Por: Júlio César Anjos
A
administração do governo é como a zeladoria de um condomínio. Num condomínio,
quando o síndico termina de resolver o problema de falta de pintura, aparece
problema de encanamento. Quando termina um problema de encanamento, vem problema
elétrico. Quando encerra o problema elétrico, vem problema de telhado. E o
tempo passa até o problema virar a pintura de novo. Note que o sindico não diz:
“acabaram-se todos os problemas”. Ele diz: “um problema a menos”. A única coisa
que um síndico não pode fazer, senão fica evidente o relaxo, é deixar acumular
problemas, em que o condomínio fica caótico. Porque a construção e a destruição
são cíclicas. E isso tem tudo a ver com [a falta de] pedágio nas estradas do Paraná
e o governo do Ratinho Junior.
Se
o Ratinho conhecesse a sabedoria do: “um problema a menos”, não deixaria as
estradas do Paraná se deteriorando por um ano e meio. Ele já teria feito
esforço político, exigindo implantação imediata, logo em seguida ao término de
contrato das concessões das estradas. Não teria deixado nem mesmo as cancelas
abertas, o que faria a sociedade cobrar os serviços nas estradas diante a
responsabilidade das empresas de pedágio e não diretamente ao governador do
Estado.
Mas
Ratinho fez o que não está no manual do bom gestor: deixou os problemas se
acumularem. E, com as cancelas abertas, os problemas estão se acumulando sem
parar. São mazelas que geram efeito cascata.
O
primeiro problema deriva do caixa do Estado. Como o pedágio é um imposto [se
não sabiam disto, estão sabendo agora], abrir a cancela é até pior que fazer
renuncia fiscal. Porque se de um lado o governo não arrecada com impostos
estaduais pelo serviço prestado, de outro o próprio estado tem que fazer a
manutenção preventiva e corretiva das estradas estaduais e/ou federais que
percorrem o seu território.
Ou
seja, além de não recolher impostos, ainda tem que pegar dinheiro do
contribuinte, que eram destinados para outros serviços, para destinar a manutenção
das estradas. A cancela aberta troca uma arrecadação certa [ativo] por um gasto
público certo [passivo].
Na
secretaria de infraestrutura, o secretário está acumulando trabalho porque tem
que se dedicar em conservar estradas, tendo que empenhar recursos para isto,
fazendo o governo ter que se incomodar com um problema de fácil resolução: a
concessão. Porque, ao fazer a concessão, além de terceirizar os problemas e recolher
impostos, o investimento enviado para a pasta de infraestrutura poderá ser dedicado
para outras ações que também necessitam ser atacadas pelo estado.
Como
o estado não tem dinheiro para fazer por conta própria a manutenção preventiva –
para evitar que as estradas se deteriorem -, elas começam a se danificar. E ao
se danificarem, obriga o estado a fazer manutenção corretiva. E tudo isso
poderia estar sob a responsabilidade da concessionaria de pedágio em ter que
esquentar a cabeça ao resolver os problemas, ao invés do secretário de
infraestrutura e o governador.
Como a manutenção corretiva é muito mais cara
que a preventiva, o governo tem que empenhar ainda mais dinheiro que não tem
para resolver o problema que surgiu por causa desta deterioração.
E
aí o governo passa a ter lentidão para resolver os problemas. Para desobstruir
uma via demora um bom tempo, e para tampar os buracos levam-se mais tempo
ainda. O serviço fica precário e a qualidade do asfalto também.
Os
usuários também perdem com a concessão. Com a pista ruim, o carro se desgasta
de forma mais rápida do que com a via límpida. Gastam-se mais com combustível
quando a estrada está esburacada. Gastam-se com suspensão, com manutenção e
deterioração do automóvel como um todo. É por isso que o usuário da estrada não
reclama muito quando o pedágio tem preço justo.
E para as empesas de transporte, de um lado
tem a perda do desgaste dos veículos que baldeiam a produção – seja agrícola, industrial
e de serviços -, mas compensariam com a cancela aberta. Porém, perdem em eficiência,
pois, por exemplo, a demora em desobstruir uma estrada causa prejuízo e etc. Ou
seja, não é bom para quem trabalha a cancela estar aberta, porém com as vias
sem manutenção e obstruídas.
Ao
analisar prós e contras, ao fazer a concessão o governador não só está se livrando
dos problemas, ao terceirizar, como também está arrecadando mais impostos para
alocar esses recursos em outras áreas de atuação.
O Paraná poderia ter
resolvido o problema da concessão das estradas federais que atravessam o
estado. Em janeiro de 2019, o Ratinho Junior já sabia que o contrato das
concessões acabaria em novembro de 2021. O governador tinha o presidente da
república, o Bolsonaro, como um aliado, cujo não faria óbice sobre a decisão de
quem iria controlar as estradas do estado. Mas Ratinho quis ser populista,
postergar o problema, para ganhar eleição de 2022 no primeiro turno por
populismo. Abriu a cancela, deixou as estradas voltarem ao controle federal,
mudou o presidente, e agora estão de mãos atadas esperando decisões de
Brasília. Se isso não é incompetência, este que vos escreve não sabe o que é.
Ratinho
Junior, ao não fazer a renovação da concessão imediata, deixou criar um
problema a mais. E por causa disto, é sim o pior governador desde a
redemocratização. As estradas federais sem concessões falam por si.
Ou
seja, Ratinho Junior, cujo é considerado um síndico do Centro Cívico [porque
não sai do centro de Curitiba], mostrou que nem pra síndico serve. Porque os
síndicos administram e sabem que a boa gestão é a arte de criar “problemas a
menos”.
Estradas
do Paraná sem pedágio: quanto mais tempo passa, pior fica. Ratinho culpado.
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