Por: Júlio César Anjos
Os
ministérios são pilares de estruturação de governo. Ou seja, o governo delega o
poder para as pessoas atuarem em nome do presidente. São como diretrizes que
determinam o rumo que o governo irá trilhar nos 4 anos. E indicam, em forma simbólica,
o modo de vida e a visão de mundo que esse governo irá implantar. Só que a
restruturação de ministério tem que passar pelo congresso. E o congresso
determina se esse governo terá os ministérios que deseja ou não. E neste primeiro semestre do governo Lula, Lira faz algum óbice contrário à organização petista. E isso é um
problemão.
Os
ministérios servem também para direcionar ideologicamente uma população. No
caso do governo Lula, há um grande recado que diz que indígenas, meio ambiente,
direitos humanos e minorias terão atenção. Ao perder a estruturação dos
ministérios, o congresso gera uma derrota não só congressual ao governo, mas
também ideológica ao sacramentar que o “povo” não quer essa nova visão de mundo
e essa novo modo de vida imposto pelas esquerdas. E isso reflete até mesmo nas próximas
eleições.
Outro
fato, sabido por todos, é que ministérios podem servir de moeda de troca entre
governo e congresso no famoso “toma lá, dá cá”, ao trocar pastas por apoios parlamentares.
O governo petista que não quer governar com o centrão, apesar de precisar dele,
por isso está relutante em dividir o poder com outros grupos políticos. E isso
se dá porque também enfraquece a questão ideologia e fortalece o pragmatismo.
Em miúdos: fortalece os adversários ideológicos no futuro.
Até
ontem [30/05/23], o governo petista não estava se dando conta sobre o tamanho
do impacto que seria em perder uma disputa no congresso ao sair derrotado na
restruturação dos ministérios. Além da questão de perder em quantidade os ministérios,
que passariam dos atuais 37 para os 23 do Bolsonaro, poderia perder também a
essência ideológica do governo.
Mas
uma coisa é preciso dizer de antemão: desde a redemocratização, sempre o
governo foi formado por um presidencialismo de coalização no qual o centrão
senta ao lado do poder para tocar o governo até o fim do seu mandato. Sem esse
apoio, o governo começa a sofrer revezes e, com isso, começa a perder até a
função de existir ao estar na presidência da republica.
Deste
modo, então, o Lula irá ceder. Vai pedir para continuar com os 37 ministérios,
irá perder alguns ministérios ideológicos para o centrão, mas conseguirá ter em
troca, no fim, base de apoio de parlamentares no congresso nacional. É a volta
do que nunca foi: “toma lá, dá cá” do centrão.
Na
verdade, o que o Lula fez foi estelionato eleitoral ao dizer que não governaria
com o centrão ao criticar esse grupo político fisiológico que sempre ganha
eleição, além de fazer omissão de campanha ao esconder do eleitor que o poder
no congresso é dissolvido e, por isso, tem que governar até mesmo colocando
junto grupo ideológico antagônico ao seu.
Portanto,
aos 45 do segundo tempo, a água bateu na bunda e o governo Lula viu que perder
a estruturação ministério é um dano que vai além da questão organizacional de
governo; implica em perda de barganha no “toma lá, dá cá” e perde-se, também, a
essência ideológica ao virar um governo moribundo sem apoio de ninguém.
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