Por: Júlio César Anjos
Lula
expôs ao mundo a situação da tribo Yanomami que vive na Amazônia. O povo
indígena está literalmente morrendo de fome. É praticamente um genocídio o que
está acontecendo na região norte do Brasil. E como tudo no Brasil vira esquerda
versus direita, é preciso fazer considerações.
Há
um grupo pequeno de extrema-esquerda que teoriza sobre os yanomamis serem uma
tribo criada pelos EUA para o império norte-americano controlar a Amazônia. Como
é uma desinformação, ela tem um fundo de verdade. E para entender isso, é
preciso voltar aos anos 90 na era FHC. Os governos do Brasil e EUA estavam
fechando um acordo para controlar a segurança da Amazônia com o projeto SIVAM.
E como cordialidade dos ianques, eles criaram ONGs cujos faziam as caridades
para todos os povos indígenas, sendo um deles os ianomâmis. O Lula ganha a
eleição em 2003 e, de maneira totalmente errada, a esquerda utiliza essa “fake
news” para expurgar os estadunidenses da região, desabilitando o projeto SIVAM,
ao alegarem “soberania nacional”.
O
Brasil trocou a cooperação junto aos EUA para colocar no lugar o chamado fundo Amazônia,
tendo que o Brasil cumprir algumas regras ambientais para obter recursos
internacionais. O mundo, aos olhos dos estrangeiros, entende que só restaram a Amazônia
e a floresta do Congo como biomas com riquezas em biodiversidades e, por isso,
não podem ser desmatadas.
Ou
seja, não importa se a proteção à natureza venha por qualquer lado do mundo, o
índio não pode desmatar – assim como ninguém – para produzir a sua própria alimentação
de subsistência. Portanto, alguém tem que ajuda-los para poderem comer. E o
ajudante, por fazer parte do território nacional, teria que ser o governo [o
Estado] brasileiro.
Deste
modo, num primeiro momento foi retirada a assistência que os EUA davam para os índios
da Amazônia para que o próprio Estado/governo brasileiro, com autonomia/soberania,
assistisse os índios pelo fundo Amazônia. Isso aconteceu até o Bolsonaro chegar
ao poder.
Aí
veio o Bolsonaro com a sua ideologia nefasta de “passar a boiada”. O governo
Bolsonaro não cumpriu os requisitos para obter o fundo Amazônia porque deixou o
garimpo ilegal correr solto. Ou seja, o governo Bolsonaro abdicou de buscar o
recurso do fundo Amazônia, não fez nenhum acerto com alguma ONG para resolver
os problemas dos indígenas e deixou a região ao “deus dará”. E como se sabe, o “deus”
mito deu a morte pela fome aos indígenas que moram no norte do país.
E
como o Brasil trabalha politicamente com a logica binária de esquerda versus
direita, a esquerda expõe esse genocídio aos povos indígenas, enquanto que a
direita culpa a esquerda de que não há ONGS para resolver o problema da fome na
Amazônia.
A
direita acha que, pela teoria ANCAP, se o Estado sai das costas das pessoas as
coisas melhoram porque o povo se vira. Mas isso não se aplica no caso dos indígenas
que: de um lado não podem desmatar para criar próprio alimento; e de outro são
impossibilitados de usar áreas desmatadas por grileiros ilegais. Ou seja, os indígenas
ficam espremidos nas regras impossíveis para sobreviver. É por isso que os ianomâmis
estão esqueléticos e morrendo de fome.
Outro
fator é que ONG não é monopólio da esquerda. Há uma tese na direita de que se o
Estado sair do cangote do povo, as pessoas se organizariam e fariam a “caridade
capitalista”. Ou seja, grupo de pessoas, de forma espontânea, organizar-se-iam
para resolver os problemas sociais. E, de novo, na teoria é uma coisa e na
prática é outra.
Os
ianomâmis provaram, por empirismo, que a tese de que basta o Estado sair para
tudo melhorar é algo extremamente farsesco.
E
o Lula, malandro que é, ao fazer essa exposição aos indígenas, fez uma tacada
de mestre. Na questão interna nacional venceu na narrativa política; e no campo
externo internacional, pressiona os países ricos a cumprirem o investimento do
fundo Amazônia.
Além
disso, o que fica de lição é que se a esquerda não pode ver um bandido que já
corre defender, a direita não pode ver direitos humanos que já corre combater.
Os
ianomâmis simplesmente foram abandonados por todos. Não teve caridade cristã,
nem caridade socialista, nem caridade capitalista, nem caridade internacional
[Ongs], nem caridade vinda pelo governo brasileiro. Só que todos querem fazer política
usando os frágeis ianomâmis ao querer culpar o seu opositor.
Lula expos o problema e agora terá que
resolver. E que essa tragédia da fome não volte a se repetir.
Se
a direita quer vencer as esquerdas politicamente, que se faça da maneira certa:
mostrando que o projeto SIVAM é superior ao fundo Amazônia. E não pela lógica
burra de cobrar ONGs, dando a entender que as organizações não governamentais
sejam monopólio da esquerda [como se não houvesse caridade cristã, capitalista e
etc].
E
nem precisa dizer que o Bolsonaro está com lepra política. Não serve para as próximas
eleições porque o petismo fará o conta-gotas [colocar escândalo do Bolsonaro na
mídia de tempo em tempo para jogar a opinião pública contra a direita] e o
bolsonarismo irá desfalecer.
“Deus , pátria, família e liberdade”. Menos para
os índios
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