Por: Júlio César Anjos
O modelo tríade do presidencialismo, da federalização e do voto proporcional esgotou. E é por isso que o PSDB deve voltar às origens.
O
PSDB surgiu politicamente para defender principalmente 3 causas políticas
básicas: 1) o parlamentarismo; 2) o municipalismo; 3) voto distrital.
O parlamentarismo é um conceito político em que o poder está no legislativo. Neste sistema, o presidente é o primeiro-ministro que só consegue tomar posse caso consiga ter maioria no congresso para poder governar. Caso não consiga essa maioria, chama-se nova eleição. Esse sistema acaba, por exemplo, com o toma lá dá cá do centrão. Esse sistema acaba também com a fábula da figura do líder condutor presidente que irá sozinho salvar o país [que, como se sabe, isso não existe].
O municipalismo é fazer a descentralização política da federação. É o dito “mais Brasil, menos Brasília” que o Guedes prometeu e não cumpriu. Até porque é no município onde as pessoas moram e não na capital federal, cujo local é afastado de tudo e de todos. Além disso, em critério de dependência, não é a União que sustenta a cidade, é a cidade que sustenta a União. Deste modo, então, o municipalismo deve ser emancipado pela descentralização. [Ao invés de, por exemplo, enviar 10 reais de recursos para a União e só receber 1 real de volta para o município, o Município reterá 10 reais e mandará somente 1 real para a União]
E o voto distrital é uma causa política de grande valia para o cenário nacional porque também faz uma descentralização, pois, o político que queira se candidatar só poderá concorrer em um distrito, o que restringe a capacidade de um político populista roubar votos de todas as regiões da cidade, do estado ou do país [sendo que estará inserido no parlamentarismo]. Acabaria com essa bagunça de voto proporcional em que o puxador de voto elege um monte de gente desconhecida consigo.
Deste modo, o PSDB tem OBRIGAÇÃO de denunciar a tríade – presidencialismo, federalização e voto proporcional – como um modelo esgotado. É um modelo velho, desgastado e que não chegará a lugar nenhum.
É justamente esse modelo ultrapassado de presidencialismo, federalização e voto proporcional que levará o Brasil a polarizar em 2022, fazendo a maioria de o eleitorado brasileiro ter que votar no seu político corrupto de estimação para presidente. Ou seja, a culpa não está no eleitor que faz escolha simples ao votar, mas na estrutura política que permite que canalhas se aproveitem deste sistema adoecido para manipular as massas e perpetuar-se no poder com essas regras políticas apodrecidas.
Para o PSDB é um fardo ter que disputar eleições por meio de uma estrutura de regra político-eleitoral corroída como essa tríade: presidencialismo, federalização e voto proporcional. A regra do jogo é essa e, por enquanto, os tucanos devem se sujeitar a isso. Mas é preciso exibir ao mundo que o PSDB é contra essa estrutura política que acaba com a democracia do Brasil.
Os tucanos devem elevar a causa do parlamentarismo, municipalismo e voto distrital como valores inalienáveis, essa tríade como um princípio e como um fim em si mesmo.
Aliás, um detalhe: uma causa não precisa ser vencida de fato para obter resultados positivos na política. Basta apenas criar o debate e incutir essa ideia em estar defendendo tais ações que somente isso já é considerado um valor moral elevado. E embora não se vença definitivamente ao implantar tais causas, consegue-se a vitória politica porque são causas corretas e que dá muito apoio popular, bandeando esse apoio em logo prazo em voto e o voto em poder – poder até mesmo para acabar com o modelo arcaico em vigor do presidencialismo, federalização e voto proporcional.
Além disso, deve-se incutir a ideia de que já há um plebiscito em curso. Como se houvesse um pleito em que as pessoas tivessem que se decidir diante parlamentarismo x presidencialismo, municipalismo x federalização e voto distrital x voto proporcional. Já dá até mesmo para deslumbrar, no futuro, pessoas indo às ruas pedindo as pautas tucanas como pressão popular.
Há de se fazer uma vivência diária quanto á defesa do parlamentarismo, do municipalismo e do voto distrital. Deve-se criar hashtags com o título: #euvotodistrital; #soumunicipalista; #parlamentarismojá. Também há de inserir nas mídias debates sobre tais assuntos para fazer aqueles que defendem o modelo arcaico [presidencialismo, federalização e voto proporcional] como sparing por estarem preservando ideias ultrapassadas e que perderam o valor por não servir mais. Basta simplesmente o PSDB defender o parlamentarismo, o municipalismo e o voto distrital para fazer bullying contra os adversários políticos.
O PSDB, hoje está muito cartorário e protocolar. Muito pragmático e satisfeito com o status quo. Até porque é compreensível estar satisfeito porque o partido é tradicional, as pessoas confiam na legenda, com políticos ganhadores de eleição e com selo de qualidade no estilo: pode confiar. Características, bem verdade, que foram construídas e conquistadas por causa das boas práticas de governabilidade dos tucanos tanto nas esferas legislativas quanto as executivas desde a redemocratização. Mas é preciso de um algo a mais. E esse algo a mais é defender causas que mesclem tanto a qualidade das pautas por funcionarem de fato bem como a popularidade que essas causas trazem consigo, o que faria o PSDB virar um partido tanto quanto populista como também popular.
Portanto,
o PSDB, desde já, deve defender ferrenhamente o parlamentarismo, o
municipalismo e o voto distrital.
***
O
PSDB daqui pra frente deve responder três questões: O que fomos?; O que somos?;
E o que iremos ser?.
O
que fomos:
O
PSDB, no passado, foi o partido que implantou estabilidade no governo FHC,
tanto econômica pelo controle da inflação quanto pelo social, ao aplicar ações
compensatórias que juntas acabaram virando o conhecido Bolsa Família. Mas isso
é passado porque há estabilidade no país mesmo diante cenário pandêmico e com
um presidente com arroubos totalitários. Então, quanto a isso não há o que se
preocupar.
O
que somos:
O
PSDB, hoje, é o partido que foi no último pleito o mais votado nas eleições
municipais de 2020, o que caracteriza que, mesmo sendo todo santo dia
massacrado, o partido mostra resiliência para continuar como player importante
na política nacional. A legenda não possui um protagonismo igual o que tinha no
passado, muito embora seja protagonista por ser um grupo político que assombra
e ameaça quebrar a polarização populista em voga hoje no país. E esse poder,
como todos sabem, é gigantesco. Os populistas não podem falhar porque podem ser
substituídos pelos tucanos nas próximas eleições. Essa pressão faz com que os
adversários, protagonistas hoje, tenham que sempre acertar [e ter que sempre
acertar, sem nunca poder errar, pode ser considerado uma maldição].
O
que iremos ser:
Deste
modo, quanto ao passado e ao presente as perguntas foram respondidas. Mas
quanto ao futuro, o que o PSDB será? Quanto à questão política, ser pragmático
para aumentar os quadros eleitos tanto nas esferas executivas quanto
legislativas. E na questão ideológica, os tucanos devem voltar às origens: parlamentarismo,
municipalismo e voto distrital.
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