Por: Júlio César Anjos
Ao
observar a Argentina com as suas crises intermináveis e ainda assim o povo
estagnado diante as mazelas gerais, é possível dizer que o bipartidarismo
concretizou a democracia de vez. Por meio do voto, o povo exercita o seu falso
poder de decisão e com isso fica acalmado esperando a próxima eleição. E com
isso, a gangorra extremista entre esquerda e direita permanece operando, com
alternância entre populistas, para que a paz reine mesmo em cenário de
desigualdade e caos em serviços básicos essenciais. A observação é importante porque
o Brasil segue os mesmos passos dos argentinos quanto ao cenário político-social
em geral. Já é Argentina no Brasil. Porque o mal na política é ser Isentão.
Já
foi dito aqui neste blog que há um bipartidarismo no Brasil. Esquerda e Direita
viraram partidos abstratos em que para ser competitivo há de obter apoio destes
espectros para disputar eleição presidencial. Mas para gerar essa lógica
perversa de fazer estes posicionamentos imaginários de direção ter força
eleitoral, é preciso usar intelectuais para até mesmo cimentar essa ideia
surreal.
Você
é esquerda, direita ou isentão? Ou seja,
isentão virou categoria política. E não só uma categoria política, como também
algo negativo porque só o que é positivo é o bipartidarismo da polarização
direita versus esquerda. Isentão virou palavrão.
Deste
modo, fica a lição: não é esquerda nem direita? Então você é o mal da
sociedade, é o isentão.
Note
que não existe o centrismo político, tão difundido em alguns países da Europa,
como alternativa. Centrismo, aliás, que é quem coloca a bola no chão, acalma os
ânimos e resolve os problemas de forma técnica e sem muito barulho, como no
caso dos sistemas parlamentaristas implantados em várias nações civilizadas.
O
parlamentarismo é isentão demais. E por isso não podem ser constituídos nos
países subdesenvolvidos abaixo da linha do Equador. É que o presidencialismo
instiga as massas, embora não resolva a situação e o parlamentarista é ser
civilizatório e demasiadamente escandinavo. Para país pobre que não tem mais
solução, a solução é o bipartidarismo que ocorre na eleição presidencial entre esquerda
versus direita. E quem discorda desta regra é o perverso do isentão.
O
bipartidarismo esquerda-direita estimula o bang-bang em Foz do Iguaçu. Eles trocaram
socos e até tiros, mas o problema são os isentões.
Mas
o bipartidarismo esquerda-direita é essencial ao criticar algo que nem mesmo
existe como o tal do “isentão”, para que todos tenham escolhido somente entre esquerda
ou direita, defendam político de estimação e esperem para resolver as questões
gerais da sociedade na próxima eleição.
Essa
próxima eleição que resolverá tudo com um populista virando presidente é que faz
o povo ficar inerte a tudo. Com populistas de esquerda e direita no comando
político, aceitam-se corrupção. Aceitam-se a desigualdade estruturalmente
mantida com auxílios assistenciais para que populistas comprem votos. Mantem-se
todas as coisas como já estão estruturadas, um status quo perfeito, em que a
elite fica cada vez mais rica e os pobres permanecem com a esperança de mudança
na próxima eleição.
Deste modo, as cobranças somem do cenário
político. O povo divide-se na inequidade e quem não aceita a divisão é isentão.
Todos
os países democráticos que possuem o bipartidarismo entre esquerda versus direita
devem manter essas condições gerais porque funciona.
Deste
modo, a Argentina tem a família Kirchner da esquerda no poder. O povo se cansa
e rebela-se. Troca pelo Macri da direita. E aí volta a família Kirchner à
presidência como vice. Desgasta-se novamente. E Volta a direita de novo. E esse
vaivém permanece nos ciclos eleitorais sem que haja uma revolta maior por parte
da população, mesmo ela sofrendo os problemas que vivem diariamente sem haver
resolução.
A
revolta, neste caso, não significa o povo pegar em armas. Mas o simples fato de
não querer o Sistema em curso, cujo cria esquerda versus direita e coloca no
poder populista que não resolve a situação, mas serve perfeitamente para
enganar a população. Porque o povo sentimentalizado e dividido espera a próxima
eleição. E com isso cria-se o crime perfeito.
A
sacada está na falsa esperança da próxima eleição. Agora em 2022 o Lula, mesmo
com todos os crimes, está prestes a voltar ao poder. E se der problema, o povo
troca. Traz o Bolsonaro, mesmo com todos os crimes, de volta ao poder em 2026.
Não
querer Lula nem Bolsonaro, isto é, não ser esquerda nem direita, não é ser
isentão. É simplesmente ter vergonha na cara. Mas ter vergonha na cara é ser
isentão. E ser isentão não dá.
E
aí, você é Esquerda, Direita ou Isentão?
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