Por: Júlio César Anjos
Caso o Bolsonaro não se reeleja, o fracasso na urna se dará mais por causa da economia do que na questão sanitária da pandemia. E diante este fato, o ex-presidente em atividade desespera-se em querer “abrir tudo” porque acha, de forma errada, que com isso a economia volta a funcionar. Como há eleição em 2022, é certo que o bolsonarismo se desesperará e irá querer gastar para conseguir manter-se ao poder. E não podendo captar recursos por meio de aumento de arrecadação, o certo é que de uma forma ou outra o atual governo irá, no ano que vem, furar pra valer o teto de gastos. E o teto de gastos, como se sabe, é o pino da granada – está lá para segurar uma explosão. É disso que o texto irá tratar.
O Ministro da Fazenda Henrique Meirelles, num mandato tampão do governo Temer, adotou o teto de gastos como uma medida paliativa, com duração de 10 anos, a fim de conter as bombas fiscais e dar tempo para que o governo/estado pudesse fazer a restruturação. A ideia era o Alckmin ganhar a eleição, tocar austeridade de um lado e de outro a privatização, para, já no curto prazo, poder substituir, de maneira tranquila, o teto de gastos pelo tripé macroeconômico (superávit primário, meta de inflação e câmbio flutuante) – modelo criado no governo Fernando Henrique Cardoso e que funciona de fato. Ou seja, o Alckmin seria o especialista esquadrão antibomba político, que retiraria o pino da granada sem haver explosão fiscal.
Só que no meio do caminho tinha uma zerda; tinha uma zerda no meio do caminho. Bolsonaro fazendo arminha com a mão ganha a eleição e coloca o Paulo Guedes como Ministro da Economia, cujo introduziu o “orçamento base-zero” no programa de governo. Orçamento base-zero serve para multinacionais que abrem e fecham plantas no mundo inteiro e não para países com orçamentos engessados porque possuem despesas carimbadas. Deste modo, esse era o nível do Chicago Boy que estava assumindo o controle econômico do país. Não sabia nada de economia política. E a elite comprou esse embuste como sendo o novo salvador.
Mas pelo menos o Paulo Guedes não derrubou o teto de gastos ainda; embora já tenha feito a pedalada fiscal como o orçamento secreto tratoraço. Todavia, como o Chicago Boy já sinaliza injetar bolsa família mais parruda para comprar reeleição, não há margem para manter o teto de gastos em pé. Ou seja, a partir do ano que vem o teto não vai furar, vai cair de vez.
E como os adversários do Bolsonaro, como os esquerdistas Ciro Gomes e Lula, não são favoráveis ao teto de gastos, pois, realmente isso engessa alguns investimentos públicos no país, o fato é que é certo que em 2023 o Brasil entre naquilo que é chamado de “dominância fiscal”, que é quando não dá mais para aumentar juros para conter a inflação porque ela está descontrolada, tendo que corrigir a dívida pública pelo índice de hiperinflação [alguém escutou a granada estourar? (Bummm)].
Mas parece que o Lula, caso eleito, indicaria novamente o Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda. Só que tem que combinar com a Gleisi Hoffmann, pois, o PT recentemente pediu quebra do teto de gastos para investimento. Ou seja, já na largada há uma contradição gigantesca no Lula e no PT. Estelionato eleitoral está vindo? Há de perguntar para saber.
O Teto de gastos deveria ser o principal assunto a nortear o debate político. Mas parece que o debate público fútil sobressairá e a eleição discutirá sobre as prostitutas do Danilo Gentili como solução de terceira via. Tudo como dantes no quartel de Abrantes. Deste modo, é preciso confessar que o presidencialismo esgotou, não funciona mais, e deve-se instituir o parlamentarismo já.
Portanto, ao remover o pino da granada do teto de gastos o certo é que haverá explosão fiscal. E quando a bomba estourar, aumentando o GAP da desigualdade, o entretenimento trará de novo a música de axé:
Para
dançar isso aqui é (Bomba)
Para
balançar isso aqui é (Bomba)
Para
mexer isso aqui é (Bomba)
E
a mulherada se joga assim, assim, assim, assim
E todo o povo iria dormir tranquilo porque pelo menos estaria feliz.
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