Por: Júlio César Anjos
O
arcabouço fiscal foi aprovado ontem [24/05/23] na câmara dos deputados. Pela
regra aprovada, o governo não tem punição [o punido será o servidor público ao
não ter aumento, caso o governo gaste demais], as regras são complexas e o a
licença para gastar está liberada. Em suma: os parlamentares deram um cheque em
branco para o governo fazer o que quiser. Mas, pelo menos, neste ponto em
específico, os petistas não mentiram em campanha, pois as esquerdas queriam
derrubar o teto de gastos ao dizerem que a regra anterior engessa o Brasil. A
verdade é que essa nova regra fiscal é rentismo legalizado.
Não
há mágica quando se trata de administração – seja ela pública ou privada. Não
existe dinheiro grátis e se o governo quiser gerar investimentos, vai precisar
fazer aumento de gastos [por isso a derrubada do teto de gastos]. E para gerar
investimentos [que são gastos], precisa de crédito para “impulsionar” o país. Com
isso, tem que vender títulos públicos para girar essa roda, o que faz a elite
ficar satisfeita com o atual governo por causa do rentismo em vigor.
Aliás,
até “existe” dinheiro grátis. É o dinheiro impresso sem lastro que satisfaz a
geração atual pela bebedeira momentânea, mas que, no fim, quem paga a conta é a
geração futura ao ficar com ressaca de ter que conviver com inflação
descontrolada. Tipo Argentina. Mas esse método não está na regra fiscal
petista [de maneira explícita]. O que está é o rentismo mesmo, ao trocar inflação por dívida.
Quem
sai satisfeito com a regra dos petistas são os rentistas, como os banqueiros que
estão no conselhão do PT: FEBRABAN, Itaú, Bradesco e capital financeiro vendido.
Talvez,
o primeiro a observar que a regra fiscal dos petistas versava somente o aumento
de gastos, pois, se o Brasil cresce aumenta a despesa, e se o Brasil entra
crise aumenta-se a despesa também para sair do atoleiro, foi este que vos
escreve com o texto chamado: “Arcabouço Fiscal do Haddad: Manicômio Fiscal”.
A
regra é essa: se o Brasil estiver bombando, cresce a despesa. Se o Brasil
entrar em crise, cresce a despesa também. Ou seja, rasgou-se a lei da
responsabilidade fiscal para atender o establishment.
Isso
significa dizer que pode fazer aumento de dívida pública na crise, ao invés de
cortes nas despesas. Portanto: rentismo.
Essa
condição acaba com a fantasia de achar que as esquerdas são contra os rentistas
e o grande capital, sendo defensor do pobre prejudicado pela elite malvada.
Na
verdade, o PT, desde a criação do Plano Real, sempre atendeu os rentistas da
elite nacional e só o que a esquerda faz é destinar migalhas para os pobres se
calarem. E quem paga a conta sempre é a classe média. Ou todo mundo esqueceu que
os recordes de lucros dos bancos se deram justamente nos governos petistas?
Agora,
a pegadinha. Como foi derrubado o teto de gastos, cujo não foi respeitado pelo Bolsonaro,
agora sim o PT tem uma licença para gastar em período eleitoral. Para não ficar
tão na cara e gerar rejeição, os petistas vão sossegar nas eleições municipais
de 2024. Mas na eleição majoritária de 2026, o PT fará caixa-2 legalizado ao
aumentar a dívida pelo rentismo, para ganhar eleição com essa elite
estabelecida ao criar uma melhora artificializada, fingindo um Brasil prospero.
Brasil “feliz de novo”, artificialmente, no segundo semestre de 2026.
O
arcabouço fiscal está a gerar a nomenclatura com K. Uma elite dirigente, junto
com um governo populista, eternizando-se ao poder. Grandes lucros para os
rentistas e migalhas para os pobristas. E eternização do poder pelo
bolivarianismo. Isto tudo com ou sem descontrole de inflação.
Quando
se fala que um grupo político que está no poder pode aumentar gastos sem
punição, o que está se aprovando é que esse grupo faça caixa para, com o poder
do capital, comprar quem quiser. E as pessoas se vendem. A elite se vende com
rentismo, o pobre se vende pela migalha do programa bolsa família e a classe
média se vende ao ganhar um extra em período eleitoral.
Porque:
a única punição do governo é não dar aumento para funcionário publico [isso nem
punição é], sendo que o servidor público é agente de Estado. Ou seja, punição
ao Estado somente.
Portanto,
o fim do teto de gastos pela aprovação do arcabouço fiscal é uma licença para
gastar. E como dinheiro não nasce em árvore, o governo para aumentar
investimentos terá que buscar recursos por meio de venda de títulos, caso não
queria gerar inflação descontrolada. E se tem que vender títulos, os
investidores são os rentistas, grupo econômico falsamente criticado pela
esquerda. Ou seja, o arcabouço fiscal é o rentismo legalizado.
A
pergunta é: o arcabouço fiscal sem punição ao governo passará também no senado?
***
Arcabouço
Fiscal do Haddad: Manicômio Fiscal
Fonte:
https://efeitoorloff.blogspot.com/2023/04/arcabouco-fiscal-do-haddad-manicomio.html
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