Por: Júlio César Anjos
Quando
Ditadores não conseguem dar resultados satisfatórios em seus domínios, a reação
quanto a este insucesso sempre se dá por meio do expansionismo.
***
Carregue
sempre esta lição para a sua vida: “gente feliz não enche o saco”. Ou como
cantarolavam Tião Carreiro e Pardinho: “o que faz sapo pular tem que ser necessidade”.
Para o Putin atacar a Ucrânia é porque tem problema. Mas qual o problema? O
problema de a Rússia ser uma ditadura que não dá resultado, com problemas
graves de pobreza após o fim de uma pandemia, em que não haverá recuperação
imediata nos países ditatoriais como a nação de Putin, fazendo o povo questionar
a ditadura nos países ditatoriais. Prevendo
isto, a ditadura faz do ataque a sua defesa. Putin ataca a Ucrânia para achar
culpados e terceirizar a culpa.
A
ditadura é um pacto social. A elite cassa a democracia do povo e em troca, em
tese, traz resultados positivos econômicos e sociais para dada sociedade em
geral. Deste modo, então, o Estado ditatorial pode fazer o que quiser porque
não possui oposição nenhuma. O que faz, por exemplo, o Reinaldo Azevedo dizer
que na ditadura tudo é permitido, enquanto que na democracia nem tudo pode.
É
que para os ditadores, a democracia é um empecilho, uma coisa chata que impede
o grande triunfo do desenvolvimentismo.
Para
ter um exemplo no Brasil, na época da ditadura militar, pega-se o exemplo da
usina de Itaipu, maior do mundo naquele tempo, que foi construída em tempo
recorde na época. Já pensou se o governo, para fazer este colosso da
engenharia, tivesse que barganhar sobre impacto ambiental, sobre acidentes e
mortes dos trabalhadores, sobre desocupação de ribeirinhos e até mesmo aquela
burocracia para liberar os trabalhos? Certamente, só por causa da burocracia,
antes de começar a fazer a usina um tempo considerável já teria sido perdido. E
como todos sabem, a ditadura tem pressa para mostrar os grandes feitos executados
por sua ditadura.
Para
pequenos ditadores da internet, a democracia é chata. O político que queira
fazer algo grandioso terá que barganhar com ambientalista sobre impacto
ambiental; depois, tem que negociar com sindicalistas sobre questão de
segurança no trabalho, tem a mídia querendo tirar lasquinha sobre a situação, até
mesmo tem que seguir pari passu o que o Ministério Público decidir como regra
do jogo, além de ter oposição jogando contra meramente por ser opositor. Porque
a democracia preza por uma coisa chamada de: “política de bem-estar social”.
Diante
essa cassação de direitos de bem-estar social, a ditadura dá um salvo conduto
para o ditador fazer o que quiser porque, teoricamente, essa flexibilidade traz
resultados positivos tanto pelos aspectos econômicos quantos sociais.
Mas aí a ditadura fica um
longo tempo no poder, envelhece, não oxigena, fica em estagnação, fazendo com
que o poder ditatorial não traga mais resultado nenhum. Esse ponto de inflexão
faz o povo começar a cobrar o stabelichment.
E se
antecipando a essa cobrança para que a ditadura não caia por outra ditadura ou para
a mudança para a democracia, como reação antecipada do ditador surge como solução:
expansionismo. O Motivo para convencer o povo? É preciso ficar maior para
trazer resultados positivos. Então, como um Cesar ou um Hitler, tem que anexar
outros territórios e/ou outros povoados para que esse império consiga trazer
resultados novamente.
A
ditadura, além de cassar direitos individuais, ela tira aquilo que é chamado
por este que vos escreve de: “descompressão” na democracia.
Há
uma compressão [pressão social] natural vinda pelo desgaste de governo. Quando
um político fica muito tempo no poder, há uma saturação natural, e o povo
almeja mudança. A ditadura tira essa mudança porque se o povo pudesse mudar
constantemente o ditador, então não seria ditadura. Essa compressão fica lá,
aumentando a cada dia, até que uma hora ou outra esse estoque de indignação é estourado
na catarse da sociedade como um todo, ao fazer manifestação para derrubar o
ditador, para pedir a democracia, para poder trocar o político, derrubando o sistema
ditatorial e o ditador. Por isso que a Democracia é, na verdade, descompressão.
Na
democracia há a descompressão chamada de eleição. No Brasil, por exemplo, acontecem
eleições a cada 2 anos [eleições municipais e nacionais]. Note que a democracia
também não é algo bonitinho e bonzinho, pois, a descompressão serve justamente
para colocar a culpa sobre não haver resultados positivos, tanto econômicos
quanto sociais, no colo do povo. E qual é a justificativa perfeita? “O povo não
sabe votar.”
A
pandemia do Coronavírus está acabando. Deste modo, não dá mais para colocar a
culpa da falta de resultados positivos no vírus. Passado o problema sanitário,
é chegada a hora de limpar os cacos e reconstruir. Uma reconstrução que não
terá recuperação rápida, como se imagina. E neste momento, quando ditaduras que
já estão no poder faz tempo não possuem muletas de desculpas para se escorar,
além de não obter melhorias para o seu povo em geral, esse mesmo povo começa a
questionar. E vai questionar o sistema como um todo.
Putin
está desesperado porque sabe que pode a qualquer momento capitular. E reage
sendo expansionista, invocando um passado glorioso que nunca existiu do império
czarista, arranjando a desculpa que o problema do resultado não ser positivo
não vem do seu governo/mandato, mas da falta do território que fazia a Rússia
grande na época do Império czarista. E é preciso voltar à condição territorial da
época do império, com o Putin sendo imperador, para a Rússia de volta triunfar.
Agora,
faça uma reflexão. Se ao Rússia volta a ter o tamanho da época da era czarista
ou da União Soviética, a Rússia seria “perfeita” de novo? A resposta é não. E o
motivo é simples. O império czarista dissolveu assim como a união Soviética.
Portanto, Putin faz uma falsa correlação de causa e efeito.
Putin
só está acelerando o seu processo de autodestruição. Nem ucranianos nem russos
o querem no poder. Todo império cai porque o desgaste vem pra todo mundo. E
Putin não seria exceção.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: