Por: Júlio César Anjos
A
questão dos combustíveis está em uma condição surreal. Porém, toda essa troça
só está acontecendo porque o petróleo brasileiro é ruim. Caso fosse um petróleo
leve e fácil de retirar do solo, com as refinarias trabalhando a pleno vapor, o
Brasil teria estoques de barris de petróleo e de combustíveis, o que faria o país
exportar esse produto acabado para o mundo. Não é o que acontece. O problema é
que o petróleo Brasileiro é pesado e difícil de retirar do solo. A commodity
cara para produzir os derivados de petróleo. E isso faz o país não ser
autossuficiente em combustível.
Não
sendo autossuficiente em combustível, o Brasil tem que comprar e vender os
barris de petróleo no mercado internacional, comprando e vendendo barris cotados
em dólar [até porque o mundo compra o piche brasileiro para fazer estradas]. E
como o país está inserido no mercado internacional por necessidade, tem que acatar
as regras do mercado e acompanhar os preços internacionais [que são cotados em
dólar].
A
Petrobras nesse momento está lucrando horrores por exportar o piche para o
exterior. Porque embora o petróleo WTI esteja acima de 100 dólares, o Real
desvalorizado ajuda o país ser competitivo ao conseguir fazer as suas vendas
internacionais.
Porém,
com esse mesmo Real desvalorizado, o Brasil tem que comprar do exterior petróleo
leve para refinar no país ou comprar o produto já refinado, acabado. E nessa
outra ponta, a de importação, é que se pressiona o combustível a encarecer.
Então,
há dois fatores que fazem o combustível no Brasil ser caro antes mesmo de
incidir ICMS: 1) O petróleo brasileiro é pesado e difícil de retirar do solo [o
que encarece o custo de produção]; 2) por não ter autossuficiência em
combustível, tem que importar o produto.
E
aí que vem a malandragem. O Brasil [entenda: Petrobras] gosta de exportar o
petróleo pesado cotado em dólar, mas não quer, embora seja obrigado, importar petróleo
leve e/ou combustível a preço de dólar porque encarece o produto no mercado
doméstico.
Tudo
isso acontece porque a balança está desequilibrada. A Petrobras retira do solo
70% de óleo pesado e 30% óleo leve do pré-sal. Uma fração do petróleo pesado
ainda é exportado para outros países [o que gera lucro para a Petrobras]. A Petrobras
refina o que dá, mas sem perder margem de lucro e as importadoras abastecem o
Brasil com um produto encarecido, por ter que comprar de fora o combustível,
por causa da desvalorização do real.
A
Petrobras fica com o bônus; e todo o restante fica com o ônus do processo.
Além
disso, ainda há o gargalo da distribuição. A distância das refinarias para aas
cidades ficam longínquas. E como a baldeação deste produto se dá por
combustível [caminhão a base de diesel], essa logística encarece ainda mais o
produto.
E
só no fim do processo, quando o combustível está na bomba do posto de gasolina,
só após o cliente comprar o produto é que se incidem impostos, como do ICMS,
nos combustíveis.
Agora,
o leitor já percebeu que o Paulo Guedes não faz nenhum esforço para que a moeda
Real valorize? È porque a elite
fluminense sempre mamou na Petrobras. Se a elite fluminense ri, que se dane o
resto do Brasil.
Deste
modo, então, diante os pressupostos, pode-se até mesmo zerar o percentual de
ICMS no combustível que, mesmo assim, o problema de combustível caro
permanecerá a assombrar a vida dos brasileiros.
Com
essa modificação de congelamento de percentual de ICMS, o governo Bolsonaro
quer somente terceirizar culpa do combustível caro aos prefeitos e
governadores, além de centralizar ainda mais o poder da união perante os
estados federativos. Porque a Petrobras, ao ser controlada pela união, tem
lucros recordes de exportação de piche, enquanto que os Estados da federação
sofrem com perda de arrecadação.
Diante
data condição, a solução é fazer uma espécie de “gatilho” de mudança somente
temporária sobre o congelamento do percentual de ICMS por 3 meses, renovados
por mais 3 meses.
Com
isso, ganha-se tempo para esperar o barril de petróleo cair abaixo de 100 dólares
[e vai cair porque é uma commodity], além de fazer esforços para valorizar a
moeda Real.
E
aí o leitor descobre que o problema não está no ICMS, mas no petróleo do
pré-sal ser ruim [pesado e caro para retirar do solo]. Se o petróleo brasileiro
fosse leve, abundante e fácil de retirar do solo, talvez os problemas fossem
outros, mais voltados a disputas internacionais e até guerras. Ou seja, ninguém
quer o piche brasileiro para combustível.
***
Deixem
que se batam. O certo é fazer a privatização da Petrobras e uma abertura ampla
de concorrência de mercado de combustíveis [retirada do solo, refino,
distribuição] no Brasil. Essa é a solução.
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