional de rádio que iria permanecer no poder, sem necessidade de eleição, em 1937.

Os militares não reagiram ao Getúlio e a sociedade civil não estava organizada nem desorganizadamente reagiu-se em manifestação contra o golpe.

   Então, Vargas permaneceu no poder ao dar golpe branco.

O Bolsonarismo, para criar um Brasil paralelo em que os atos antidemiocráticos de 08 de janeiro não eram de cunho golpista, debocha ao dizer que idosas estão à frente do levante e isso é risível do ponto de vista revolucionário.

O problema é que os bolsonaristas fizeram um chamamento pelas redes sociais sobre o 08 de janeiro com o intuito de gerar um capitólio brasileiro.  E só as idosas aceitaram o chamado para este levante popular.

O bolsonarismo esperava, além do civil pacífico, uns 10 mil homens armados para fazer a intentona. Mas esses revolucionários, cujos tiveram facilitações para compras de armas no governo Bolsonaro, além de aumento exponencial de clubes de tiro, não quiseram apoiar um golpe hostil e por isso não deram as caras no factual 08 de janeiro.

Mas a vontade em dar um golpe para manter-se ao poder existiu. Agora os bolsonaristas têm que ir à CPMI na qual eles mesmos pediram, para justificarem-se sobre o ocorrido, sendo investigados e processados pela comissão.

 Além disso, o chamamento para o golpe ocorreu quando o Bolsonaro não era mais presidente. Porque se o ato ocorresse em seu governo, a vinculação como sendo algo vindo direto do gabinete presidencial daria um ar ainda mais de golpe advindo pelo próprio bolsonarismo e não por uma espécie de “vontade popular”, como se o povo fosse às ruas por uma vontade espontânea, sem ter ninguém por trás para organizar, instigar e influenciar para que as pessoas destruíssem os prédios públicos dos 3 poderes, como ocorreu me Brasília.

E apesar de haver uma minoria de militares das forças armadas publicamente querendo um golpe, a corporação como um todo não aceitou fazer esse achaque institucional, ao preferirem manter-se sob o guarda-chuva da constituição e do entendimento da democracia como um instrumento civil.  

Mas como o Brasil é o país da impunidade, essa CPMI terminará em pizza e não dará em nada além de alguns recortes de vídeos para que os políticos da extrema-direita alimentem os seus gados nas redes sociais.

Esse texto serve para alertar que é possível sim fazer golpe até mesmo com um pelotão geriátrico, com vovozinhas, desde que não haja reação para proteger a democracia. A vovó pode sentar na cadeira presidencial e se não houver ninguém para demovê-la de lá, está determinada a ocupação do poder. E a isso é chamado de golpe branco. Mas a sociedade civil não só a tirou de lá, como o povo mandou prendê-la. E agora está toda chorosa na cadeia pedindo direitos humanos. E neste momento revoga-se a frase de efeito: “direitos humanos para humanos direitos”.


 A extrema-direita quer saber a verdade na CPMI 08 de janeiro:


 

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