Por: Júlio César Anjos
Este
é um momento em que quem lê este blog já sabe a força da contradição política. Um
político só é considerado forte quando consegue fazer contradição sem perder
capital político e eleitoral. E esse poder só pode ser conquistado quando a
relação é sentimental, ao invés de racional, por uma parcela da população perante
esta figura pública. E é aqui se constroem populistas como Lula e Bolsonaro,
cujos fazem contradições sem parar e não perdem base de apoio de uma parcela da
sociedade porque os seus erros não causam danos. Lula fez a maior contradição
de todas neste episódio do Moro versus PCC e é preciso desmascará-lo porque é o
certo a fazer.
No
dia 21 de março de 2023, Lula disse esta frase para o blog sujo Brasil 247: “Só
vou ficar bem quando foder com o Moro”. Um dia depois, no dia 22, A Polícia
Federal faz uma operação para prender uma célula do PCC que queria matar o
Moro. No mesmo dia, Flavio Dino roubou o holofote para si, ao dizer que a PF
prende até os adversários do presidente. E no dia 23, o Lula volta a falar e
insinuar que o Moro estaria armando contra o petista e que estaria por trás da
operação contra o PCC, que não passa de uma fraude.
O
mais importante de tudo é saber se o Flavio Dino sabia ou não se a operação
estava em curso. E agora, sabe-se que o ministro da justiça não sabia que a
Polícia Federal iria fazer o seu trabalho um dia após a fala do Lula. Ou seja,
toda a tese de que a PF trabalha até mesmo para proteger os adversários do
presidente caiu por terra. A PF, a parte que ainda não está aparelhada,
trabalhou com suposta independência.
Isso
desmascara Reinaldo Azevedo, Felipe Neto e a mídia pró-governo em geral que
defenderam essa tese furada.
Quem
confessou que o Flavio Dino não sabia da operação foi o próprio Lula, ao dizer
que a operação contra o PCC foi uma armação do Moro. E se é uma armação do Moro,
também derruba a tese de que a polícia federal esteja protegendo a vida até
mesmo dos adversários do Lula. Porque a polícia do Moro protegeu o Moro.
Dia
21 de Março Lula queria foder o Moro. E dia 23 de março, Lula falou que a
operação contra o ex-juiz da lava-jato foi uma armação feita por ele. Portanto,
Moro não foi fodido. Note que a contradição não está na fala do Lula, mas dos
seus aliados que criaram uma lógica de que a polícia federal age para proteger
até mesmo os adversários políticos, sendo que o trabalho da polícia em geral é
servir e proteger todo cidadão brasileiro independente de qualquer coisa.
Agora,
a pergunta que fica é sobre aquilo que não aconteceu. Se o Flavio Dino soubesse
da operação com antecedência, o ministro da justiça abortaria a operação? Muito
provavelmente que sim.
O
petismo não deixaria a operação ocorrer um dia depois da fala lamentável de bêbado
de boteco do Lula, ao dizer que queria foder o Moro. E também porque eles
querem foder o Moro. Questão de cálculo político.
O
Moro não controla a Polícia Federal, mas a PF do Paraná só agiu no dia seguinte
porque o Lula fez a fala infeliz sobre o ex-juiz da lava-jato. Isso é fato.
Então,
esse negócio de: “não há em Hollywood um roteirista melhor do que a política no
Brasil” é falaciosa porque o que se vê são ações e reações das instituições ao
quererem fazer política.
E
como são feitas ações e reações na política, as contradições começam a
aparecer. Porque é preciso justificar a chicana em curso, tanto do lado do governo
quanto da oposição.
E
se contradição gerasse dano político e eleitoral, nessas horas Lula, Bolsonaro,
Sergio Moro e quaisquer outros populistas sem noção estariam aposentados. E não
é o que vai acontecer.
Mas uma
coisa é fato sem contestação: O PT tem sim relação com o PCC. E isso, até
agora, nenhum petista foi aos holofotes negar.
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