Por: Júlio César Anjos
“Mais
72 horas, patriotas!”, pedia um influenciador criador de vídeo on-line do
submundo da internet, cujo ninguém sabe quem o financia, para os seus
seguidores, indignados com o resultado eleitoral à presidência da república,
que estão na frente dos quarteis exigindo sabe-se lá o quê? É engraçado que o
patriotismo é algo a ser projetado em algo ou alguém. Os longevos ativistas, ou
arrivistas longevos, que ficam na frente do quartel acham que vão mudar alguma
coisa por simplesmente estar... na frente do quartel! Para esse grupo de
pessoas, o patriotismo está nas forças armadas. Mas o patriotismo pode estar em
qualquer lugar e este que vos escreve pode provar.
Lima Barreto, em seu livro: “Triste Fim do
Policarpo Quaresma”, ironizou o patriotismo que o protagonista buscava em sua
vida. Num primeiro momento, Major Quaresma projetou o patriotismo na língua
Tupi Guarani, pois era uma linguagem dos povos originários, querendo expurgar a
língua portuguesa herdada pela monarquia europeia. Foi considerado louco e
internado pelos próprios militares. Depois, projetou patriotismo numa fazenda
que cuidava, pois, segundo ele, o Brasil é a “terra em que tudo dá”, sendo que
foi traído pela realidade, pois, a terra brasileira precisa de fertilizante,
pesticida e até irrigação artificial para haver a produção agrícola [ou seja,
não é uma terra em que tudo dá]. E por fim, projetou o patriotismo em Floriano
Peixoto, em um combate entre os republicanos e monarquistas. Apoiou o
republicano, se decepcionou, tendo o seu triste fim, morrendo enforcado no
final.
A
esquerda também tem o seu patriotismo. Para os vermelhos, o patriotismo é
projetado em odiar os EUA [basta ver que o livro-guia de muitos socialistas é o
compêndio “Veias Abertas da América Latina”], pois teoricamente os ianques não
deixam o Brasil prosperar. A esquerda projeta patriotismo também em petróleo,
no estilo “o petróleo é nosso”, ou a “Petrobras é nossa!”, projetando
patriotismo em piche vagabundo [o petróleo do pré-sal é pesado e ruim para
refinar]. E, por fim, a esquerda projeta patriotismo em “campeões nacionais”,
ao estimular até mesmo por meio de corrupção as empresas brasileiras para que
isso seja algo grandioso para a nação – como a Dilma fez e o desastre em que
culminou o seu governo.
A
Direita projeta o seu patriotismo também em 3 vertentes. Contrariando a
esquerda, a direita é contra comunismo, globalismo e nova ordem mundial, pois,
segundo esse posicionamento político, essas forças externas querem destruir o
país. Projetam patriotismo em Bolsonaro, como se fosse o Floriano dessa época,
cujo sintetiza um patriotismo que beira ao golpismo. E por fim, como já citado
anteriormente, projeta patriotismo no clube militar e na frente dos quarteis,
achando que os militares sejam a expressão máxima do patriotismo em vigor.
Há
também o patriotismo vinculado aos símbolos nacionais, como a bandeira nacional
e o seu hino. Além, também, na questão de desporto, cujo é patriótico orgulhar-se
da seleção brasileira de futebol, a pátria de chuteiras, e as modalidades
esportivas olímpicas diversas. O patriotismo de um só povo, uma só nação.
Já
que o patriotismo é projetar um sentimento de pertencimento coletivo em algo ou
alguém, então este que vos escreve propõe que o povo brasileiro projete o patriotismo
naquilo que o brasileiro seja realmente diferente do restante do mundo.
O brasileiro pode projetar o seu patriotismo
nessas três situações: 1) Império do Sul global. O brasileiro deve ser contra
tanto os EUA, cuja direita defende, quanto a China, cuja esquerda se espelha,
sendo que o Brasil teria uma politica voltada a ser o detentor de poder e virar
império também, ao ser a potência do sul global contra os impérios do norte. 2)
Patriota dos biomas do Brasil e as culturas típicas. Somente o Brasil possui
essa riqueza natural tão diferente e vasta que chega a transportar nas culturas
típicas do país. O nordestino da caatinga do sertão que cria toda a sua culinária
e sua indumentária peculiar; os pampas gaúchos que criam suas roupas e sua
comida de forma singular; o sudestino cosmopolita das grandes metrópoles brasileiras,
nos quais possuem diferenças quanto ao resto do mundo e também do brasil [como
o carioca bom malandro e o paulistano do pingado e do Bauru]. Portanto, os
biomas e as culturas típicas são muito patrióticos por serem especiais. 3)
Miscigenação. Nenhum país do mundo é tão miscigenado quanto o Brasil. E isso
faz o país ser muito diferenciado e rico culturalmente. Deste modo, a miscigenação
é algo muito patriótico também, cujo todo brasileiro deveria se orgulhar.
Portanto,
o patriotismo é uma projeção coletiva de um só povo e uma só nação em algo ou
alguém. Lima Barreto ironizou o patriotismo no começo do século passado com o
seu protagonista Policarpo Quaresma que teve um triste fim por projetar patriotismo
onde não há. A esquerda faz patriotismo em piche vagabundo com o dito “Petrobras
é nossa!” e a direita acha que patriotismo é usar bandeira do Brasil e, como
uma vivandeira desesperada, ficar na frente do quartel pedindo golpe militar. Mas
o verdadeiro patriota projetará o seu patriotismo naquilo que o Brasil é
diferente do mundo: Nos biomas ricos e na cultura típica das suas regiões; ao
buscar ser o país-império do sul global; e por ostentar o título de país mais miscigenado
do mundo! Patriotismo: onde ele está? Está naquilo que torna o Brasil tão
diferente e singular perante os demais. E isso o torna o brasileiro especial e que
tenha ao que se orgulhar.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: