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PSDB: Mudança

 

Por: Júlio César Anjos

 

Há dois meses este que vos escreve fez um texto que dizia que o PSDB seria castigado na eleição que se avizinha. Pois saibam que a opinião foi alterada. E é impressionante como dois meses mudam todo o cenário eleitoral ao ponto de fazer o tabuleiro politico modificar de forma geral. Agora, diante os fatos que aconteceram nestes últimos meses, tudo leva a crer que o PSDB terá um bom desempenho na eleição de 2022.

O PSDB terá bom desempenho na eleição de 2022. E isso se dá por causa dos agentes polarizadores que falham sem parar. Lula pelas palavras e Bolsonaro pelas ações. Tais situações fazem com que mesmo que haja uma polarização de REJEIÇÃO no cenário nacional, no aspecto regional o eleitor tomará decisão menos irracional e, com isso, o PSDB entra no páreo somente por ser mais coeso e menos radical.

E o mais engraçado é que se dependesse do próprio PSDB para ter um desempenho eleitoral bom, o partido com certeza seria castigado de vez. Mas como a política também é de natureza comparativa, os adversários dos tucanos serem péssimos, tais medidas fazem a legenda ressuscitar e manter-se com força eleitoral, mesmo nesses tempos sombrios para os tucanos.

Lula e Bolsonaro fazem o PSDB existir como uma boia de salvação. Porque o petista fala sobre aborto, confessa crime, tem ideias desconexas e ainda agride pessoas próximas a ele. E o Bolsonaro age como uma caudilhista, quer dar golpe, administra mal o país e só gera confusão ao invés de buscar conciliação. Ou seja, por exclusão, o PSDB mantém-se competitivo no cenário eleitoral brasileiro por estar alheio à polarização de ladrões. 

Esse otimismo se justifica pelos números das pesquisas. Embora as pesquisas não sejam tão fiáveis quanto se imagina, ao menos elas trazem alguns cenários que dão para analisar com mais exatidão. Três meses atrás, o PSDB não era competitivo em nenhum governo de Estado [Talvez Pernambuco e só]. Agora, o PSDB é competitivo em seis Estados, podendo ganhar em três. E a mudança de vento está tão grande que o Rodrigo Garcia, candidato em São Paulo, conseguiu ir bem ao participar do programa Pânico da Jovem Pan [algo inimaginável dois meses atrás].

Mas aí alguém conclui: “Então o problema era o João Doria”. De modo algum. O problema é concorrer a presidente numa eleição presidencial tóxica.  A própria Simone Tebet não sobe nas pesquisas e já está vendo a sua rejeição aumentar, sendo que ela nada tem de errado para a disputa nacional. Nada desabona a Simone Tebet. Mas o ambiente tóxico na eleição presidencial faz com que nada floresça na politica no âmbito nacional.    

Nos últimos 10 dias, o Lula falou que está certo roubar celular e confessou que tirou sequestrador da cadeia. Aliás, presídio é o maior reduto eleitoral do PT [lá, o PT vence por unanimidade]. E o Bolsonaro queria abrir CPI da Petrobrás, contra o próprio governo, além de estar na berlinda, com medo de abertura de CPI do MEC. Quando se tem uma eleição presidencial nesse nível, não existir na politica nacional faz um grupo politico ser, por obviedade, competitivo nas eleições regionais.

O PSDB fez bem ao sair da disputa presidencial, mesmo isso sendo errado. É errado porque um partido tem que se impor politicamente; mas é certo a fazer porque essa saída faz a legenda ser preservada.  

Com isso, as projeções para o PSDB, após todo mundo ver o show de horrores que é a política brasileira, é de retomada de crescimento do partido. É possível fazer três governadores, mais de 40 deputados federais [a federação com o Cidadania chegará a 55 deputados federais], um ou outro senador e mais de 100 deputados estaduais. Como o Brasil tem mais de 30 partidos e a polarização faz esses players terem forças pontuais, o PSDB fazer esses resultados citados nas projeções, tais números valem a comemoração. Porque o zeitgeist dessa era é uma época péssima para um partido como o PSDB.

 Deste modo, então, o Bruno Araújo acertou ao retirar o PSDB da eleição presidencial? Não por causa da sua acurácia política, mas sim porque os outros grupos políticos são péssimos. A fragilidade dos concorrentes fazem os tucanos competitivos nos pleitos vindouros.

Portanto, dentro do que é possível conquistar nessa era política atual, o PSDB será bem-sucedido na eleição de 2022 porque os adversários dos tucanos erram sem parar. E que continuem errando.  

 

É aquela lógica: “calado, vence”.

 

 


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