Por: Júlio César Anjos
Faltando
10 dias para a eleição de 2022, a internet debate sobre a cor da pele do Antônio
Carlos Magalhães Neto, conhecido como ACM Neto. Nas eleições passadas a
autodeclaração dele era branca. Nesta, identifica-se como pardo. Muitos
candidatos no Brasil também mudaram a sua autodeclaração de cor. Paulo Martins é
outro que também era branco e que agora virou pardo. Isso acontece porque a
distribuição de verba eleitoral é maior quando se tem nos quadros partidários
negros e pardos, por questão de representatividade. Mas essa regra de vantagem monetária
pela cor tem um aspecto mais profundo do que meramente questão de verba
eleitoral. Isso recai na questão ideológica também.
Antes
de tudo, saiba que ACM Neto e Paulo Martins estão certos agora. Eles nunca
foram brancos e por isso essa correção não é uma questão tão somente utilitária
de busca de maiores verbas para o seu partido; é também uma correção honesta e
verdadeira na autodeclaração de cor de pele. E tudo que é corrigido, mesmo que
tardiamente e por oportunismo, é válido. Eles são pardos. E os pardos são a maioria
no Brasil.
O
fator determinante da cor de pele é o sol. O negro, caso não pegue nenhum sol,
perde vitamina D e pode ter câncer nos ossos. O branco, caso pegue muito sol, pode
ter câncer de pele. Já o miscigenado, caso falte sol, desbota. E caso pegue
muito sol, “pega uma cor”, como diz a gíria daqueles que gostam de se bronzear.
Se colocar um negro exposto ao sol, ele não terá marca de bronzeado. E se
colocar um branco ao sol, ele ficará vermelho e terá queimaduras. É somente o
miscigenado que tem a adaptação para viver tanto com ou sem sol. E a maioria
absoluta da população brasileira é adaptativa ao sol. Portanto, parda.
O problema é que as definições de brancos,
pretos e pardos não estão certas. O correto é definir a pessoa como sendo caucasiana
[branca], afrodescendente [negro] e miscigenado [mestiço]. E dentro do
miscigenado, haver as diferenças entre o cafuzo [negro com amarelo (índio e
asiático)], Mameluco [Branco com Amarelo], e Mulato [Branco com Negro].
Essa
mudança de definição se dá por causa influência dos EUA no Brasil. O estadunidense
define o seu povo no padrão entre negro, branco e hispânico. E como a ampla
maioria da população é de pessoas negras e brancas, essas duas correntes em um
momento segregam tais grupos para “não misturar a cor”. Ou seja, branco casa
com branco e negro casa com negro. E por questão política, esses grupos
convencem o resto [hispânicos, latinos] de que são negros “White skin” ou até
mesmo o absurdo de uma ideia já refutada faz tempo de branco “White melanin”. Ou seja, na cabeça da lógica estadunidense, o
negro White skin é aquele negro que tem pouca melanina. E o branco White Melanin
[que nem existe] é um branco com variação de melanina branca [o que não existe].
Aliás,
nos EUA o maior preconceito vem dos brancos e negros contra os miscigenados. Os
brancos odeiam que outros brancos se relacionem com negros. E os negros odeiam
outros negros que se relacionam com brancos. Dentro do tribalismo de cores de
pele, o filho mestiço é a materialização da desgraça e não do amor entre duas
pessoas com peles diferentes.
Mas
no Brasil o que predomina é o miscigenado. E dentro da miscigenação, o que
predomina é o mulato [negro com branco]. É a maioria da população brasileira.
Por isso que toda essa patacoada de luta de “raças” não faz sentido nenhum
abaixo da linha do Equador.
Além
do mais, os “pardos” são mutantes. Se pegar um miscigenado e escondê-lo do sol,
colocando protetor solar no corpo durante certo período, esse pardo ficará branco.
E se pegar esse mesmo miscigenado e expô-lo ao sol por um bom período de tempo,
esta pessoa ficará negra. É uma adaptação à natureza muito importante no qual não
dá para desconsiderar.
ACM
Neto, Paulo Martins, este que vos escreve, todos são miscigenados. E no Brasil,
pela convenção, considerados pardos. E os pardos são a ampla maioria da
população nacional. São lindos exemplares de mulatos que fazem a política no
Brasil.
Obs: O Alessandro Vieira também é pardo. Aquele cujo quando pega sol fica bronzeado, ao invés de avermelhado, é pardo.
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