Pular para o conteúdo principal

Partidos: Ascensão; Queda; Retomada

 

Por: Júlio César Anjos

 

O que vai ser escrito aqui é algo extremamente óbvio, mas é preciso fazer a categorização para ilustrar a ascensão e queda de qualquer partido político em atividade no Brasil e no mundo. 

São cinco os passos para a ascensão e queda de um partido: 1) Filiação, 2) Atração, 3) Composição, 4) Desgaste e 5) Desfiliação. 

Filiação. É o mais óbvio de todos, pois, a partir do momento que um partido vê que as pessoas estão se filiando, ainda mais com crescimento dos jovens ao se engajarem para unirem-se em massa ao partido, esse crescimento orgânico significa sucesso político e eleitoral. A primeira coisa que se vê é a questão de crescimento ou não de filiados, principalmente os jovens, na legenda.

Atração. Para concorrer a uma eleição, é preciso não apenas atrair os filiados como também se deve buscar pessoas populares na sociedade que puxem votos. Pessoas conhecidas no meio social que conseguem captar votos. Um bombeiro que todo mundo ama, uma jornalista amplamente reconhecida, um político carreirista que já tem uma base eleitoral fixa, todos esses agentes ajudam um partido ter sucesso político e eleitoral ao concorrerem pela legenda.

Composição. Aqui é a formação de blocos para ser competitivo em período eleitoral e pós-pleito. Antes da eleição, formar bloco para concorrer eleitoralmente junto. Veja o exemplo de 2022. Com filiados e conseguindo ter atração política [com populistas como Lula e Bolsonaro] a esquerda e direita polarizaram em coligações e quem estivesse bem envolvido e comprometido nestes polos teve vitória eleitoral. E após ter sucesso eleitoral, consegue-se fazer composição nas casas legislativas e nos executivos.

Desgaste. Aqui é o desgaste natural. Tudo o que sobe tende a cair e tudo que desce pode subir. É o ciclo político natural e não há mal que perdure nem bem que tanto dure. O desgaste vem e é inevitável.

Desfiliação. A desfiliação é o último vagão do trem. O processo de desfiliação só acontece quando os outros 4 casos citados anteriormente já ocorreram.

Portanto, todo mundo olha para a desfiliação, mas é imprescindível observar que o processo de ruína de um partido se dá em não conseguir obter filiados, não atrair gente boa para disputar eleição, não conseguir fazer boas coligações com as composições e ter desgaste natural vinda de um longo tempo dando as cartas no jogo.  A desfiliação é o último vagão do trem, na qual se mostra de forma visual que as pessoas estão se desvinculando daquela legenda em específico.  

 

***

Agora, esse texto voltado ao PSDB:

O PSDB nos últimos 4 anos não teve crescimento em filiados no Brasil.

O PSDB sofreu para atrair pessoas populares que quisessem concorrer pela legenda em 2022.

O PSDB não quis [e fez o certo pelo ponto de vista moral] se compor com os agentes polarizadores e foi castigado na urna. E agora está TEMPORARIAMENTE no limbo no congresso.

O PSDB estava tão desgastado que chegou ao ponto de perder a eleição em São Paulo após governar o Estado por 28 anos.

O PSDB perdeu muitos filiados até agora. O mais emblemático foi a senadora Mara Gabrilli que saiu do PSDB para ir para o PSD [aviso ao PSD: não aceito devoluções].

 

***

A política é cíclica e pendular:

 

Um grupo político tem poder quando tem a capacidade de fazer contradições sem ter perda eleitoral e política. Só que esse poder não é eterno, pois ele se desgasta ao tempo. E ser base do governo e oposição é fazer contradições. As contradições geram desgastes e os desgastes geram a lepra política.

O que faz um partido não morrer é ter muitos legados e feitos históricos.

É por isso que mesmo vendo atualmente o PL com 99 deputados federais e o PSDB com apenas 14, os tucanos tendem a voltar ao poder num futuro próximo, enquanto que o PL pode até mesmo sumir.

E quando o povo não quer um grupo político, não adianta jorrar bilhões em investimento eleitoral que mesmo assim esse grupo político cairá [isso é empírico até].

Porque o PSDB tem feito histórico e legado. Já o PL é somente um partido do centrão, sem legado nem feito histórico nenhum.

É por isso que a política, às vezes, gera muitas miragens e cenários temporários enganosos que fazem muita gente boa errar na tomada de decisão [como no erro da Mara Gabrilli].

O PSDB, já no segundo semestre de 2023, voltará a ter crescimento de filiação. E em 2024 será muito competitivo nas eleições municipais.

Quem viver, verá.

 



Comentários