Por: Júlio César Anjos
Antes
de tudo, que se defina o que é a lei da escassez e a lei da da oferta e da
procura [demanda]. Segue:
Abram-se aspas.
A
lei da oferta e da demanda: Se a oferta é maior do que a demanda, o preço tende
a cair, e se a demanda é maior do que a oferta, o preço tende a subir. O ponto
de equilíbrio entre oferta e demanda determina o preço final do produto.
Escassez
é o problema econômico fundamental de se ter desejos humanos praticamente
infinitos em um mundo de recursos limitados. Ele postula que a sociedade tem
meios de produção e recursos insuficientes para atender aos desejos e
necessidades de todos os seres humanos.
Fecham-se aspas.
Diante
das definições, agora sim dá para explicar a inflação de demanda de alimentos
no Brasil.
Lei
da escassez: o Brasil não tem produtividade necessária para atender tanto o
mercado interno quanto o externo ao entregar alimentos com preço justo para os
brasileiros. [e nem quer fazer isto]
Lei
da oferta e da procura [demanda]: Se muitas pessoas possuem condições de
comprar alimentos [procura], mas os alimentos são escassos [porque muito
alimento está indo para fora do país], os preços tendem a subir.
Deste
modo, então, o Brasil passa por estes dois problemas: a escassez em ter que
atender primeiro o mercado externo e faltar alimentos para atender o mercado interno.
E o problema de desiquilíbrio de oferta e de procura, em que o preço está
aumentando porque muita gente tem condições de comprar o alimento indisponível
para todos [por causa do Auxílio Brasil], o que gera uma espécie de leilão nos
preços.
Como
resolver? É complexo. Mas o problema está no câmbio. Se o real estivesse
valorizado, os exportadores teriam mais dificuldade em vender para o
estrangeiro e os importadores ficariam desestimulados em comprar os alimentos
do Brasil. Isso faria com que os alimentos mantivessem no país, gerando oferta
maior que procura no mercado doméstico, o que geraria estabilidade
inflacionária.
Outra
condição que pode forçar redução de preços se dá no Imposto de Exportação. Se
elevar esse imposto a um patamar quase que proibitivo para exportar, os
produtores do Brasil teriam que manter os alimentos no mercado brasileiro. Só
que este imposto gera chiadeira e oposição.
Outra
forma de combater a inflação é aumentar ainda mais a produtividade. Só que esse
fator não é interessante para o produtor porque o empresário sempre visa
maximização de lucros pelo menor esforço possível. Então, diante a capacidade
instalada já existente, o melhor é vender os alimentos em dólares pela
exportação – ou seja, real desvalorizado não é ruim para o exportador, do que
ter que fazer mais produção e se incomodar mais com isto.
Agora,
diante tais circunstâncias existentes, os preços tendem a subir até alcançarem
o patamar que seja condizente com a liquidez feita pelo Auxílio Brasil [que
virará bolsa família] de 600 reais e ao aumento de salário de 1320,00. Ou seja,
1 ano ou 1 ano e meio pelo menos para a taxa Selic ficar abaixo de 2 dígitos.
Isso se o governo petista não cometer erros nesse período. Antes disso, esqueça
Selic baixa.
Na
reunião do CMN para decidir a meta de inflação, Haddad, Tebet e Campos Neto se
reuniram para decidir o percentual da meta. O PT queria aumento de inflação,
mas o Haddad decidiu em manter tudo como está. O motivo? O BACEN explicou que
há uma inflação de demanda em alimentos. Aumentar a meta de inflação é
sinalizar para os vendedores de que está liberado ligar o marcador de preço. Ou
seja, aumento de inflação ainda maior do que o já esperado. E, com isso, não se
pode também mexer na Selic porque ela controla essa inflação de demanda. Em
miúdos, desacelera o consumo. Ou seja, por incrível que pareça, o que está em
curso está certo.
Essa
inflação de demanda já foi explicada no texto. O BACEN [Banco Central] explicou
tudo bem explicadinho para os petistas que, como bolsonaristas, não querem
resolver nada e só querem tumultuar. Só querem fazer populismo barato. E quem
disser o óbvio, que há uma inflação de demanda de alimentos no Brasil, vai ser
considerado centrista radical [se é que isso existe].
Taxa
de juros não é algo regido pela vontade dos políticos. E políticos não possuem
vara de condão para baixar juros no porrete e não haver nenhuma consequência
negativa na economia como reação.
Mas
uma coisa é fato: a política é superior à economia. E se o governo quiser fazer
o terraplanismo econômico, como a Dilma fez no passado, o governo pode fazer. O
problema é que o Haddad não quis mexer na meta de inflação na última reunião do
CMN. Só para constar.
E,
por fim, uma crítica ao “Tio Rei”. O problema do Reinaldo Azevedo, por exemplo,
como defensor do petismo, é que no campo jurídico ele se acha superior aos
ministros do STF. E no campo econômico, se acha superior aos economistas clássicos-ortodoxos
do mundo. É muita arrogância para pouco livro publicado. E o resultado é que o
criador do neologismo “petralha” acaba virando porta-voz de terraplanismo
econômico. Um porta-voz com grande audiência e com uma falsa reputação.
Ao
contrário o que pensam os economistas terraplanistas de esquerda, a liquidez não é uma demanda inelástica.
Sendo assim, se o governo não destinar nenhum valor de auxílio, a economia se
comporta de um jeito. E se o governo destinar 5 mil de auxílio [exagerando para
critério de exemplo], a economia se comporta de outro. Esse é o problema do Auxílio
Brasil aumentado em 600 reais e ampliado antes da eleição. É populismo econômico
que tem consequências como a inflação de demanda que a esquerda finge rejeitar
a existência. Ou até sabe deste problema, mas finge desconhecer para fazer
populismo e ganhar eleição de forma... populista.
E
depois Reinaldo Azevedo fica ofendidinho quando Demétrio Magnoli e Pastore lhe
chamam de populista. Se não é populista, é terraplanista econômico com convicção.
***
Obs: eu acho que os supermercados acataram o pedido do Paulo Guedes antes da eleição, que era para represar o preço dos alimentos [e produtos na gôndola do supermercado] até passar a eleição. A eleição passou e agora os supermercados estão repassando a inflação essa inflação acumulada que é sim uma inflação de demanda.
Esse
texto foi feito para reafirmar o meu comentário no Twitter.
"Tio
Rei" só desconhece as leis da escassez e oferta e demanda na economia. O
CMN não pode aumentar a meta de inflação por causa da inflação de demanda
[Auxílio Brasil]. E isso faz a taxa Selic estar em 2 dígitos. Tio rei virou tia
rainha do Breno Altman.
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