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PSDB: Em Busca da Confluência

 

Por: Júlio César Anjos

 

Já dizia o ditado: “Em Casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão”. Toda a briga interna nas prévias do PSDB se dá porque está faltando pão. E o que é esse tal de pão quando se trata de partido? É a falta de protagonismo porque a legenda encolheu, falta de verba financeira porque o financiamento privado foi proibido e disputa interna de força para controle de um partido que ainda – advérbio de tempo transitório – tem relevância. O partido terá que reagir se quiser prosperar. É preciso gerar a confluência. 

Muita gente aponta que o PSDB afundou por causa das prévias envolvendo debates entre Doria, Leite e Virgílio. Ledo engano. É uma falsa relação de causa e efeito. E para saber que isto é uma falsa premissa, basta fazer uma simples pergunta retórica para reflexão: se o PSDB não fizesse as prévias, o partido chegaria a 2 dígitos nas pesquisas eleitorais de forma espontânea? É lógico que não. Porque o Zeitgeist político está longe de ser tucano. 

A disputa entre Doria e Eduardo Leite é uma questão de como o partido irá ao pleito em 2022.  Este quer alugar a legenda para o Sergio Moro, enquanto que aquele quer sugar todo o fundo eleitoral em busca de projeto pessoal de poder. E aqui não importa quem vencerá as prévias porque quem sai derrotado são os tucanos. Porque a única solução possível, que não passa pelas cabeças tanto de Doria quanto de Leite, é que o PSDB tem por obrigação eleger o seu representante nas prévias para que se lance à presidência da república, mas sem sugar todo o parco dinheiro do fundo eleitoral que deve ser canalizado para eleger deputados federais. Ou seja, o vencedor das prévias deveria apenas marcar posição em 2022, ajudar o partido crescer um pouco mais na urna pelo legislativo, para buscar de fato a presidência em 2026. E neste caso nenhuma candidatura quer honrar estes termos. 

A questão do aplicativo é um problema conjuntural. O real problema do PSDB é estrutural, no sentido de que o partido não faz o que é chamado [por mim] de confluência, para gerar o espirito do tempo para que as pessoas comecem a votar nos tucanos. 

Para gerar confluência, nada melhor do que se espelhar nos ensinamentos do marketing. Peter Drucker tem uma frase que explica exatamente a função do marketing. Segue: “Um marketing bem elaborado faz tornar supérfluo o ato da venda”.  Como exemplo, basta ver a lógica da Coca-Cola. Se a pessoa a todo instante vê a Coca-Cola na televisão, no outdoor, no smartphone, ou seja lá onde for, essa pessoa irá direto à gondola do supermercado comprar Coca-Cola. Isso na psicologia chama-se sugestionamento. [eu chamo de: existir] 

Levando o ensinamento do Peter Drucker para a política, a frase seria mais ou menos assim: Ações políticas bem elaboradas tornam supérflua a obtenção de voto. Ou seja, se as pessoas forem fisgadas e começarem a gostar do PSDB, a eleição não passa de uma formalidade porque elas irão votar nos tucanos. 

E aqui surge o problema estrutural. O PSDB tem 1 milhão para torrar em um aplicativo que não funciona, mas não tem 1 milhão para fazer uma TV do PSDB no Youtube. Para critério de exemplo, o PT – Partido dos Trabalhadores – tem um canal chamado TVT – TV dos Trabalhadores. O PT até hoje financia os blogueiros sujos, mídias alternativas, gente na rua pra fazer bagunça e por aí vai. Toda essa confluência faz, no final, o PT ser grande e forte. E no final as pessoas acabam votando no PT, mesmo o partido fazendo o maior escândalo de corrupção do mundo [petrolão] e apoiar ditaduras [como o Lula apoiar o Daniel Ortega, ditador da Nicarágua].    

Com o Bolsonaro acontece a mesma coisa; tem blogueiro sujo, mídia alternativa, além de grupos de pressão dos mais variados. O Bolsonarismo comprou até mesmo a Jovem Pan! Tudo isso para gerar uma sensação artificial que este grupo é maior do que realmente é.

E até os apoiadores do Sergio Moro mineram Twitter [cometem crimes cibernéticos ao inflar bots nas mídias sociais] e fazem aliança com o MBL para ter um grupo de pressão ao seu lado [além de ter o blog sujo chamado O Antagonista ao seu dispor]. 

Já com o PSDB a situação é complicada. O PSDB gasta 30 milhões de fundo partidário por ano ao instituto Teotônio Vilela. Esse instituto não existe. Valores milionários só para manter em pé uma estrutura física, com pessoas contratadas que não fazem nada de real, factível e tangível em prol ao PSDB. Ou seja, é um problema de organização. 

O PSDB deve fazer a confluência. Deve investir em “blogueiros” [figuras de Instagram, tik tok e etc.], em mídias alternativas [sites de notícias que atacam adversários e enaltecem os correligionários tucanos], um canal de youtube que tenha rotina e hora certa em publicações, com programas voltados aos tucanos, e fazer até mesmo mineração de bots em redes sociais por um simples motivo: até os ilibados do Moro fazem isto. 

Diante das constatações, ao menos uma notícia boa: nem tudo está perdido. O PSDB tem vários pontos positivos. É o único partido do Brasil que possui um poema [semente da esperança], única legenda que possui um manifesto enxuto e que ao mesmo tempo tem tudo [isso é uma benção para quem vive da política], tem um mascote ave-símbolo da Amazônia [Tucano] e possui grandes feitos na sua trajetória política [FHC pai do plano real, Doria pai da vacina e José Serra pai dos remédios genéricos e da quebra da patente da AIDS]. O que se deve fazer é a confluência para que esses feitos não fiquem perdidos por não serem valorizados simplesmente porque o partido não existe nas redes sociais. 

Se o PSDB tivesse esta confluência, este zeitgeist – espirito do tempo, até o que atrapalhasse poderia, no fim, ajudar. Neste caso, o aplicativo parar serviria como justificativa de sabotagem para culpar adversários, fazendo todo o povo se sensibilizar com os tucanos por ser vítima, ao ponto do partido crescer diante um erro tecnológico. Como não possui a confluência, o erro só gerou críticas nas mídias tradicionais, sem o partido ter mídia alternativa para se defender. 

Portanto, o partido deve terminar as prévias. Quem vencer tem que ser candidato a presidente que tocará a campanha com um dinheiro contado porque a maior fatia do bolo irá para reeleição de candidatos, para eleger novos candidatos ao legislativo e fazer a confluência [existir nas redes sócias] para que o PSDB chegue em 2026 forte, tendo nas pesquisas 2 dígitos de intenções de votos para presidente. Porque 2 dígitos para presidente não caem do céu.


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Obs: Eu tenho este blog há 12 anos. Nunca recebi um centavo do PSDB. Eu tenho moral pra falar sobre os tucanos.

 

A confluência chega a tal ponto que: quando o fulaninho é chamado de tucano, este mesmo fulaninho retruca: “sou mesmo!”.

   




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