Por: Júlio César Anjos
Deu
no poder 360 [26/04/23]:
Abram-se aspas.
O
senador Cid Gomes (PDT-CE) utilizou um quadro e giz para criticar a taxa
básica, a Selic, em audiência pública com o presidente do BC (Banco Central),
Roberto Campos Neto.
Fecham-se aspas.
A
conta que o Cid Gomes fez é verdadeira, apesar de ser marota. Realmente, com
uma dívida em 7 trilhões, e com uma taxa Selic de 13,75%, cerca de 510 bilhões
vão para pagar o serviço da dívida.
O
problema, do qual o deputado esquerdista não entendeu, é que justamente o seu
teatrinho com a lousa de brinquedo faz a taxa básica de juros ficarem no patamar
em 13,75% a.a. Porque a vontade que o governo está em baixar os juros na
marretada gera desconfiança. E ao gerar desconfiança, o investidor não irá
comprar títulos do governo sem ter algum tipo de ágio como contrapartida.
Além
disso, como já fora mencionado por este mesmo blog, investidores estrangeiros
não vão querer alocar os seus recursos em uma moeda fraca sem ter uma atratividade
que valha a pena arriscar. O Brasil não gera dívida em moeda estrangeira, mas
cria dívida pública em moeda nacional. Para rolar essa dívida precisa de
investidor. E o investidor não quer ver teatrinho de lousa para espancar a taxa
de juros no porrete, mostrando insegurança econômica porque o deputado quer
fazer populismo barato.
Outra
coisa que vale destacar é que Cid Gomes fez a relação taxa de juros e
desembolso público para pagar rentista. Porém, ele se esqueceu de fazer outra
conta. A da relação de aumento de inflação e os seus problemas correlatos.
A
partir do momento que se baixa a taxa Selic na marra, a inflação sobe. A
inflação subindo, o governo terá que reajustar salários [corporativismo],
previdência [tanto a dos cidadãos quanto dos servidores (já viu em que pé está
a aposentadoria dos militares?)], despesas do próprio estado porque tudo
aumenta de preço. A fuga de capitais aumenta. Desvaloriza ainda mais a moeda nacional
que fica fraca e pouco atrativa para negócios. O governo não consegue trouxa
para rolar a sua dívida. E neste momento, o governo terá que corrigir a burrada
que fez ao ter que jogar a taxa de juros na estratosfera. É mais ou menos essa
a receita da moratória. É caminho para virar Venezuela e Argentina.
Cid
Gomes, ao usar a lousa para fazer populismo barato, só deu azo para que a taxa
fique neste patamar. Talvez o parlamentar ganhe alguns eleitores desavisados
nas próximas eleições, mas a ação deste pedetista só fortalece a decisão
acertada de autonomia do banco central.
Porque
esse problema de rentismo acontece desde o descobrimento, desde o Brasil colônia.
Cid Gomes quis bombar nas redes porque revelou uma verdade universal, numa
lousa de brinquedo dentro de uma comissão, algo que é estrutural no Brasil: o
rentismo predatório. Uau! Eureka!
Agora,
o presidente do Banco Central falou em confiabilidade e previsibilidade. E infelizmente,
à frente do Banco Central ele cometeu alguns equívocos como: 1) erro no fluxo
cambial em ano eleitoral [esconderam fuga de capital]; 2) juros negativos no
gov. Bolsonaro [hoje, Campos Neto refuta Campos neto]; 3) desvalorização da
moeda para atender exportador [e gerando inflação com isso]. Ou seja, Campos
Neto não tem previsibilidade nem confiabilidade.
E,
por fim, não dá para comparar o Brasil com os EUA, como o Cid Gomes fez na sua
lousa de brinquedo, porque os ianques simplesmente não possuem o mesmo problema
que o Campos Neto, que é cumprir meta de inflação. Os EUA, a “meca do
capitalismo”, não tem meta de inflação porque exporta inflação ao imprimir
dólar e espalhar ao mundo.
Se
o Banco Central baixa os juros no porrete, o governo terá que pagar não 510
bilhões em ágio para os investidores, mas trilhões porque só assim conseguiria
rolar a sua divida por causa da insegurança econômica promovida pelo próprio governo.
Fonte Banco Central Independente:
https://efeitoorloff.blogspot.com/2023/02/banco-central-independente.html
Fonte:
https://www.poder360.com.br/economia/cid-gomes-usa-quadro-e-giz-para-criticar-campos-neto-no-senado/
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