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Unicórnio

 

Por: Júlio César Anjos

 

Unicórnio: Candidato político que é conhecido e tem baixa rejeição, mas não consegue transformar essas vantagens em votos. 

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Para saber o que está acontecendo em uma situação geral, é preciso primeiramente gerar questionamento. Depois, fazer observação. E após as duas ocorrências, criar uma análise para conclusão. Na política, é importante notar que há um evento que surge em toda a eleição, sem que haja estudo sobre essa evidência com maior profundidade porque não se percebe tal fenômeno suceder. Trata-se do chamado candidato unicórnio, entidade política que está em todas as eleições presidenciais. 

Um unicórnio todo mundo conhece, pois as pessoas sabem que se trata de um cavalo com chifre. Muita gente acha uma criatura bonita. Porém, este ser não existe porque se trata de um animal mitológico. 

Na política, um candidato unicórnio é aquele politico que é conhecido e não tem rejeição, mas não consegue transformar essas vantagens em votos. 

Exemplos de candidatos unicórnios não faltam na história recente, como, por exemplos, Eymael e Meirelles, cujos satisfazem esta condição. Eymael tinha até um jingle chicletão, cujo todo mundo até cantarolava quando aparecia na TV [Ei, Ei, Eymael, um democrata cristão], ou seja, era conhecido por todo mundo, tinha baixíssima rejeição, mas não conseguia transformar essa força em voto.  Meirelles é outro que até criou o bordão: “chama o Meirelles”, cujo era conhecido e tinha baixa rejeição, que também não conseguiu emplacar na eleição. 

Mas por que, afinal, esses candidatos não emplacam? Pelo simples motivo de que: não inspiram; não contagiam; não possuem substância; não cativam; não dominam os corações e as mentes das pessoas; não possuem ideologias; não criam zeitgeist; não possuem passado glorioso [que não existiu]; não possuem um presente ativo; e não trazem a expectativa de um futuro promissor [e se tentar trazer, soa como falso]. 

Ou seja, estão na política, mas não existem em materialização de voto. 

Na eleição presidencial de 2022, a candidata com potencial para virar unicórnio é a Simone Tebet. Tem baixa rejeição, mas é praticamente traço nas pesquisas. Muitos alegam que ela não emplaca porque é desconhecida. Mas essa afirmação é falsa porque ser conhecido não significa automaticamente ter votação. 

Os analistas políticos, em sua maioria, estão errados quanto à falsa correlação entre baixa rejeição e potencial de voto. Ter baixa rejeição não significa ter voto. Não é uma relação de causa e efeito satisfatória porque ao observar e analisar as ocorrências em outras eleições, o candidato unicórnio mostra que essa lógica está errada. Eymael é a prova disso. 

Um candidato unicórnio pode até conseguir seduzir parceiros para que estejam em sua candidatura. Porém, essa ilusão pode custar caro àqueles que entrarem na barca furada de uma candidatura que não tem rejeição, porém também não tem voto. Todos naufragam juntos diante o feitiço de estar em uma candidatura sem rejeição e sem sucesso eleitoral. 

Diante os casos, uma condição. Quando se fala que um candidato não existe, essa inexistência significa duas situações: 1) não é conhecido; 2) é conhecido, mas não tem substância.

  Um candidato para deixar de ser unicórnio, teria que substituir nas pesquisas eleitorais o: “não conheço”, por: ser conhecido e “poderia votar”, e após gerar a mudança, saltar rapidamente também para o: “voto com certeza”. 

Este fenômeno de saltar rapidamente do “não conheço” para o “voto com certeza”, desde a redemocratização, nunca ocorreu. 

Ou seja, ser desconhecido e, com isso, ter baixa rejeição só significa o que é: o candidato não existe. E se existir, tende a virar unicórnio. 

Portanto, o político ser conhecido e ter baixa rejeição não significa que consiga transformar essas vantagens em voto. Não existe. Por isso que é um Unicórnio.

 

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Já está na hora de começar a cobrar resultado da Simone Tebet. Aliás, já passou da hora.

 


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