Por: Júlio César Anjos
Havia
uma época em que as cidades, ao quererem celebrar seus aniversários, faziam
festas com um bolo gigante de comemoração. Eis que todo o povo ficava todo
ansioso esperando pegar o pedaço do confeito. E a partir do momento em que se
liberava pegar uma parte do doce, o povo avançava de uma vez só e gerava a
selvageria de pegar a comida com as mãos e fazer todo aquele ato de ataque
animal que ficou muito conhecido nos vídeos de internet. Se numa
confraternização já é impossível controlar a massa, é possível constatar que uma
massa totalmente histérica e ideologicamente enlouquecida, que rumou para o
centro político de o Brasil, não iria manter-se racional e pacífica como é devido. É óbvio que a manifestação não seria pacífica, perderia o controle e chegaria ao
ponto que chegou: atos de terrorismo. Porque caos controlado não existe.
O Olavo de Carvalho defendia a ideia de ter um
grupo sectário extremista, aos mesmos moldes dos extremistas de esquerda, para
fazer pressão contra os seus adversários políticos. E um dos leques de ativismo
politico era pedir, mas sem conseguir, a intervenção militar – ou seja, golpe.
É óbvio que isso não se passa de uma má-fé filosófica, pois, se o pedido de
golpe não der certo fica o sentimento na população, mas se funcionar até mesmo
o golpe quem fica no poder é a direita. É o duplo padrão dialético que os
grupos ideológicos fazem mundo afora. Basta lembrar que a esquerda também fazia
esse padrão quando estava no poder, pois, basta se lembrar da época da copa do
mundo, em que o PT trouxe o campeonato para o Brasil, estava fazendo a organização,
e a oposição com o “não vai ter copa” ficou a cargo do PSOL, também da
esquerda, com o Boulos. O resultado disso se deu numa copa cheia de problemas
de organização e com o povo desgostoso com o espetáculo mundial. Mas o que
explica essa dialética é a contradição de querer e não querer ao mesmo tempo
porque o mesmo grupo politico controla as duas pontas da discussão politica.
Agora, mesmo havendo caos nisso tudo, há de
convir que realmente o bolsonarista faça política de verdade. Porque, ao
mimetizar as esquerdas, essa direita entendeu que para fazer política é preciso
existir. E para existir, é preciso agir. E ao agir, vai cometer muitos erros e
acertos, mas sempre estará em evidência no debate político. E assim como a
invasão do MST não gerou problemas maiores para as esquerdas tanto nas eleições
de 2018 quanto de 2022, essa invasão aos três poderes feita pela
extrema-direita será piada de salão numa eleição de 2026, pois, a esquerda terá
que governar até lá e quem governa gera desgaste, decepção e rejeição. É só
lembrar que o Bolsonaro conseguiu fazer com que o povo esquecesse que a
esquerda é podre com os grupos terroristas MST, MTST, CUT e afins, porque agiu
e governou muito mal.
Note
que essa ação provocada pela extrema-direita disciplinou a esquerda sob o
governo Lula. Pois, se as esquerdas, que se dizem defensoras da democracia,
derrubarem uma lata de lixo na rua, serão equiparados aos bolsonaristas porque
a extrema-esquerda também tem um passado vergonhoso no estilo bolsonarista.
Na questão político-ideológica, agir mesmo que
de forma errada, é muito superior ao não agir, que nada mais é do que sinônimo
de não existir. Ou seja, para a política, fazer alguma coisa, mesmo que seja
até mesmo totalmente imbecil, é superior ao não fazer nada.
E
voltando ao caso da inexistência do caos controlado, nota-se que o que se
esperava era esse grupo sectário chegar até ao ponto de invadir, mas sem
depredar as obras de arte contidas nas sedes dos três poderes. A
extrema-direita passou do limite e terá num curto prazo lepra política.
Mas
ainda assim a extrema-direita por fazer atos e existir é superior a qualquer
grupo político do centrão que, acovardado deixa de agir, inexiste politicamente
de fato, e sempre será linha-auxiliar de qualquer grupo que vá para a rua fazer
pressão popular que tenha o mínimo de defesa ideológica.
Isso
significa dizer que daqui a seis meses, ao não ter ninguém que ocupe esse
espaço deixado pela extrema-direita, porque outros grupos estão confortáveis no
sofá, muito provavelmente alguém ligado ao bolsonarismo – senão o Bolsonaro -,
será o líder que enfrentará o PT em 2026 porque ninguém se atreveu a tomar o
lugar deles por omissão e/ou medo de ir para as ruas.
Porque
o poder deve ser demostrado, nem que do jeito errado, para que a população
possa entender que aquele grupo que se mostrou forte seja o guardião de uma
massa, seja ela esquerda ou direita.
Portanto, na política, em muitas vezes fazer
errado é mais acertado do que o não fazer. O fazer errado pelo menos mostra a
todos que as ações erráticas são feitas por grupos que existem. Já o não fazer
é não existir.
Caos
controlado não existe. Assim como não existe quem tem medo da opinião pública e,
com isso, se omite em agir.
Quem
apoia o Lula está indo para a rua; quem apoia o Bolsonaro, também. E quem não
quer nem Lula nem Bolsonaro está em casa. Com essas formas de agir, já se sabe
quem fará a polarização em 2026.
Virou até meme.
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