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Ciro Gomes: e o Guido Mantega?

 

Por: Júlio César Anjos

 

É simplesmente maravilhoso esse: “é só fazer”, do Ciro Gomes, cujo este blog já observara em outro texto chamado: ”Cironel Magomes: O Elixir Candango”, pois, basta colocar esse Deus incompreendido na presidência da república que o paraíso reinará sobre a Terra. Outro bordão maravilhoso: “Eu fiz no Ceará, vou fazer no Brasil”. Ceará, como todos sabem, já passou Abu Dhabi em todos os cenários econômicos e sociais. A região tornou-se uma potência brasileira por meio do Ciro Gomes Governador. Ironias à parte, o fato é que a megalomania do sujeito contrasta com os fatos. É pra camisa de força.

Esse doido varrido, pelo menos, tem um bom vocabulário. E trouxe a todos a seguinte expressão refinada: “sicofanta”. Sicofanta significa delator. Como no caso dos irmãos Batistas que entregaram o Cid Gomes, seu irmão, como recebedor de propina e caixa2.

 

No livro: Traidores da Pátria, do grande Cláudio Tognolli, segue a seguinte informação.

 

Abram-se aspas:

Já o ex-governador do Ceará Cid Gomes, irmão do Ciro Gomes, também foi citado como recebedor de propina do grupo J&F. Isso ocorreu em duas oportunidades: 2010 e 2014. Segundo Wesley Batista, a empresa se beneficiava de incentivos fiscais do Governo do Ceará – esta era a contrapartida.

O valor acertado foi de R$ 4,5 milhões, sendo R$ 3,5 milhões em notas frias e o restante em doação oficial.

Wesley Batista afirmou também que [...] houve proposta de pagamento de R$ 110 milhões de créditos à companhia, condicionado ao recebimento dos R$ 20 milhões solicitados para a campanha eleitoral.

Desse montante, foram pagos R$ 9 milhões em troca de notas frias, e o restante por meio de doações oficiais.

Fecham-se aspas.

 

Para um homem como Ciro Gomes, que não rouba nem deixa roubar, fazer vista grossa para o irmão contradiz com as suas convicções. Aí fica a pergunta no ar: se é irmão está permitido e pode roubar?

Deste modo, já observando de antemão, esse é o problema crucial do desenvolvimentismo: um conluio entre empresário e político que se juntam para fazer corrupção.

Veja o mecanismo. O Guido Mantega, em 2013, abriu o caixa do BNDES, com juros baixíssimos e condições de pagamentos a perder de vista, com o [falso] intuito de desenvolver a indústria nacional.

Uma das empresas que receberam esse valor foi a J&F, hoje Friboi. Os irmãos Batistas pegaram esse valor e uma das primeiras coisas que fizeram não foi expandir o pátio fabril, investir em desenvolvimento e tecnologia e fazer prosperar o negócio. A primeira coisa que esses sujeitos fizeram foi comprar o congresso inteiro visando às próximas negociações. Isso inclui a ampla maioria dos parlamentares que estavam na ativa em 2013 e queriam se reeleger em 2014 [tudo isto consta em delações].

Ou seja, os irmãos Batistas podem até ser caipiras, mas burros não são.

Outro fator, pouco debatido no meio econômico, é que os irmãos Batistas pegaram uma fração desse recurso oriundo do BNDES para operar na Selic. Agora, veja como é fácil fazer dinheiro no Brasil se é megaempresário: Os irmãos Batistas pegaram o valor do BNDES tendo que pagar um juro de 4% a.a. A inflação, na época, beirava os 3,5% a.a. E a Selic pagava 11% a.a. Ou seja, só de pegar o dinheiro do BNDES e aplicar na Selic, em um ano, sem fazer nada, esse dinheiro valorizou 3,5% líquido [11% da Selic – 4% do BNDS – 3,5% da inflação = 3,5% de lucro anual líquido].

Ou seja, os Batistas, ao operarem também na Selic [todo empresário opera em vários setores financeiros], ganharam dinheiro na maciota sem fazer esforço algum. Vale ressaltar que os Batistas, na época do Temer, usaram informação privilegiada para operar na bolsa e no Dólar e, com isso, ficarem ainda mais ricos. E há quem ainda acredite em empresário brasileiro. Não é mesmo, Ciro Gomes?

Outro fato curioso é o Eike Batista. O Eike além de operar na Selic como os irmãos Batistas, teve mais privilégio ainda. O Estado ainda comprava as suas sondas, cujo próprio Estado emprestou o dinheiro para o Eike fazer.

Veja como funciona a modalidade: O Eike pega o empréstimo com juros de 4% do BNDES, investe para construir sondas. Quem compra as Sondas é a Petrobras pela União. O Eike Batista, mesmo recebendo juro subsidiado e venda certa para o Estado, ainda assim consegue falir. E advinha quem tenta recuperar a empresa do Eike por ser “muito grande para falir”? Sim, o Estado.

É deboche na cara dura.

O Guido Mantega surge no governo Dilma justamente para romper o ciclo “neoliberal” introduzido pelo FHC e mantido pelo Lula. Diziam eles que o Estado deveria criar campeões nacionais que, ao crescerem com a ajuda do Estado, fariam desenvolver o Brasil junto. O que aconteceu na verdade foi o inverso, tal ação só aumentou GAP da desigualdade entre ricos e pobres, além de gerar a maior crise da história que já se viu no Brasil.

O desenvolvimentismo, principalmente este à brasileira, só faz o Estado gerar tetas para o empresário inútil mamar. Subsídios, empréstimos com juros mais baixos que a inflação, afrouxamento de leis, facilitação de negócios até mesmo para o ramo internacional [a união lastreia o negócio], compra até mesmo da produção desta empresa desenvolvimentista pelo Estado e por aí vai. Tudo isso não fomenta o empresário, só faz o empresário ficar viciado em erário público.

O empresário fica mimado porque não possui risco no seu negócio. E empresário, para ser bom de verdade, precisa superar os riscos.

Ciro Gomes critica tudo e a todos. Até a Dilma. Mas a pergunta fica no ar: E o Guido Mantega?

Ciro Gomes não fala nada do Guido Mantega por um motivo simples: é um exemplo a guiar. E escreveu até um livro quanto a isto. Porque o que o Ciro Gomes quer mesmo é o empresariado consigo. Esse é o verdadeiro poder do conluio entre político e empresário em tenebrosas negociações – como o irmão dele está metido. Isto, no final das contas, é poder.

E aqui fica um conselho: tomem cuidados com os políticos. Em muitas vezes eles querem resolver a vida deles alegando que resolverão a sua. Fingem-se até deuses. E dizem até bordão: “é só fazer”. E no final não fará. Porque é um estelionato eleitoral de antemão.

 

***

 

E para Ciro Gomes, dois avisos:

Ciro Gomes, aqui não é Rodrigo Constantino. Aqui não passa.

Vão fazer uma pesquisa na Abimaq para ver quem é o candidato preferido do setor. A Abimaq está louca pra voltar a mamar.

 

 








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